deux mille vingt et un

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"vou te levar comigo numa bagagem que ninguém rouba.
que aeroporto nenhum extravia. que mundo nenhum me toma:
minha lembrança mais humana e completa de você"
–TCD

July of 2021

Eu sei o que sentia, eu não tinha mais depressão, eu não vou falar que esqueci Arthur Leclerc, porque eu não esqueci, eu só aprendi a viver com a saudade ou coisa do tipo.

Falando em Leclerc, eu aceitei sair com Charles, depois de dois anos que não falava com ele, eu tive meus motivos para não falar mais com ele.

Estava um pouco atrasada para o almoço que tinha marcado com Charles, eu tive que pegar um negócio do outro lado da cidade para minha mãe e o trânsito de Londres não ajuda em nada.

– Desculpa o atraso, o trânsito aqui é terrível. – Eu sento na mesma na frente dele.

– Não tem problema, cheguei a pouco tempo também. – Eu pego o cardápio e começo a passar as páginas vendo algo alcoólico que eu posso beber quarta feira. – Você quer ir na corrida esse final de semana?

– Seu irmão vai?

– Ele vai correr.

– Eu não posso. Me chama para alguma corrida que nem seu irmão ou sua namorada vão, aí eu vou. – Eu mecho no meu cabelo, que estava loiro novamente, e já tinha voltado para quase o mesmo comprimento.

– Você está bem? – Charles me pergunta, ele me olhava de uma forma estranha.

– Dá para se dizer que sim. – Eu estava bem, depois de tentar suicidio, ficar internada em casa e ter tratamento necessário depois de 2 anos sofrendo de depressão, eu estava bem?

– Sua mãe e Lorenzo contaram sobre os problemas que passou aqui no ano passado, tem certeza que está bem? – Faço sim com a cabeça para a pergunta dele.

Eu estava bem, pelo o menos não estava igual em 2019 ou no ano passado, eu chorava as vezes pensando como seria ter ele do meu lado nos meus momentos mais difíceis, ou chorar depois de sonhar com uma irrealidade. Mas eu estava consideravelmente bem.

Uma garçonete vem pegar nosso pedidos, eu peço uma massa e charles alguma comida que não presto muita atenção, peço vodka com suco de cranberry.

– Ainda não parou de beber para ver se seus problemas acabam?

– Meu problemas diminuíram, álcool é bom as vezes. – Sorrio fraco para ele. Meu celular apita em cima da mesa, reviro os olhos a ver que era Andrew, meu namorado, que eu não consigo sentir nenhum tipo de afeto mas que é completamente ciumento comigo.

Andrew: Onde você está???? Te liguei e não atendeu.

Eu: Saindo com um amigo de infância, ele vai correr aqui esse final de semana.

Andrew: Está me traindo????????

Eu: Ele namora e eu namoro, para de ser idiota, ele é tipo meu irmão. Depois falo com você.

Andrew: Ta.

– Desculpa, era meu namorado enchendo o saco. – Pela cara que Charles fez, ele não sabe que eu estou namorando.

– Você está namorando? – Faço que sim com a cabeça.

– Ele é legalzinho, nada muito uau, mas é bom ter alguém.

– Posso conhecer ele? – A garçonete trás nossas bebidas pouco depois que ele pergunta, estávamos falando em francês, não tinha medo de ninguém ouvir algo.

Forever & Always | Arthur Leclerc Onde histórias criam vida. Descubra agora