Capítulo 4

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Tessa

Eu estava presa... presa, sério!!! Uma das piores sensações. Agora, não serei mais julgada pelo juiz apenas por roubo mas por agressão, tentativa de homicídio e estrangulamento de um dos guardas... não sei o que tinha dado em mim, nunca tinha sido pega e é claro que seria bem na minha última vez.

O pior de tudo é que infelizmente minha certidão de nascimento e meus documentos estão em Winchester com meus irmãos e provavelmente estão no lixo agora, ou no esgoto, sabe eles não eram muito bons com documentos. Se perguntarem minha identidade não sei como explicar que sou de menor e não tenho pais. Maravilha...

Minha cabeça doía, e meus músculos também, pra quem acha que lutar contra 5 guardas musculosos é fácil, que tome no cu, porque não é nem um pouco fácil. O que Olivia e Emma iam pensar? Elas não podiam descobrir.

A cela era suja, pequena e cheia de poeira, provavelmente fazia tempo que não tinha um crime decente nesta cidade, as grades estavam enferrujadas e tinham cheiro de morro. Havia um banquinho de madeira quase aos pedaços, eu não me arrisquei sentar, então sentei ao lado do banco, no chão gelado, desconfortável.

Um som de porta se abrindo do lado direito, alguém havia chegado.
Nem se quer me dei ao trabalho de levantar a cabeça.

-Porque não está sentada no banquinho? –Ouço uma voz masculina, ainda com a cabeça entre os joelhos dobrados.

-Porque alguém sentaria nesses banquinhos? –Eu perguntando.

-Quem é você menina e quantos anos tem para estar roubando a nobreza? –Ele esperou uma resposta... será que eu mentiria, ou não?

-Não te interessa. –Só silencio, depois um pigarreio.

-Acho que você não me ouviu direito garota! –Ele engrossou a voz.

-Também acho que você não me ouviu direito! –Eu respondi.

O som da sela abrindo ecoou pelo lugar vazio, o homem me puxou pelo braço fazendo eu me levantar. Ele me encarava e achava que me intimidava, eu o encarei seria, sem nenhuma expressão aparente.

-Responda!!

Ergui a sobrancelha, se ele acha que me assustou, então estava bem tranquila. Aquela expressão clássica de raiva, ele podia sim me prender, mas eu não poderia fingir que me assustei com o olhar de machão.

-Responda agora! –O bafo húmido sobrou o meu rosto, cheiro de cerveja.

-Seu bafo fede! –Pelo menos eu respondi, cara, como o bafo fedia, eu tossi, e estalei a língua- Você não escola os dentes? –Eu já estava ali fazia um tempo, tipo horas então provavelmente já era uma da tarde, ou seja depois de almoço... Ótimo tinha perdido o almoço.

-Não te interessa, e responda garota, que é você e porque estava roubando nobres?

-E se eu não quiser responder?–Indaguei.

-Olha!! Não me faça de bobo criança! –Ele levantou a voz.

-Criança! Criança? Se você me chamar de criança mais uma vez..
-O que você vai fazer em?–Perguntou me interrompendo.

-Você não vai querer saber. –Estreitei os olhos, e ele começou a rir, me largou lá dentro como um animal selvagem.

Só ouvi a porta se abrindo quando outra pessoa entrou.

-Ei! Você me colocou em uma enrascada sabia, me deixou lá sozin.... –Aquele garoto o da caixa, quando o menino falou: -Você! Aquela menina.

O guarda o encarou e me olhou logo depois.
-Você conhece ela?–Perguntou o homem se virando para ele, e erguendo a sobrancelha com um sorriso malicioso no rosto.

Eu estava confusa estão olhei um pro outro.
-É a.... a garota que eu esbarrei, sabe hoje um pouco mais sedo... –Ele abriu a boca pra continuar, mas parou.

-Humm?! Tá sei. –Ele estreitou os olhos e piscou com o olho esquerdo para o garoto. –Ok garota! Coopere, fale qual é o seu nome.

-Eu falo o meu... se vocês falarem os seus.

