Capítulo 8

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Logo em seguida, seguimos rumo até sua casa, brincando e rindo durante todo o percurso. Mas não ficamos apenas focados em chegar lá ainda, pois estava bem cedo, então podíamos nos divertir um pouco mais. Mesmo com meu tornozelo torcido e uma dor intensa no local, consegui andar de uma forma normal pela calçada.

- O que acha de paramos para comer um sorvete? - Damon perguntou parando em frente a uma sorveteira bem colorida.

O letreiro era muito bonito e chamava a atenção de qualquer pessoa que passava, com letras grandes. Eu já conseguia sentir minha cabeça pulsar de tanta informação.

- Ah, vamos! Eu quero de chocolate com baunilha - olhei o cardápio na parede, observando atentamente os preços. Não eram caros, mas também não eram tão baratos assim.

- Eu vou pedir de chocolate. Espere aqui que eu vou lá por nós dois - ele rapidamente me deixou, tirando sua carteira do bolso. Com toda a certeza iria pagar o meu também.

Eu deveria impedir isso, odeio pessoas mimadas ou encostadas em alguém, o que me tornaria bem hipócrita no momento. Depois eu o pago, agora deveria me preocupar menos com dinheiro e mais no momento que estou passando com ele.

Damon demorou alguns poucos minutos para pegar o sorvete e pagar o rapaz do caixa, que parecia mais triste e cansado, tirando toda a alegria de comprar um sorvete no fim do dia. Aposto que várias crianças birrentas encheram o saco dele a manhã inteira, chorando e pedindo para os pais comprarem...

Os cabelos brancos de Damon logo surgiram sobre a luz falha do poste, segurando dois belos sorvetes, que ameaçavam pingar a qualquer momento. Algumas gotas já escorriam por seus dedos e isso o fez andar mais rápido até mim e quase derrubar os dois.

- Aqui - ergueu a mão com o sabor que escolhi. Ele parecia feliz, com um largo sorriso no rosto e um rubor nas bochechas. Isso me fez dar um sorriso também.

No mesmo momento, enlacei minha língua por todo o sorvete antes de engolir, sentindo minha garganta gelar, junto de meu cérebro. Realmente parecia estar congelado só com um pedacinho bem pequeno. O gosto era muito bom, principalmente por uma calda surpresa de chocolate, o que deixou meus lábios melados e grudentos.

Em uma das minha tentativas tenebrosas de limpar o lábios com a língua, acabei piorando as coisas e percebi que aquele mesmo sorriso imenso que estava no rosto dele, agora ria silenciosamente da minha situação deseperadora. Me senti envergonhada e desisti pressionando os lábios.

Não perdemos muito tempo e já fomos seguir caminho para sua casa novamente, mas desta vez parecia que meu tornozelo estava doendo mais, consequentemente me fazendo cambalear pela calçada e pedindo arrego para sentar logo e tirar os sapatos apertados. Mas mesmo com todo esse desconforto, eu ainda fingia que estava tudo as mil maravilhas.

A casa dele eram realmente muito longe, pois andamos o tempo que eu levo para sair de casa e ir para o trabalho duas vezes. Isso me fez perguntar o porquê dele sempre ir lá, sendo que é muito longe e passamos por algumas outras lojas bem mais perto.

De qualquer maneira, estávamos à frente da porta da casa dele e logo senti um cheiro estranho lá dentro... Com um movimento rápido, ele pegou a chave de seu bolso e destrancou a casa para entrarmos.
Eu não entrei de primeira e apenas fiquei do lado de fora apreciando a porta e vendo o interior da casa, paralisada.

- Não vai entrar? - perguntou um pouco confuso de eu estar viajando na maionese enquanto olhava lá para dentro.

Rapidamente voltei ao normal e adentrei. Eu acho que estava ficando maluca, pois o cheiro estranho magicamente desapareceu e foi trocado por um odor de rosas. A casa dele era bem aconchegante, com algumas plantinhas na janela da cozinha, alguns livros intocados decoravam a prateleira da sala e um tapete felpudo vermelho. Comparado a mim, sua televisão era relativamente grande e alguns papéis estavam jogados sobre o sofá. Me pergunto por que ele estava tão relutante em vir junto comigo, sendo que a casa dele não estava tão bagunçada.

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