CAPÍTULO 24

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POV EMILLY

– Emilly? – Aquela voz tão conhecida por mim ecoa as minhas costas. Não, por favor. Agora não. – Emilly eu só quero conversar

Droga!

Eu não posso conversar agora, não tenho tempo. Cada segundo é precioso, decisivo. O plano era vim pra casa, pegar algumas roupas, coisas pessoais e ir embora. Ninguém nem saberia que estive aqui, exceto duas pessoas...

– Como entrou no prédio?. – Destranco minha porta. Olho para o corredor onde ela está.

Você não merece isso, Brenda. Eu não mereço você, por favor, vá embora. Desvio meu olhar do seu, entro em meu apartamento deixando a porta aberta.

– A Beah me emprestou as Chaves. – Sabia que tinha sido ela, apenas ela e o Thiago sabiam que eu viria pra casa hoje. – Ela disse que você só iria passar e que por isso eu deveria ser rápida. – Posso ouvir seus passos rápidos vindo em minha direção. – Eu só quero entender o que está acontecendo. – A escuto suspirar assim que entramos em meu quarto. – Quero entender o que aconteceu para você ir embora daquele jeito.

Eu não vou conseguir lhe olhar, não vou conseguir virar e lhe encarar. Eu não posso fazer isso, hoje não. A tanta coisa para se fazer, se resolver, organizar. Está tudo um caos.

De novo!

– Não aconteceu nada Brenda.

Tento manter a calma, tento controlar minha respiração ou eu vou desabar sobre ela mais uma vez. É sempre assim, ela aparece e eu simplesmente desabo.

– Então por que foi embora? Por que não se despediu de mim pelo menos? – Ela para, e posso sentir seu corpo atrás de mim.

– Não deu tempo. – Saio do seu alcance antes que ela me toque.

– Não deu tempo? – Sua voz se eleva um pouco. Seu alto controle está prestes a ir pelos ares. – Era só ter deixado um bilhete dizendo que iria embora. Um adeus que fosse, não precisava se explicar, não precisava me dizer o porque.

– Brenda por fa... – Finalmente me volto pra ela. Não gosto do que vejo. Seus olhos estão vermelhos, denunciando que ela vai chorar a qualquer momento, denunciando que ela já chorou muito, principalmente antes de chegar aqui. As olheiras profundas mostram que ela não tem dormido direito. – Brenda... – Dou um passo em sua direção, mas paro quando vejo uma lágrima escorrer pelo seu rosto.

O que eu fiz com ela? Meu Deus, eu quem sou um monstro.

– Foi por causa do Lucas? Foi por isso que foi embora? Você ficou com medo que ele fizesse alguma coisa com a gente de novo e foi embora antes que algo acontecesse? – Lágrimas começam a rolar pelo rosto. – A gente poderia ir embora se você preferisse, nos mudamos para outro lugar. Arrumamos outros trabalhos, qualquer coisa para ficarmos longe dele, mas você não precisava ter me abandonado sozinha, Emilly. A gente ia dar um jeito, a gente ia arrumar uma solução juntas.

Ela passa as mãos pelos cabelos e se vira tentando esconder seu choro. Mas não adianta.

– Não foi por causa dele. – Minha voz embarga.

– Então por que foi? – Ela se vira novamente pra mim tentando enxugar algumas Lágrimas. – Droga, Emilly... Só me fala o que está acontecendo. Para de fugir.

– Eu não estou fugindo.

– Então o que? O que você está fazendo? – Ela grita, mas eu não tenho medo. Não recuo. Ela precisa disso. – Por que você sempre me afasta? Por que você sempre foge? Por que tem que ser tudo do seu jeito? – ela começa a andar de um lado para o outro. – Eu só quero estar do seu lado, eu sempre quiz. Mas você nunca deixa, você tenta me proteger, você diz que não quer me machucar. Mas essa sua distância, duas atitudes acabam comigo.

Fecho meus olhos, eu preciso ouvir a verdade, sua verdade. Tudo que ela vem sentindo e tudo que ela sentiu durante todos esses anos.

– Eu precisava resolver algumas pendências. – Meu queixo treme ao lembrar o real motivo da minha partida.

– Pendências?. – Assinto. – Que pendências?

– Você não merece isso, Brenda. Por que não consegue entender. Minha vida é uma bagunça, e toda vez que você aparece eu transformo a sua vida em uma bagunça também. Eu não posso ficar com você agora, não enquanto eu não organizar tudo, enquanto tudo não estiver em seu devido lugar.

– Me manda ir embora então. – Franzo as sobrancelhas. – Me manda ir embora e eu vou. Me fala que não me quer na sua vida, que não me quer do seu lado e eu juro que nunca mais procuro você.

– Por favor...

O choro vem, doloroso, sofrido, ardendo em minha garganta. Eu não posso fazer isso, não quero que vá, eu preciso dela, preciso dessa mulher tanto quanto preciso do ar que respiro, se perde-la dessa vez eu nunca mais a terei.

– Fala pra ela Emilly. – Brenda e eu olhamos para a porta onde a Beatriz está parada nos olhando. – Fala pra ela o que está acontecendo. Você não pode machucar mais ela, e eu não vou permitir que você faça isso com você e com ela de novo. – Nego com a cabeça, ela não pode fazer isso comigo. – Se você não falar eu falo, você não tem o direito de fazer isso com vocês duas novamente. Você não pode tomar decisões por duas pessoas. Ela tem o direito de saber e decidir se quer ou não ficar do seu lado agora.

– Beah, não se mete.

– Fala pra ela. – Seu olhar é firme, não é um pedido, é uma ordem.

– Me deixa organizar tudo primeiro. – Brenda olha de mim para Beatriz, mais perdida que tudo.

– Fala agora pra ela.

– Minha mãe está morrendo. Okay?. – O quarto fica em silêncio. Sento em minha cama. O único som que escutamos é o do meu choro. – Minha mãe tem poucos dias de vida, meu pai me ligou naquela noite. – Olho para Brenda que me observa. – Ele me pediu para ir até onde ela está internada, ela queria me ver, ela só queria se despedir. – Meus ombros balançam com tanta força que sinto minhas costas arderem.   

A irmã do meu namorado. ( 2° temporada )Onde histórias criam vida. Descubra agora