deux mille dix-huit

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"eu só consigo pensar que um pedaço de mim
ainda está contigo.
não sei onde, com quem, em quais bocas.
como tenho entrado em outros corpos através de você, visto outros filmes, bebido outros sons, provado do ácido que é existir.
não sei o que você tem feito comigo aí dentro.
eu pergunto:
cabeça
pele
presença?
o que você tem feito comigo aí dentro da sua
pra onde vou quando você fecha os olhos e pede a deus que me retire da sua vida?"
– TCD



May
(Read this part listening, TV-Billie Eilish)

Era minha formatura, eu me lembro de ansiar desde pequena com a minha formatura, eu sempre gostei de pensar em me formar e pode ser livre, agora? Eu só quero me formar e fugir o mais rápido dessa prisão, que claro, tem um nome bonito e muita gente rica, mas é uma prisão.

Uma das minhas memórias sobre formaturas era sobre Arthur falando que me levaria a todos nossos bailes de formatura, isso se perdeu no meio de todas as outras memórias feitas ao lindo de 16 anos. Lembrar disso, me faz lembrar de todos os planos que nós fizemos.

Falando em Arthur, agora ele corria de Fórmula 4, eu estava orgulhosa dele, sempre soube que ele voltaria a correr, ele só tinha que esperar.

A colação de grau tinha sido a algumas horas, agora era o tão esperado baile de formatura, eu confesso que não viria aqui hoje, mas mamãe me convenceu a vir, mesmo que tenha sido contra minha completa vontade.

Eu evitava ao máximo Arthur com o jeito arrogante dele de ser e toda o egocentrismo, ano passado foi pior evitá-lo, ficávamos 6 meses fazendo as mesmas matérias, ele pegava as mesmas matérias que eu quando namorávamos e tive que conviver com ele por todo esse tempo.

Quando eu terminei com o idiota, eu fiquei desolada, é claro eu não o esqueci, não sei nem como conseguiria esse feito, Arthur faz parte das minhas piores e melhores memórias. Qualquer lembrança que eu tenho da minha infância? Arthur está junto, é inevitável.

Depois que Arthur Leclerc saiu da minha vida, era como se eu tivesse sofrido um acidente e tivesse que reaprender a andar, eu tive que reaprender tantas coisas.

Eu estava sentada em um sofazinho na formatura, eu não falava com ninguém da escola, eu mal falo com alguém além da minha mãe, tia Pascale, Lorenzo e Charles.

Eu sei que Charles senta do meu lado pelo cheiro do perfume dele, ele pega o copo que estava na minha mão, tinha um pouco de álcool na bebida, mas não o bastante para conseguir me deixar bebada.

– Álcool? – Charles levanta uma das sobrancelhas depois de me entregar o copo de volta. Charles veio na festa junto com alguns amigos dele que tem irmãos se formando também.

– Isso está tão fraco que até uma criança pode beber, e esse baile está um saco. Porque tudo aqui é tão chato? – Charles ri do meu lado, é claro que ele discordava, ele amava esse país idiota.

– Você realmente vai para o Reino Unido? – Sinto que ele me perguntou isso umas 100 vezes desde que contei sobre minha faculdade para ele.

– Vou Charles, você pode me visitar. Eu não aguento mais ficar aqui. – Ele dá um sorrisinho triste para o que eu falo, ele nunca iria me prender aqui ou coisa do tipo, mas eu sei que ele ama essa cidade. – Eu posso ir na sua corrida em julho, assim você mata minha saudade.

– Que bom que você não vai me abandonar depois de ir para cidade grande. – Ele fala como se morássemos em um interior.

– Você sabe que eu posso voltar sempre que eu quiser para cá né.

Forever & Always | Arthur Leclerc Onde histórias criam vida. Descubra agora