CAPÍTULO 32

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● IARA ●

Papai, e eu temos conversado nos últimos dias sobre o cargo que Elioth assumirá na câmara política. O único problema nisso, é que Elioth não está em lugar algum.

Todas as ligações estão sendo ignoradas, e ele apenas vê as mensagens que eu enviei sem responder.

Eu estou implorando paciência para qualquer criatura que esteja disposta a me dar, mas nessa situação, não está sendo possível.

É para piorar, eu estou tendo que ignorar as ligações de Nikolai. Sim, eu disse que conversaria com ele depois, eu só não disse quando o depois era.

Eu ligo mais uma vez para Elioth, em uma última tentativa.

A linha toca algumas vezes, e quando eu acho que não vai funcionar, ele atende.

— O quê você precisa, querida irmã? Deve ser muito importante, para ligar tantas vezes.

Sua voz parece um pouco embriagada. Ele nem ao menos parece estar perfeitamente consciente.

— Onde você está?

O celular parece passar por uma turbulência, mas então, uma voz feminina atende.

— Olá? Eu acho que você é a irmã dele, certo? Ele não quer ir para casa, então, estamos no estúdio.

— E você, quem é?

— Charlotte. Charlotte Rivera, nós tocamos juntos algumas vezes.
Acho que ele precisa ir para casa, eu estava preocupada, já que ele parecia não ter ido nos últimos dias.

— Diga onde, estou indo.

Elitoh estava decidido a não vir para casa, sabe-se lá Deus por quê.

Normalmente eu não tiraria ele do estúdio, não iria atrás dele. Mas isso já está fora de limite.

●●●

Demora pouco até o estúdio que Charlotte me disse. Não era o dele, mas não era distante.

Sentando em uma cadeira em frente à um prédio, está Elitoh. E ao seu lado, uma garota do cabelo com mechas Azuis sussurando algo em seu ouvido, enquanto faz carinho em seus cabelos.

Jesus, ele parece tão mal.

Meu pobre garotinho de cabelos dourados, e um sorriso fácil, parece estar em um poço tão profundo, há tanto tempo, e mesmo assim, eu não notei.

Saindo do carro, eu atravesso a rua em direção aos dois.
Ao me ver, a garota parece se acalmar um pouco mais.  Ela me ajuda a levá-lo para dentro do carro, e volta para trancar o prédio.

— Posso te dar uma carona, Charlotte?

Um sorriso sutil aparece em seu rosto.

— Não, muito obrigada, apenas cuide dele, posso ir sozinha.

Ela acena em minha direção, enquanto sobe em uma moto preta, e some antes que eu possa perguntar qualquer coisa.

Olho para trás, dando uma avaliada no estado de Elioth. Está pior do que eu imaginava, olheiras escuras, e o cheiro de álcool ainda é perceptível, mesmo que ele esteja um pouco longe.
Suas sobrancelhas franzindas, em o que eu acho que deva ser um pesadelo.

Eu amo meu irmão, e estou plenamente consciente de seu talento, mas se ele estava se deteriorando, e se trancando aqui, para esconder algo, e usando o estúdio como uma desculpa, acabou aqui.

O caminho para casa é silencioso, e meu irmão nem sequer dá sinal de acordar de seu sono.

Quando chegamos à porta da mansão, papai está lá, de roupão, com as mãos nos bolsos, enquanto vê o carro se aproximar.

Seus olhos pousam em Elioth, algo passa por ele. Não decepção, mas acho que o mesmo sentimento que eu senti.

Ele também não percebeu o estado de Elioth.

Deixamos ele em seu quarto, um suspiro finalmente deixa meus lábios.
Papai e eu trocamos um olhar conhecedor. Amanhã seria um longo dia, e um recomeço, esteja meu irmão ciente disso, ou não.

●●●

Os primeiros raios de sol aparecem, e eu já estava na cozinha. Tudo para impedir que Elioth pudesse fugir disso.

Nonna também estava.
Papai tinha atualizado ela da situação, pude ouvir os xingamentos dela em italiano mesmo quando estava no meu quarto.

Quando os cabelos dourados e desgrenhados finalmente aparecem na cozinha, o silêncio se estende.

Ele para, antes de atravessar a porta, e um pouco de surpresa passa pelo seu rosto.

— Sente, tome seu café, e eu quero você no escritório quando acabar.

A voz de papai finalmente aparece na cozinha. Mesmo que baixa, devido ao silêncio, parece que ele está gritando.

— Por que? - É tudo que Elitoh diz

— Papai e eu precisamos conversar com você.

— Jesus, você me liga como se alguém tivesse morrido, e agora me diz que vocês dois precisam conversar comigo, interessante. Mas eu preciso sair, tenho um lugar para ir.

— Não, você não tem. Você vai fazer o que estou pedido, e vai ir aquele escritório, e é o meu único aviso.

A voz de papai contém pura advertência.

O rosto de Elioth está em branco, mas sua mandíbula está travada, se ele apertasse mais, eu temia que ele quebrasse um dente.

O clima na cozinha está tão tenso que poderia ser tocado.

LIVRO 1- Gun's and ThornsOnde histórias criam vida. Descubra agora