Batida

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– Opa. – Tom chegou bem nessa hora e ele se separou de mim, eu ainda estava sem entender.– Vocês já se conhecem?

– Não.

– Sim.– Leo respondeu ao mesmo tempo que eu, eu não lembrava dele. Parecia que eu estava mentindo mas eu realmente não lembrava, seu rosto não era familiar. O rosto de Tom exalava uma fúria mas sem motivo aparente.

– Você não lembra de mim? do 4° ano. – PUTA MERDA, O LELECO. Abracei o garoto de forma sincera, apertei bem seu corpo e permaneci ali por longos minutos. Leonel, era meu grande melhor amigo, já me defendeu de muitas pessoas cruéis e sempre tomava sorvete comigo na praça perto da escola.

– Tom, esse é um velho amigo. A gente estudava junto! – Disse animada soltando o rapaz e me virando novamente para ambos.

– Bom, vamos conhecer sua nova casa? eu posso até abaixar o valor. – Leo me deu uma piscadela e entrou na casa, meu corpo ferveu em vergonha. Não gostava daquilo. Era diferente de quando Tom fazia. Entramos e eu estava em choque, o lugar era cheio de flores com uma área verde maravilhosa.

– Bom, aqui tem uma área antiga de tartarugas.– Corri até o local e vi as pequeninas brincando, me abaixei e fiquei observando a água caindo e elas nadando no pequeno lago artificial era algo tão adorável que eu devo ter me perdido uns cinco minutos ali.

– É... Vamos ver o interior? – Leo saiu às pressas e foi para dentro da casa. Estranhei e vi Tom me fuzilar com o olhar. Que porra?

– Tom?

– Fala. – Ele estava mordendo a própria língua dentro da boca enquanto estava com as mãos nos bolsos, quando me aproximei ele virou o rosto.

– Tom? – Chamei-o novamente. Fui ignorada, ele entrou dentro da casa sem dizer uma palavra, Leo estava lá com a prancheta na frente do corpo. Ele foi mostrando todo o interior e eu ia me apaixonando cada vez mais, o valor era médio. Não era caro mas não era barato. Justo.
Foram duas longas horas de conversa, estava na hora de acertar os preços.

– Esse é o valor final? – Tom perguntou.

– É sim, Kaulitz. – Leo respondeu.

– Você acha essa merda certa? – Tom tirou as mãos dos bolsos e cruzou os braços se aproximando de Leo. – Me da a porra do seu telefone.

– Mas Tom, não p-

– Morgan.– Me calei com aquele chamado, não sabia o que era, mas percebi que era sério.

– Por que eu te daria o meu celular?– Leo imitou sua posição e os dois pareciam estar em um ringue.

– Eu não sou cego, seu filho da puta. Você tirou foto da bunda dela logo quando ela abaixou. A prova é você estar com esse pau pequeno duro. Não adianta cobrir com a prancheta.

– O que você tem haver com isso? eu não tirei foto alguma.

– Tom, o Leo não faria isso comigo.

– Você vai defender esse cara sem ele ter nem mostrado nada?

– Ele não tem que provar nada, somos amigos de infância.

– Que seja, Morgan. – Tom deu de costas e saiu dali em pisantes fortes.

– Obrigada, Morgana. – Morgana, tinha muito tempo que eu não ouvia isso. Ele me abraçou e acariciou meus fios, assim como ele fazia quando éramos mais novos. Apesar da saudade eu não podia deixar Tom esperando com aquele clima tenso, assinei os papéis e me despedi de Leo de forma certamente grosseira.

– Kaulitz, que merda foi aquela? – Perguntei logo que entrei e ele acelerou logo de cara.

– Eu que te pergunto, Morgan. Porra.

– Explica e para de falar palavrão, machão.

– Já expliquei, aquele filho da puta tirou foto da sua bunda e você não me ouviu.

– Ele não fez isso.

– E como você sabe, ein? você tava de costas.– Ele bateu ambas das mãos no volante com raiva.

– Para essa porra, agora.– Falei em tom de ordem. Tom riu e colocou uma das mãos para apoiar seu rosto.
A raiva dele não parecia ser pelo Leo somente e sim por eu ter defendido ele.

Aquela cena toda me lembrava o meu pai, os gritos e os carros sendos deixados para trás na janela. A batida.

Tom, para essa porra desse carro agora. – Aquilo saiu numa voz chorosa e trêmula. Ele virou o volante e eu pude ouvir uma buzina alta, fechei os olhos e encolhi meu corpo no banco, protegendo meu rosto.

– Morgan? Morgan? MORGAN? – Eu ouvia a voz de Tom mas eu não conseguia me mover, eu não conseguia falar nada e nem pensar direito.
Senti algo quente tocar as minhas mãos e abaixarem elas com cuidado, acariciando-as.

– Calma, o que aconteceu? Morgan, puta merda. – Aos poucos eu fui me recuperando do que tinha acabado de acontecer, e eu nem sabia o que tinha ao certo acontecido.

Abri os olhos e...

Estávamos apenas encostados, ele parou o carro como eu pedi, estava tudo bem.
Abracei Tom e o apertei em meu peito, meu coração estava acelerado e parecia que iria furar minha pele e saltar. Puta merda.

– Morgan?

– Me desculpa, Tom, me desculpa. – Disse ainda com o garoto colado em mim, não queria sair dali apesar de tudo.

– Calma, eu to aqui. Calma. – Apertou meus fios de forma carinhosa e fez um cafuné ali. – Calma, Morgan. – Tom continuou até sentir nossos batimentos sincronizarem.

Culpa, culpa, culpa, culpa, culpa, culpa.
Era o que passava na minha cabeça.
Culpa.
Culpa.

Why are you being so complicated ? | Tom Kautilz.Onde histórias criam vida. Descubra agora