CAPÍTULO 6

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POV LUCAS.

A coisas andam um pouco estranhas desde que voltei para casa. Quero dizer, mais estranhas. 

Faz uma semana que cheguei e nesse tempo mal sai do meu quarto. Continuo lendo o livro que minha mãe deu, ele tem me ajudado a passar o tempo da melhor forma possível. Minha mãe disse que por ordem médica ainda não posso ter acesso a celular ou computador.

Meu pai não jantou comigo no dia que cheguei, na verdade nem o vi em todos esses dias. É como se ele me evitasse, minha mãe fala que ele está trabalhando de mais, mas eu sei que não é isso. Quando acordo ele já tem saído e com o efeito das medições eu sempre durmo antes dele chegar.

Tudo isso já está me deixando louco. Eu preciso sair, e por mais que minha mãe diga que não, eu não sou mais uma criança e ela não pode me proibir.

Fecho meu livro o colocando encima da minha mesa de cabeceira. Troco de roupa tirando o moletom e visto uma roupa mais esportiva.

Desço as escadas o mais silenciosamente possível para não ser notado, mas falho miseravelmente.

– Onde você pensa que vai? . – Me viro vendo minha mãe parada com os braços cruzados.

– Eu preciso sair um pouco, tomar um ar.

– Já falamos sobre isso Lucas, você não pode sair.

– Você não deveria estar trabalhando?. – Pergunto ao me dar conta que ela não foi ao trabalho a semana inteira.

– Tirei uns dias para descansar. – Para me vigiar, corrijo mentalmente. – Mas não mude de assunto.

– Eu realmente só preciso tomar um ar, caminhar um pouco. Vou acabar vegetando naquele quarto. – Ela suspira. – Juro que não vou demorar, só vou dar a volta no quarteirão e volto.

– Eu não deveria permitir isso, Lucas. – Olho esperançoso para ela. – Se você não voltar em uma hora eu mesma vou te buscar e você não vai gostar disso.

Vou até ela e a abraço, ela me aperta em seus braços, então beijo sua bochecha e saio porta a fora.

O dia está bom para caminhada, o céu tem algumas nuvens deixando o sol mais fraco.

A princípio começo apenas caminhando pela rua.

Não mudou nada.

A vizinhança parece ser a mesma, as fachadas são as mesmas. Algumas foram pintadas e tem um aspecto de novas.

Começo a correr sem saber ao certo para onde vou, eu só quero sentir o ar fresco e um pouco de liberdade.

Diminuo meus passos quando sinto meu peito arder implorando por ar. Deveria ter trazido uma garrafa com água.

Quando me levanto ficando em postura inspiro uma boa quantidade de ar. Mas algo chama minha atenção, olho para os dois lados da rua reconhecendo o lugar. Meus olhos vão para uma casa específica a minha frente.

É a casa da Emilly.

Meu primeiro impulso é ir embora, minha mãe disse que não posso ver a Emilly e eu prometi que não iria ver ela. Mas algo me prende no lugar, meus pés parecem ter ganhado raízes.

Derrepente a porta se abre e eu torço com todas as forças que seja ela. Minha mãe não precisa saber que vim até aqui, mesmo não sabendo como vim parar aqui. Mas não é ela, uma senhora de meia idade aparece na porta com um menino que aparenta ter seus quatro anos.

Será que eles são família da Emilly?

Vou até os dois assim que a senhora fecha a porta.

– Com licença? – A senhora me olha franzindo a testa.

– Posso ajudar?. – Ela não deve me conhecer, afinal a Emilly nunca me apresentou a nenhum familiar seu.

– A Emilly está?. – Ela me olha com uma cara confusa. – Meu nome é Lucas, sou namorado dela.

– Acho que você confundiu a casa, não mora nenhuma Emilly aqui.

– Como não? Essa é a casa dela, tenho certeza que é. – Meu coração começa a bater mais forte.

– Você deve estar falando da moça bonita e gentil que me vendeu o imóvel a quase quatro anos.

Sinto meus pulmões pararem, não consigo respirar. As coisas ao meu redor giram e sinto que vou vomitar, mas não vômito.

– Você está se sentindo bem? Está muito pálido. – A senhora fala gentilmente com tom de preocupação.

– Não, eu estou bem. 

Começo a me afastar ainda sentindo minha cabeça girar. Quando me dou conta estou correndo. Não sei para onde, só corro.

A fala da senhora ainda martela minha cabeça. Ela vendeu o imóvel. Como assim? Para onde ela foi? E por que não me falou nada?

Tudo está errado, as coisas estão erradas. É como se as pessoas tivessem simplesmente sumido ou mudado de vida.

A uma semana não vejo meu pai, não vejo minha irmã e não vejo minha namorada. O quarto da Brenda está lá, exatamente como antes, mas ela não mora mais com a gente. Comprou um apartamento e se mudou. Emilly vendeu a casa e se mudou. Todos foram embora, mas por que?

Eu sei que está faltando alguma coisa, tem alguma coisa que eu deveria lembrar ou saber. Mas eu não lembro e não sei o que é.

Sento no banco de uma praça qualquer para tomar fôlego novamente. Olho meu relógio e vejo que já faz mais de uma hora e meia que saí.

Levando voltando a caminhar com mais calma. Uma moça me chama atenção, eu sei quem ela é do outro lado, ela caminha a passos apressados.

Beatriz!

 Ela é a melhor amiga da Emilly, vai poder me ajudar. Dou dois passos e isso é o suficiente para ela me notar, seu rosto muda de um sorriso leve para uma cara de espanto, quase medo. Não entendo o porque, mas paro de andar. Tem uma moça com ela, e eu também a conheço.

Emilly!

Claro que é ela, conheceria aquela silhueta em qualquer lugar, aqueles cabelos então... Tento ir até ela o mais rápido possível, mas minha cabeça dói. Levo a mão a cabeça apertando o lugar com força.

Meus olhos ardem de raiva. Encaro as duas pessoas a minha frente. Nada nem ninguém pode me impedir. Elas me enganaram e vão pagar muito caro por isso.

- Lucas? O que você vai fazer? - Brenda está na frente da Emilly para protegê-la. Mas não vai adiantar. - Abaixa essa arma, vai ser melhor. – Melhor? Para quem? Eu já não tenho mais nada a perder.

- Eu tinha outros planos para nós, mas acho que não temos tanto tempo assim, não é?. Então vamos resolver isso de uma vez por todas. - Eu escutava as viaturas, o tempo estava se esgotando. – Adeus para vocês. – Essas são minhas últimas palavras antes de destravar a arma e apertar o gatilho.

Sinto lágrimas nos meus olhos. Aquele maldito pesadelo agora está me assombrando durante os dias também?

Olho para onde a Emilly estava e elas não estão mais lá. Olho todo o lugar na esperança de ver elas novamente, mas é em vão. Então volto o mais rápido possível para casa.

Assim que entro em casa minha mãe vem ao meu encontro.

– Onde você estava? Sabe quanto tempo faz que saiu? Estava quase ficando louca. – Ela fala tudo de uma vez, mas para ao olhar para mim.

– Por favor. – Soluço. – Eu preciso saber de tudo que está acontecendo. Preciso saber de tudo o que aconteceu, mãe.

A irmã do meu namorado. ( 2° temporada )Onde histórias criam vida. Descubra agora