Assim que o horário de fechar já havia chegado, rapidamente me dirigi para trancar e apagar as luzes de tudo, inclusive alguns aparelhos ligados na tomada, como a cafeteira. Assim que cheguei na parte dos funcionários, me deparei com Rasmus deitado com a cabeça escondida em seus braços. Ao me aproximar, percebi que ele se encontrava dormindo e roncando às vezes. Obviamente dei algumas risadas internas antes de o acordar gentilmente.
- Ras... Ras... Acorde! - o chamei delicadamente e em pouco segundos fui respondida por um grunido cansado.
- Tch... Me deixa! - retrucou, grosso como sempre.
- Tudo bem, então eu vou te trancar aqui já que não quer levantar logo - me afastei dele, balançando as chaves dos meus dedos, fingindo que sairia mesmo.
Os barulhos da chave o fizeram levantar a cabeça e lançar um olhar mortal para mim enquanto, inabalavelmente, eu sorri com ternura. Seu rosto corou levemente antes de desviar o olhar de mim e grunir, irritado.
- Parece que a farra diária finalmente te pegou, não é?
- Até parece. Estou assim porque me revirar na cama é meu hobbie agora, e não por causa de uma festa. Nem a morte vai me afastar delas - deu um ar de orgulhoso, quando na verdade essa vida agitada estava realmente pesando sobre sua cabeça.
- Claro, claro - concordei cética quanto a isso - Mas qual foi o motivo de tanta insônia? Sem querer ser invasiva nem nada.
Rasmus apenas me encarou de cima a baixo com certa estranheza no rosto, e, lentamente aumentava o espaço entre nós.
- Você é bem estranha... - seus olhos se arregalaram um pouco - Por que você quer saber algo tão banal igual a isso? Não tem nada de mais.
- Bem, eu... Só acho que você deveria ser mais legal com as pessoas e esse comportamento melhora quando nós conversamos com alguém. Principalmente quando o 'alguém' é sua colega de trabalho - assim que a palma da minha mão encostou em seu ombro, logo senti uma pressão vindo de seus músculos, apontando o quão desconfortável ficou com o meu toque.
Após me encarar por alguns segundos, Rasmus soltou um suspiro para se acalmar antes de levantar, cruzando seus braços como uma forma de me intimidar.
- Você consegue ser muito persistente em uma coisa tão idiota... Gosto disso em você - seu sorriso perverso mostrando seus dentes afiados como lâminas, me surpreendeu - Por que você acha que eu preciso ser legal com as pessoas? É uma completa perda de tempo meu.
- Vamos fazer o seguinte então... - pensei por alguns instantes, enquanto ele engolia minhas palavras com calma - Durante três dias, você terá de ser gentil com as pessoas, mas enquanto eu estou por perto. Até porque eu não conseguiria te monitorar a todo momento.
- Ok...? Primeiro de tudo: o que eu ganharia com isso? Segundo: e se eu não aceitar essa tolice? - perguntou com um tom irônico, me quebrando ao meio, pois pensei que iria aceitar facilmente.
- Humm... O meu... respeito? Sinceramente, não pensei em nenhuma recompensa... mas eu posso te dever um favor - minha mente se cobriu de preocupações, porque o sorriso em seu rosto me dizia as atrocidades que me mandaria fazer - E se não aceitar; eu conto para o seu pai que... hum... você está sendo mau comigo!
- Ha! Duvido que ele vá acreditar em minorias como você, além disso, o que ele iria fazer comigo? Me deixar sem videogame por uma semana? Ha ha ha! Que piada! - riu como uma hiena, descontroladamente, até seus pulmões pedirem arrego.
Me sentindo humilhada, agarrei a gola de sua camisa e o fiz me encarar severamente, enquanto seu rosto avermelhava um bocado.
- Não brinque com a sorte, Rasmus - o amecei, soando como um coelhinho fofinho, entretanto armado.
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Broken Colors
FanfictionNuma narrativa encantadora, acompanhamos a jornada de S/N, uma doce e dedicada garota do interior que se muda para uma cidade grande, completamente desconhecida para ela, repleta de luzes e intensa incessante. Lá, ela se envolve com um grupo de pess...