Bip, Bip

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Quando o jogo terminou todos foram embora, aquilo parecia não ser nada pra eles. Será que caíram com alguém que não queriam? July antes de largar a venda e sair do quarto me encarou dando uma risada disfarçada.

– Você se divertiu, ein? – Ela apontou para o meu pescoço e corri de imediato para ver no reflexo do espelho mais próximo aonde ela pontava, puta merda, eu estava roxa de tantos chupões. Além de andar com certa dor, era minha primeira vez sentindo algo dentro de mim.

– Um pouco, e você?

– Nem um pouco, fiquei com um garoto que não parava de falar. Achei que ia beijar e no final fui uma terapeuta. – July disse dando risada, já estava tarde e tinham poucas pessoas presentes ali, ela anotou o contato dela e foi embora me dando uma piscadela de longe.

– Vai embora de carona com a gente? – Gustav me perguntou se aproximando com um copo de bebida, fiz que sim com a cabeça e ela sorriu se virando e indo até o Bill e os outros, eles estavam conversando num grupinho deles. Tom aparentemente tinha se divertido também já que os meninos riam de sua ereção. Comecei a rir de forma nada discreta e me encostei aonde anteriormente Bill estaria encostado, no minibar.

– Quer beber alguma coisa, gatinha? – Um garoto se aproximou de mim e sinalizou para o barmen duas bebidas, não pude nem recusar.

– Não, estou acompanhada. – Disse.

– Está? não estou vendo ninguém com você agora.– Ele riu. Sua aparência não parecia com a de Tom mas eles tinham o mesmo cabelo, não reparei bem em Tom mas seu cabelo era algo notável. Aqueles dreads.

A diferença era a cor, aquilo me deixou uma dúvida. Esse era o garoto que eu me acabei de beijar agora pouco? as características batiam e ele chegar em mim do nada foi suspeito demais.

– Ele foi dar uma volta. – O cortei novamente. Era insegura com desconhecidos.

– Então a gente podia aproveitar... – Ele colocou suas mãos em minha cintura e tentou se colar ainda mais ao meu corpo, recuei e ele ignorou isso. Tentou me encoxar e aquilo me subiu uma raiva inexplicável, não era ele. Não era ele quem eu procurava, o cabelo batia mas as outras características não.

– Eu não quero. – Tentei novamente alertar. Antes dele se aproveitar ainda mais de mim senti o corpo ser arrancado de perto de mim, os quatro estavam como cachorros na minha frente.

– Melhor você deixar ela em paz, ta tentando pegar mais mulheres imitando o Tom? – Georg perguntou rindo de forma irônica, me senti protegida por eles.

– Melhor irmos embora, estávamos rindo da peguete do Tom e acabamos deixando você sozinha, desculpa, Morgan.– Bill disse enquanto me levava até o carro, esse agora era diferente do anterior, era como uma limousine. Todos entraram e fiquei sentada no meio dos gêmeos, que sensação estranha.

– Bom, acho que agora podemos oficializar uma amizade, né? – Gustav perguntou dando risada, estavam todos bem alcoolizados.

– Cuidamos de você, bebemos e jogamos juntos. – Georg acrescentou.

– Vocês tem muitos amigos então, beberam e jogaram com tanta gente hoje. – Minha brincadeira foi engraçada pra mim mas para os meninos não foi nem um pouco, eles se fecharam e me encararam.

– Nem todos ali são amigos, o dinheiro faz as pessoas mentirem muito. – Bill respondeu ao meu comentário, eu esqueci que eles eram famosos e ricos pra caralho.

– Ah, por que me acham diferente? – Perguntei, não que eu fosse uma interesseira mas como eles saberiam se eu sou ou não? pelo olho? impossível.

– Você jogou almofadas na gente, correu de nós e quase chamou a polícia. Você não parece ser desse tipo. – Tom finalmente abriu a boca pra me responder, então ele me considerava amiga, é?

– Até você me considera uma amiga agora?

– Não força, posso te tirar desse carro. – Implicou ele enquanto me dava petelecos repetidos na testa.

– O que acham de pedirmos uma pizza? Você pode ficar com a gente no quarto, Morgan. – Georg ofereceu e imediatamente Tom o chutou sem muita força.

– Por que querem ficar levando ela pro nosso quarto? querem uma suruba e não estão sabendo pedir?
– Tom disse dando risada e todos acompanharam , não parecia ser isso, parecia que todos ali precisavam de uma pessoa que não fosse se aproveitar deles, aquilo era triste.

– Não fode, você sempre leva garotas pra lá e ninguém reclama da porra dos sons que você fazem! – Bill queimou Tom e eu só sabia gargalhar, sinceramente a única coisa que se salvava naquele garoto era a sua aparência. Ele era um grosso mulherengo.

– Era brincadeira. – Tom fingiu uma cara de choro e logo voltou a rir sem parar, fomos conversando o caminho todo e aos poucos fui reparando mais nas caraterísticas de cada um, eles eram bem diferentes.

– Sim, são quatro pizzas grandes meio-a-meio... – Gustav estava com o telefone na mão fazendo o pedido, eles pediram comida suficiente para UM BATALHÃO INTEIRO.
"Bip, você completou: 48 horas. Parabéns!"
Meu celular notificou a quanto tempo eu estava sem comer e como ele não era dos melhores, tinha um toque escandaloso. Senti Bill encarar a mensagem então abaixei o celular. Já estragaram tudo uma vez e não vão ser eles que vão arruinar novamente me forçando a comer ou seja que porra for, isso não vai se repetir.

Why are you being so complicated ? | Tom Kautilz.Onde histórias criam vida. Descubra agora