CAPÍTULO 20

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Entro pela droga da porta como um raio. Ninguém podia ter escondido isso de mim, eles não podiam. E se eu esbarrasse nele na rua? Ou pior, e se ele me procurasse? Nenhum deles pensaram nisso?

Encontro Brenda na sala, sentada no sofá. Suas pernas estão estiradas e seu notebook está sobre seu colo. Ela morde o interior da boca enquanto analisa algo atentamente no aparelho.

- Quando você iria me contar?. - Esbravejo adentrando o cômodo. Ela da um salto com a chegada repentina, seus olhos estão arregalados. - Se é que iria me contar, não é mesmo?

- Do que está falando?. - Seu tom é cauteloso.

Caminho de um lado para o outro, minha respiração está acelerada, sinto que vou chorar a qualquer segundo. Minha mente não para. Imagino um milhão de possibilidades.

Posso abrir uma clínica em outro estado, mudar de nome talvez. Posso mudar novamente de número, posso até ir para fora do país, farei o que for possível e o impossível para não ter que vê-lo novamente.

- Emilly? - Brenda me arranca dos meus devaneios. Olho para ela, ou pelo menos tento, tudo começa a ficar embaçado.

- Todo mundo sabia, Brenda. Todo mundo, menos eu. Vocês não imaginaram que eu iria querer saber disso?. - seu rosto se contrai em mais confusão. - Não se faça de desentendida, o Jonathas sabia, então obviamente você também.

- Do que eu sabia? Por favor se acalma e me fala do que você está falando? - Ela coloca o notebook com calma no sofá sem tirar os olhos de mim. As vezes tenho a impressão que ela fica me observando com medo que a qualquer segundo eu vá sumir. Ela vai piscar os olhos e eu terei evaporado como fumaça.

- O... - Engulo seco. Paro um segundo e respiro o mais profundamente possível. - O Lucas está em liberdade!? - As palavras soam mais como uma pergunta do que como uma afirmação.

Preciso que ela me diga que não é verdade, que é mentira, que a Beah realmente se enganou. Poderia não ser ele na rua, poderia ser qualquer pessoa, qualquer estranho, qualquer outro cara que parecesse com ele. Mas não ele.

Me agarro com todas as minhas forças a essa possibilidade, por que é uma possibilidade. Tem que ser.

Não é possível que tenham permitido que aquele monstro ande por aí, ninguém vê que ele é um perigo para todos ao seu redor, que ele é um perigo para a integridade de qualquer ser humano que ultrapasse seu caminho. Que ele é um perigo para mim!

Um perigo para a Brenda!

Isso me vem a mente em um lampejo, foda-se se ele vier atrás de mim. Mas eu o mataria se ele fosse atrás da Brenda ou ousasse fazer qualquer coisa contra ela. Não sou mais aquela garota medrosa de antes, me tornei uma mulher forte que sabe se defender muito bem.

- Eu já sabia. - Quando me dou conta Brenda está a três passos de distância de mim. - Eu fiquei sabendo um pouco antes de vir para cá. - Sua voz é calma, como se não quisesse me assustar. - Eu sinto muito...

- Sente muito? - Ela para de falar, quase grito para interrompe-la. - Aquele desgraçado está solto, andando por aí como se nada tivesse acontecido, Brenda. - Ela da mais um passo. - Por que eu fui a última a saber? Por que ninguém me contou antes?

- Nós não queríamos que você tivesse essa reação, estávamos... - Sua respiração já não está tão controlada como antes. - Eu estava... Eu estava esperando o momento certo para te falar.

- Momento certo? E quando seria esse "momento certo?" - Faço aspas com meus dedos. Ela não pode estar falando sério. Realmente não pode. - Você sabe melhor do que ninguém tudo que ele me fez, Brenda. - Meus olhos marejam. Ela da mais um passo ficando a minha frente, uma de suas mãos vai até meu braço onde ela toca e desliza seu polegar. - Você não pode imaginar os danos que ele me deixou. - Uma lágrima escorre e isso é o suficiente para ela cortar o pouco espaço que ainda tinha entre a gente e me abraçar.

- Eu sei, eu sei. - Seus braços me apertam de forma protetora. Ela deposita um beijo na minha temporada permanecendo por alguns segundos ali. - Ou pelo menos posso imaginar. Eu realmente sinto muito, eu fiquei sabendo um pouco antes de vir pra cá. Na verdade é por isso que estou aqui, Emilly.

Escuro seu coração bater tão rápido quanto o meu. Também está sendo difícil para ela, não era algo que esperávamos, pelo menos não agora, não em apenas cinco anos.

– Eu preciso ficar um pouco sozinha. – Mesmo contra sua vontade afasto seu corpo do meu. – Preciso pensar no que vou fazer.

Ela não diz nada, apenas me deixa ir. Subo as escadas indo direto para meu quarto, me jogo em minha casa olhando para o teto branco. Eu só queria que todo aquele inferno acabasse, mas o inferno está a souta por aí, louco para me consumir.

Me aninho em meus lençóis, puxando o edredom até a altura do meu pescoço. O lugar mais seguro que tenho no momento é este, queria ficar o resto da minha vida se fosse possível.

A porta do quarto se abre, fecho os olhos na tentativa falha de ela achar que estou dormindo, e ir embora. Mas ela não vai, ao invés disso a porta se fecha, escuto paços, a caminha baixa e o lençol é levantado. Brenda se acomoda atrás de mim, sinto sua respiração na minha nuca, seu braço rodeia minha cintura me puxando para mais perto de si.

– Eu quero ficar sozinha. – Surro. Mas não é verdade, eu não quero. Quero que ela fique comigo.

– Eu não vou deixar você sozinha. – Ela me puxa mais para perto, dessa me acomodo melhor a ela. – Você não está sozinha, Emilly. Ninguém vai fazer mal algum a você.

– Você não tem como saber.

– Eu sei, e prometo que ele nunca mais irá encostar um dedo em você.

– Como pode garantir isso?

– Temos uma ordem judicial. Ele não pode se aproximar de você, se fizer isso irá voltar para a clínica novamente e um novo julgamento ocorrerar.

Pera! Clínica? Como assim clínica?

Me viro totalmente para ela, só então ela se dá conta do que acabou de falar.

– Ele estava em uma clínica? – Meu semblante é de total confusão.

– Emilly, eu achei...

A irmã do meu namorado. ( 2° temporada )Onde histórias criam vida. Descubra agora