Capítulo 2

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 Soltei um suspiro aliviada quando percebi que a silhueta grande e volumosa formada a minha frente era na verdade Damon, me encarando um pouco confuso, mas ainda sorrindo com seus caninos de fora.
 Porém, essa sua feição não durou muito, pois o mesmo ficou preocupado comigo e se abaixou para me olhar melhor. Eu estava tremendo muito e o frio da chuva só piorava tudo. O medo me preenchia completamente, deixando minha respiração ofegante sair à tona da minha boca. Meu coração tentou ficar calmo, ainda mais quando vi ele ali, porque como é maior e mais forte que eu, poderia me ajudar.

- O que houve, S/N? Alguém te assustou? - perguntou muito confuso e preocupado.

 Eu olhei para trás antes de responder, com o temor de haver alguém ali nos observando e em certo momento pensei realmente ter visto alguém, mas deve ser apenas minha visão ruim ou imaginação. Além do mais, o breu dessa chuva não ajudava muito a enxergar qualquer coisa que estivesse a minha frente; eu estava um pouco mais calma, mesmo não me sentindo segura ainda. 

- Não foi nada... - disse ainda encarando algo no fundo - Vamos para minha casa logo... - no momento em que falei isso, Damon me seguiu até em casa carregando consigo uma sacola volumosa, cujo qual continha panos e outros objetos, ao que pude notar.

- Tem certeza de que está bem? Está tremendo muito... - persistiu ainda mais preocupado.

- Eu estou... Só vamos andar um pouco mais rápido... Quero chegar em casa o mais rápido possível, senão esta chuva vai me deixar resfriada quanto mais me exponho  - falei desviando o olhar, ainda com medo de virar a cabeça para trás novamente e realmente ver uma pessoa ali; apenas me encarando.

 Inesperadamente, Damon começa a tirar seu casaco e o coloca cuidadosamente sobre meu ombros trêmulos. Isso me fez sentir um pouco mais segura, principalmente depois do sorriso que me deu após me vestir com a roupa.

 Seu casaco era grande o suficiente para couber duas de mim aqui embaixo facilmente; além do tecido ser grosso e quente. Mesmo quando fazia calor no início do mês, eu o via com esse casaco o tempo todo e sempre usando outra blusa mais quente por baixo. Me pergunto até hoje como ele não morreu com o calor excessivo.

- Obrigada, grandão - sorri um pouco corada. Eu fiquei paralisada vendo a beleza dele com um olhar admirado - Tem certeza de que não vai ficar resfriado com esse frio?

- Não precisa se preocupar comigo, pois você precisa mais do que eu no momento, então te emprestarei - sorriu desviando o olhar para o caminho a nossa frente.

 A luz fraca do poste iluminou seu sedoso cabelo longo, me fazendo pensar se era macio tocá-lo, entretanto seria um pouco estranho fazer esse tipo de coisa com ele. Então apenas o encarei de uma forma meio tímida.

 Nós conversamos enquanto ainda andávamos até a minha casa, porém eu estava mais tímida que o normal. Parece que trocamos de papel de alguma forma, pois eu nunca fui tão calada quanto hoje. Devo estar doente... da cabeça...
 A maior parte da nossa caminhada foi em silêncio, e, ele era a pessoa que puxava assunto - o que não é nem um pouco normal na nossa amizade. Ele costumava ouvir mais, contudo, agora está diferente. Parece animado.

- Finalmente - falei assim que cheguei na porta do prédio enorme e velho merecendo uma bela de uma pintura, na verdade, uma reforma inteira de tanta dor de cabeça que já passei neste lugar.

- Parece que alguém estava bem ansiosa para voltar para casa - ele falou brincando comigo.

- Pois é... Estou muito cansada e quero fazer as fantasias logo. Mal posso esperar para a diversão que teremos amanhã! - animei-me novamente, recuperando toda a minha personalidade escandalosa escondida por trás de uma timidez passageira.

Broken ColorsOnde histórias criam vida. Descubra agora