-Porque eu deveria dar o meu nome? E o nome dele? –Indagou

-O que vocês tem a perder se me falarem seus nomes? –O garoto balançou a cabeça em concordância pensativo, e o guarda balançou a cabeça negativamente. –Aaahh! Vai qual é? De  verdade o que vocês podem perder? -Virei a cabeça de leve para o lado esquerdo, e sentei no chão ao lado do banco, ainda com a cabeça de lado, olhando para eles com o cenho franzido.

-Ok! Eu falo meu nome, mas ele –Disse o guarda apontando para o garoto- não falara!
-E.... eu posso saber o porquê?

-Acho que não há necessidade de falar o nome dele, só isso.

-Uhnn! Tá sei. –Levantei uma sobrancelha –Se você quer me enganar me dá bala... –Olhei o garoto de cima abaixo –Você é guarda do rei e você.... –Falei balançando meu dedo indicador na direção dele- Você é um nobre... ou talvez o príncipe, -Eu ri, ri muito, ele um príncipe. Quando recuperei o folego, me abanei e os dois estavam se olhando- Se bem que... eu nunca vi o príncipe, você poderia se passar por ele, talvez...Tá!! Me falem quem são vocês, provavelmente não é segredo se ele parece um nobre e você parece um guarda da realeza. –Engrossei minha voz na última palavra, e eles me encararam, e depois por um breve momento se olharam rispidamente. –Aaahh nãoo!! Você é o príncipe não é?!.... –Eu me atrapalhei toda, e me levantei rapidamente, e dei uma leve reverencia- Desculpe-me, eu não quis insulta-lo!

Eles se encararam e deram uma gargalhada com graça, olhei de um lado pro outro e prendi minha boca.

-Sim! Eu sou o príncipe herdeiro, Noah... prazer. –Disse ele me encarando com curiosidade- Ele é meu guarda pessoal, capitão a guarda, George, e também meu melhor amigo. –Ajustei minha postura e o encarei um pouco mais, e se ele estivesse brincando com aminha cabeça?

-Tá cumpriram a parte do acordo, ahm, meu nome é Tessa, se é isso que você quer saber... então eu posso ir? –Apontei com a cabeça levemente em direção a porta da cela.

-Qual é o seu sobrenome?–Perguntou George.

-Não vai fazer diferença nenhuma se você quer procurar meus pais, ou de onde venho, não sou daqui...quero dizer, não sou de Londres.

-Porque não faz diferença se eu procurar seus pais ou não? –Perguntou o capitão.

-Porque não. Meus pais morreram a uns anos e eu e meus irmãos fomos separados e adotados, minha certidão esta em Winchester, onde eu nasci, e não tenho nenhum documento, então sorte a de vocês se conseguirem alguma informação minha com base no meu sobrenome, que por acaso foi inventado, o por que eu não sei, então não adianta nem perguntar... bem... –Disse eu mexendo em minhas mãos atrás do corpo e prendendo a boca- o meu sobrenome é Villin, não sei o que significa.

-Sinto muito... –Falou o príncipe.

Dei de ombros, até porque eles não conseguiriam achar meus irmãos nem reviver meus pais, e provavelmente também não foi culpa deles meus pais terem morrido.

-Quantos anos tem?

-Dezessete.

-Você não é nova demais para estar se envolvendo nessas coisas? –Perguntou o príncipe ajeitando a postura.

-Primeiro de tudo você nem sabe porque estou aqui, segundo... –Disse eu me aproximando das grades de ferro enferrujadas- pelo que sei você tem a mesma idade que eu e terceiro você nem mesmo sabe os perrengues que eu já passei então estar aqui, -Disse eu fazendo um gesto para mostrar a prisão- não me incomoda, é até... aconchegante.–Eu disse encostando a mão nas grades.

-É, você esta certa, -Disse ele sentando a uma cadeira de madeira a poucos metros da grades- mas porque você não me conta sua história? –George pareceu se interessar mais com o rumo que a conversa podia dar, então pegou uma cadeira de madeira também e se sentou logo ao lado  do príncipe.

-Porque o interesse príncipe? –Perguntei.

-É porque o interesse príncipe? –Eu estreitei meus olhos para o guarda que logo calou a boca. Será que o príncipe o havia contado sobre quando nos esbarramos, achava que ele fosse um camponês, um trabalhador honesto, não uma realeza real.


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