Capítulo 1

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Hoje não está sendo um dia diferente dos outros. Como sempre faço: vou trabalhar logo cedo de manhã em uma das milhares de lojas de conveniência que tem pela cidade. Não é muito longe da minha casa atual, mas ainda assim, me faz andar por longos minutos e acordar com mais antecedência que o necessário ou isso é um costume meu. Estou habituada a levantar antes do sol nascer no interior e ajudar com tarefas pesadas em casa. Sou filha de pais agricultores pequenos que trabalham no ramo da agricultura familiar, isso talvez explicaria um pouco do meu hábito, porém tem a parte de gostar de acordar tão cedo assim também. Quando acordamo de tarde - praticamente meio-dia - sentimos apenas vontade de morrer.

Sigo o mesmo caminho todos os dias com o medo de me perder pela rua pesando sobre meus ombros, pois tenho em mente que o meu senso de direção é completamente distorcido e errado. Mesmo na minha cidade natal eu me perdia, impressionante.

Muitas vezes eu fui alertada pela minha irmã do perigo de andar sozinha no exterior e essa preocupação dela só aumentou quando soube que de tempos em tempos pessoas estão desaparecendo misteriosamente; justo no bairro onde moro. Espero que não seja nenhuma assassino em série, como dizem os rumores urbanos. Por precaução estou voltando para casa com um amigo muito legal que fiz: Damon. Ele é um amor de pessoa e sempre me acompanha até em casa. Isso é muito fofo da parte dele.

Enquanto eu ainda caminhava pela rua lotada de lixo e alguns moradores de rua; não pude deixar de dar "bom dia" e ajudar alguns deles. Essa semana iria fazer um frio de matar e a chuva só piorava toda a situação deles, então eu precisava ajudá-los. Já não bastava a situação precária deles...
Algumas instituições que eu ajudo também estão fazendo algo por eles e criando vaquinhas para comprar comida e aceitando doações de cobertores e agasalhos. Claro que fiz parte dessas arrecadações e quase doei metade da minha casa.

- Bom dia, Stuart! - acenei após ver um dos mendigos que era um grande amigo meu também.

Ao contrário de Damon, ele constantemente estava com uma cara séria para mim, mas tentava ao máximo sorrir. Ele foi largado pela esposa dez anos atrás, e, sentindo-se triste e solitário, passou a viver nas dependências das pessoas que passam por aqui. Pobrezinho... seus filhos nem o reconhecem mais ou sequer tentam ajudar... Bando de babacas!
Eu vi um progresso muito bom vindo da parte dele. Em um mês com a minha ajuda, deixou de ser tão magrelo e cuidou um pouco mais de sua aparência para conseguir um emprego.

- Bom dia, pirralha - respondeu com sua voz grave e rouca.

- Alguma novidade sobre o emprego? - perguntei após tirar de dentro da minha bolsa de sapinho, um sanduíche embrulhado.

- Obrigado - me agradeceu pegando o presente - Sim, eu fui aceito para uma entrevista, mas não sei bem o que falar....

- Se eu fosse você não me preocuparia nem um pouco com isso. Você é muito bom em convencer as pessoas. Além do mais, deve ser mais fácil, pois essa empresa não parece ser muito rigorosa.

- Eu sei, mas... faz muito tempo que não trabalho... É estranho para mim... E se eu não conseguir? - Stuart estava começando a ficar preocupado e ansioso, até eu pôr a mão em seu ombro e sorrir.

- Se tem uma coisa que não vai acontecer é isso. Acredite em mim, você vai ser aceito! O pessimismo não traz nenhuma sorte. Pense positivo e seja confiante. Eu confio em você! - falei da forma mais encorajadora que pude e dei o sorriso mais largo que consegui.

Suas feições mudaram completamente e sorriu depois de um tempo pensando.

- Obrigado, garota... Você não tem noção do quanto isso me fez melhor - o mesmo fez uma pausa - Você é uma boa pessoa! Se continuar assim, mudará o mundo.

Broken ColorsOnde histórias criam vida. Descubra agora