CAPÍTULO 69 - FIM

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● IARA ●

Seguro o guarda chuva em uma mão, e os lírios brancos em outra, enquanto caminho pelo cemitério.
Acho que depois de todas as vezes que vim aqui, as almas que cercam o lugar já cansaram de me ver.

Paro em frente aquela lápide.

Milo greco
1995-2023
Amado amigo e irmão.
Para sempre amado.

Coloco os lírios sobre a pedra, tiro uma garrafa de Whisky.
Sirvo dois copos, colocando um sobre a pedra, e bebo o meu. Assim como tenho feito todos os anos desde a morte dele.

— Dei uma olhada na sua irmã, ela tem um filho agora. Um garotinho muito bonito, você adoraria conhecê-lo. Ela está vivendo bem, e o marido é uma boa pessoa. — começo, e tomo um gole de outro copo de Whisky.

— Anna passou na iniciação. Você deveria ver, ela foi incrível naquele ringue. E aqueles olhos, meu Deus, achei que nunca os veria em alguém depois de você. Acho que sei a sensação que você sentiu quando eu passei na minha iniciação. Orgulho. —  Ainda estamos debatendo se ela pode ir à uma festa sozinha depois do aniversário dela. Mas fora isso, as coisas estão boas. — Eu murmuro baixo demais.

— Eu ainda compro um novo Whisky do que você me deu sempre que acaba.
Acho que ainda tenho muita raiva de você, ou saudade. Nunca a diferença.
Veja a situação agora, eu continuo vindo no seu túmulo, e conversando por horas, mesmo que seja a única a falar, porquê sou incapaz de te odiar completamente. Ainda sinto sua falta.

Cubro minha boca com a mão, me impedindo de produzir um som doloroso enquanto falo.

— Venho aqui com mais frequência do que nescesario, porquê gosto de fingir que estou conversando com você, e que você não partiu. E depois, eu volto para casa, com aroma de Whisky, e tenho que fingir que não é aqui que eu venho. Porquê só posso fazer isso quando ninguém mais sabe.
Você fez um grande show de merda quando foi embora. Alguns acham que você vai fazer juz a sua fama, e realmente virar um fantasma com facas. Eu achei que nunca poderia deixar ir, e é a verdade. Mas chegou a hora de parar, Milo, preciso te deixar ir.

—  Quando Anna lutou com aquele garoto no ringue, eu me perguntei o que tinha acontecido. E depois eu descobri que foi porquê o garoto tinha insultado te chamando de traidor.
É uma pena que foi assim que você ficou conhecido. Mas ela odeia cada um que diz isso sobre você.
E as vezes, eu olho para ela, e me sinto fraca, porquê minha garotinha tem coragem de te proteger, e eu não posso fazer isso abertamente.

— Acho que chegou o momento em que eu paro de atormentar a sua alma. Você está aqui? Porquê se estiver, já pode ir embora. Vá descansar, eu vou ficar bem. Eu estou bem, vou proteger sua irmã, e seu sobrinho. E vou parar de comprar o mesmo Whisky que você me deu.
Estou permitindo que vá embora.
Você foi o melhor amigo que eu poderia pedir, e acho que nunca te disse isso, sinto muito que seja tarde demais. Você foi meu irmão, depois de Elioth, e antes de Thomas. Salvou minha vida diversas vezes, e se manteve ao meu lado até o último momento, mesmo naquele em que eu te chamei de traidor.

Pego o copo de Whisky da pedra, e tomo em um gole.

— Vá embora, velho amigo. Deixe sua alma ir com a flores de cerejeira que você gostava. Te vejo no inferno, Milo, porquê tenho certeza que é para onde vai, tente não matar Satanás com suas "facas de espírito".

Me dispenso, e as gostas de chuva cessam, enquanto eu caminho para o carro.

Fim. Por enquanto...

LIVRO 1- Gun's and ThornsOnde histórias criam vida. Descubra agora