Ódio pelas ruas

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– JULY.  DO.  CÉU.  – Gritei indo em sua direção, não importava que eu tinha gritado já que a música do lugar estava altíssima.

– OI AMIGA.

– EU RECEBI UM ORAL.

– UM O QUE?

– UM O-R-A-L. – Estava difícil de conversar pelo som da música, eu já estava com meu copo de bebida na mão e um enorme sorriso no rosto. Ela me olhou e ficou de boca aberta. Até eu ficaria assim.

– MEU DEUS MENINA, tu ia só provocar ele e agora tu me diz que recebeu um ORAL? puta merda.

– Eu não tive escolha.

– Então ele te forçou?

– Não. É, eu tive escolha sim.– Disse dando uma golada em minha bebida, aquilo descia rasgando na garganta e ainda a fazia formigar. Observei todos no local enquanto conversávamos, eu gostava disso, de observar cada um.
De imediato bati o olho em uma cena que embrulhou minha barriga e quase fez a bebida toda voltar, Tom, abraçado com uma garota segurando os bolsos traseiros de sua jeans.
Inacreditável ele acabar de me chupar e já ir de boca em outro, babaca. Por isso ele não merecia o meu beijo!

– Mas eai, você e o Bill?– Voltei minha atenção para July e tentei mudar o foco anterior, não sou barraqueira em público mas ele podia apostar que eu acabaria com a raça dele se ele viesse de papinho bobo.

– Demos uns amassos e depois fomos pra sala do jogo sozinhos. – July contou enquanto mostrava o pescoço e o peito, estavam cobertos de chupões e mordidas. Caramba, não via o Billy assim.

– Eu sabia que vocês iam dar certo, vocês combinam. – Dei uma piscadela e em mais um último gole terminei com aquele copo de bebida, pedindo outro em seguida. Precisava esquecer aquela cena. Não era ciúmes da minha parte mas, porra, ele acabou de me comer com a boca no banheiro e agora ta lá todo pomposo pra menina?  Pelo amor de deus né.

– Que isso? matou um drink com 90% de álcool em duas goladas? – July me perguntou de uma forma assustada, realmente, aquilo não era comum meu. Na última festa eu mal bebi um copo inteiro.
Tentando achar o que me incomodava, July virou para trás e viu os meninos cercados por garotas, na hora, ela também fechou a cara e me olhou com raiva, suas sobrancelhas estavam arqueadas e seus lábios apertados.

– Porra até o Bill nessa palhaçada? ele é todo miss simpatia, que saco ein. – Ela reclamou comigo e encostou sua testa na bancada. – Podíamos devolver igual, né? – July riu como uma criança encapetada e me puxou com a bebida e tudo até um camarote que estava perto.

– Dramian e Lucca, conheçam a minha nova melhor amiga, a Morgan. – Ela me empurrou para um garoto dos cabelos claros, ele era alto e tinha uma aparência bonita. Meu tipo? não.
Mas eu queria provocar Tom de qualquer jeito, sendo o deixando enciumado ou seja o excitando. O tal Dramian já me cumprimentou me abraçando pela cintura e dando um beijo esquimó. Não perdia tempo mesmo.

Enquanto eu dançava com o loiro, eu ficava encarando Tom que também me encarava. Com o passar do tempo pude perceber que Tom imitava Dramian. Se ele pegasse na minha cintura ele pegava na cintura da nojenta que estava com ele, se ele mexesse em meu cabelo ou me girasse, Tom faria igual.

– Você não tem cara de morar na cidade.– Dramian perguntou com uma voz grave, isso tirou minha atenção do que me interessava por ali.

– Ah, eu vim estudar.– Menti.

– Estudar? o que?

– Ah, moda.– Estudar moda? e eu lá tinha cara de estudante de moda, quase que eu não sei quem é a moça que meu look foi inspirado.

– Moda? percebi, você parece uma modelo mesmo. – Dramian se aproximou de mim e colocou as mãos em minha nuca, quando senti que ele se aproximaria mais para tentar um beijo eu o afastei. Tom não beijaria aquela garota. Não mesmo.

– Eu fiz algo errado? – Ele perguntou num tom triste.

– Não, é que, Dramian... Acabamos de nos conhecer, anota meu numero! – Disse e em seguida falei uma sequência aleatória de números com um sorriso no rosto, eu precisava ser convincente na mentira. Quando me virei, Tom não estava mais lá e nem a menina.

Eu vou matar os dois.

– Morgan, quer ir embora? Bill me convidou para passar a noite lá, vai ter jogo de tabuleiro, música e COMIDA DE MONTÃO. – Ela abriu os braços e simulou o tanto de comida que teria, dei risada e concordei. O jeito animado de July me animava também, era algo tão gostoso de se sentir.– Então vamos logo. Podemos chegar primeiro que eles. – July disse se despedindo com um pequeno aceno de todos presentes e me puxando pelo pulso até a saída, fomos até o carro e dessa vez ela pisou fundo. O carro dela ia tão rápido que meu corpo ia para trás e se colava no banco.

– JULY. – Gritei enquanto segurava tudo ao meu redor, apertei uma das coxas da garota e eu só conseguia a ouvir rir. Que menina maldita.

– Calma, já estamos chegando. Um gran finalle agora. – Ao terminar a frase ela deu UM DRIFT na rua que naquele momento se encontrava sozinha. PUTA MERDA, aquilo foi incrível mas eu nunca faria isso, a chance de dar uma merda é maior que a chance de dar tudo certo. July estacionou por perto e fomos andando até o hotel e o quarto, é, eles não chegaram ainda.

Não queria ver a cara daquele maldito. Meu ódio falava mais alto.
Ele não vai ter paz essa noite, não vai mesmo.

Why are you being so complicated ? | Tom Kautilz.Onde histórias criam vida. Descubra agora