Capítulo 5

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Noah




-Vai fala! –Eu não sei porque mas fiquei curioso com a história, sobre a história dela.

-Tabom, eu falo, -Suspirou ela, enquanto se sentava perto das grades, encostando a cabeça em uma parede de pedra ao lado- Eu tinha uns 10 anos eu acho, e minha mãe tava doente e meu pai na guerra, não sei bem o que ele fazia lá mas sempre que ele voltava pra casa sempre chegava com uma maleta com papeis, meus irmãos diziam que era mapas mas nunca me importei.
 Minha mãe morreu quase uma semana depois de meu pai morrer bombardeado, seu setor foi invadido e todos foram massacrados, nós fomos para adoção e meu irmão mais velho decidiu enviar eu e meu irmão para Londres, para sermos adotados juntos, até porque se estivéssemos em minha terra natal, -Ela deu de novo um leve suspiro- estaríamos separados...

-Então onde está seu irmão? –Indagou George

-Bem... o plano do meu irmão poderia ter funcionado se o irmão que veio comigo, não fosse adotado por uma família que só queria meninos. Mas continuando, ahm... –Ela prendeu a boca- Eu tinha que arrumar dinheiro, já que eu já sabia que era velha demais para ser adotada, tentei empregos inimagináveis, e mesmo assim todos queriam meninos, ou pessoas mais velhas, uma vez tentei me passar por uma, mas não consegui, então eu comecei a roubar, foi a minha melhor opção, essa foi a primeira vez que sou pega.

-Então você nunca foi adotada? –Perguntou o príncipe.

-É!

-Quer dizer que você mora sozinha com 17 anos, você não é nova demais para morar sozinha?

-O meu aniversário foi a uma semana e acabei de ser despachada do orfanato. Então ainda sou um pouco inexperiente nesse assunto de morar sozinha.

-Feliz aniversário então! -é tão estranho, meu aniversario ser perto do dela, é... diferente.
-Valeu... –Ela virou para o lado e começou a olhar a parede a sua frente.

-Aonde você mora?

-Olha sem querer dizer nada, mas... acho que isso já é informação demais. –Ela tinha razão mas eu queria saber, ela acabou de fazer aniversário e foi despejada, isso é impiedoso. Acho que a estava encarando porque ela começou a olhar para os lados e arrumar o cabelo que estava desgrenhado atrás.

Ela se aproximou do banco e sentou no chão.

-O que ela fez? –Indaguei

-Ela roubou um lorde, tentou matar e enforcar três guardas, e agressão. –Disse George

-Ela fez tudo isso?

-Algum problema, só porque sou pequena e sou mulher não consigo bater em um homem? –Ela estava com raiva.

-Não é só que eu achei que os guardas fossem mais fortes e mais musculosos.

-Eles são, ela derrubou três de cinco, tipo sem quere dizer nada... mas nem você conseguiria derrubar tantos assim. –Acho que George não achou uma ofensa. Ele se virou para ela- Como conseguiu?

-Meus irmãos me ensinaram a lutar.

-Tá mas se isso faz 7 ou 6 anos, como lembrava dos movimentos? –Ele me olhou procurando uma explicação lógica.

-Eu tinha muito tempo livre, -Disse a garota dando de ombros- eu sempre tive muito tempo livre, uma arvore ou até algumas crianças mais novas. –ela começou a pega uma mecha de cabelo e mexer na pontinha, como se isso não fosse nada.

-Você batia em crianças? –George parecia assustado.

-Não!! Eu e as crianças batíamos nas arvores, uma vez quebrei meu pé tentando chutar a arvore, mas depois que melhorei tentei de novo, mas as crianças ficaram tão assustadas com o meu pé quebrado, que eu tive que treinar sozinha.

-Então... você quebrou seu pé chutando uma arvore, é muito criativo! –George estava sendo irônico, e Tessa percebeu e não gostou, por isso mostrou a língua para o guarda.

Ela ainda mexia na mecha, olhava pra mexa. Ela era especial, e dava pra sentir isso.
-Eu acho que você George tem um compromisso. –Eu olhei para ele, e ele assentiu pensativo.

-É! Mas eu volto depois, ainda não sei o que fazer com você! –Ele estava partindo, abriu a porta com um ranger alto, e saiu. Eu fui logo atrás encarando a menina, que continuava concentrada na mecha de cabelo.

