Alma

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– Morgan.

– Oi.

– Você está bem mesmo?

– Estou sim, foi só um susto, me desculpa.

– Para de se desculpar comigo. Eu que te peço desculpas, vamos comer alguma coisa? – Tom me perguntou enquanto beijava minha testa, ele não sabia do meu passado, ele sabia apenas que eu vivia só e que minhas condições não era das melhores. Concordei mesmo sabendo que seria um desafio comer, ainda mais com esse susto.

– O que aconteceu aquela hora? – Me perguntou enquanto dirigia, ele estava indo bem devagar. Parecia querer me acalmar.

– Eu sofri um acidente tem alguns anos, ainda não superei, só isso.

– " Só isso ". – Me imitou. – Me perdoa por ter te lembrado disso.

– Olha só quem não para de se desculpar agora. – Dei risada e ele permaneceu em silêncio.

– Eu tenho motivos.

– Sei. Estamos indo comer aonde?

– Em um lugar mais afastado e vazio, assim não teremos pessoas tirando fotos da gente. –Tom sorriu ao dizer isso, ele parecia ser o que mais sentia desconforto com os paparazzi.

– Qual é a sensação?

– Sensação de que?

– De ser famoso, dar autógrafos e tirar fotos o tempo todo com pessoas que você mal conhece.

– Eu gosto, é 8 ou 80. Tem sua parte boa e tem a parte ruim. – Esperava uma resposta diferente mas eu entendi o que ele quis dizer, essa vida, decerto, devia ser bem cansativa apesar da sensação maravilhosa de ser amado por milhares ou até mesmo bilhares de pessoas.

– Você acha que eu vou ser famosa também?

– Você não acha? – Ele perguntou me encarando.

– Eu não sei.– O silêncio dominou o carro, aquilo tudo me assustava demais.
A indústria da moda me assustava e a fama que ela traria também me assustava. Não tinha nada de bom. Encostei minha cabeça no vidro e fiquei pensando no desfile, eu nunca tinha feito nada parecido, foi uma volta na minha vida que eu nem sabia se aquilo era real, não parecia real.

BIP, BIP.

Leo aluguel.
Oi , Morgana. Me desculpa por qualquer coisa que eu tenha feito de errado hoje.

– Não se preocupa, leleco! eu que peço desculpas pelo meu amigo.

Leo aluguel.
Eu pensei que era o seu namorado.

– Não...

Leo aluguel.
Então você está livre pra mim?

Eu ignorei.

Não sei bem à quanto tempo estávamos sem nos falar mas eu não sentia mais a mesma coisa que eu sentia naquela época. Eu não era mais uma criança tola. Agora, eu era uma adolescente tola.

– Chegamos. – Tom disse e direcionou o carro para o estacionamento de uma lanchonete, ela era simples mas era fofa, não tinha nenhum outro carro por ali então realmente o lugar traria um pouco de paz para ambos. Finalmente.
Ele abriu a porta pra mim e passou o braço no meu ombro o apoiando ali, estava frio então eu agradeci muito que ele tenha feito isso.

Why are you being so complicated ? | Tom Kautilz.Onde histórias criam vida. Descubra agora