Eu tinha que fazer alguma coisa, e se ela morasse em algum lugar horrível, ela era boa com luta, podia simplesmente virar uma guarda. Talvez eu conseguisse convencer meu pai e deixar uma mulher virar guarda real. Talvez seja uma boa evolução a aderir, para o palácio e para o reino.

Cheguei ao castelo, e fui ao meu quarto, era azul marinho, tinha dois cômodos, um com uma cama que cabia cinco pessoas, os lençóis eram brancos e as janelas deixavam o ar frio do outono entrar, minha estação favorita, e tinha uma sala com uma mesa de madeira escura, com poltronas e estantes com todos os livros que e já li.

Me joguei em uma poltrona grande em frente a uma lareira, Tessa tinha me afetado, ela era maravilhosa, suspirei alto. Batidas na porta.

-Entre! –A porta se abriu com um leve rangido. Meu pai estava na soleira, me observando com cuidado.
-Gostou da garota? –Ele sabia que eu não havia gostado mas sempre pergunta com esperança.
-Pai, já falamos sobre isso, esses almoços e jantares são... são tediantes, e as garotas... elas não tem criatividade, não sabem conversar, e.... e são bonequinhas, eu não quero alguém assim! –Eu bufei, ainda jogado na poltrona, meu pai deu um longo suspiro.
-Você precisa se casar! Alguém nobre.

-Porque não posso me casar com alguma camponesa?
-Ela não beneficiaria as terras, nem te ajudaria a governar com classe!
-Mas....
-Chega dessa conversa, estou farto disso tudo, você irá se casar com alguém com terras e que beneficiara o seu povo! –Ele gritou, me interrompendo.



A conversa adorável com meu pai já havia acabado, ele já tinha saído do quarto e nem consegui falar sobre a garota. Minha mãe havia me chamado para o quarto dela, que era um quarto diferente do meu pai. Eu ia contar sobre minha ideia para ela.

-Mãe? Porque não há nenhuma guarda no castelo, quero dizer guarda mulher?

-Eu honestamente não sei, mas porque a pergunta? –Ela estava penteando os longos cabelos louros e encarando o espelho.

-George encontrou um garota que sabe lutar, muito bem na realidade, e ela é órfão, e não tem dinheiro, fiquei pensado que poderíamos contrata-la como uma guarda real.
Minha mãe parou de escovar os cabelos e me olhou pelo espelho.

-Meu bem... nós fazemos muita caridade para os órfãos, mas contrata-los... especialmente uma garota.

-Mas e se ela for realmente boa? Não há exceções? –Ela me olhava com curiosidade

-Se for realmente boa, terá que provar. Se conseguir satisfazer o general e seu pai, o trabalho é dela.


No dia seguinte fui para a prisão com George e alguns outros guardas, minha mãe havia convencido meu pai, então como herdeiro irei convidar Tessa para ficar no castelo por 6 mês treinando e se preparando para um teste que terá, se ela estiver qualificada, será chamada para trabalhar como guarda real. Eles além de concordarem, irão coloca-la para treinar com os outros que estão se preparando para a prova deles, ou seja ela será a única mulher no meio de 50 homens mais velhos... boa sorte pra ela.

-Ou seja, eu só terei seis meses para treinar para uma prova, uma prova, que vai definir se sou boa o bastante para trabalhar para vocês. Eu não sei de onde você tirou essa ideia, mas eu a recusarei. –Disse com uma voz seca, porque ela estava recusando?

-Porque?

-Porque você sentiu pena de mim, por isso que dar uma chance, que honestamente é difícil eu conseguir. Não sou uma guerreira nata, nunca matei e nem pretendo fazer isso. Esse trabalho só me deixara ainda mais em risco, e eu não quero ficar seguindo alguém da realeza enquanto os outros me acham incapacitada de fazer um trabalho simples como por exemplo te defender, só porque sou mulher. –Ela não expressou emoção pela voz, mas dava para saber que se sentiu ofendida com a proposta, ela acha mesmo que eu senti pena dela? –Além disso o que eu iria ganhar com isso?

-Saída da prisão, lar, comida, roupas. –George olhou ela de cima a baixo, e ela pareceu ainda mais ofendida com a sua fala.


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