— Capítulo 7 —
Ana havia concordado em entrar na empresa, Christian havia lhe oferecido uma garrafinha de água e ela estava em silêncio agora em uma das diversas poltronas do hall de entrada, sendo alvo de olhares de lado e cochichos de quem via o chefe sentado ao lado da garota.
_ Voce quer que eu chame um taxi para te levar? - Christian ofereceu.
A morena estava um pouco nervosa ainda, as lágrimas haviam parado, mas suas mãos ainda tremiam e seus batiam freneticamente no chão em uma mania.
Ela balançou a cabeça em negação.
_ Só entro no carro com minha mãe ou meu pai - ela informou.
Christian assentiu.
_ Entendo. Voce quer que alguém ligue para ela? - ele sugeriu.
Ana passou a mão pelo rosto, inspirando o ar uniforme, se concentrando. Aquilo ficava acontecendo mesmo ultimamente, os tremores, nas mãos e nas pernas, e ela tinha que se concentrar muito para parar. As vezes sequer percebia, como naquele momento. E aquilo provavelmente estava assustando Christian, imaginando que a garota iria ter um treco há qualquer minuto.
_ Isso fica acontecendo mesmo - ela informou, esticando as mãos após colocar a garrafinha quase vazia de água entre as coxas. Os dedos paravam aos poucos de tremer e as pernas também. - Eu não consigo controlar. Mas já vai parar.
Christian assentiu, e os dois encararam as mãos da garota até que lentamente foram parando, ela abria e fechava os dedos, fazendo o sangue circular mais rápido.
_ Olha como fica quente - ela falou de repente, sem pensar pegando na mão de Christian que repousava no encosto entre as duas poltronas.
Os dois se encararam, surpresos com o toque espontâneo dela, os dedos delicados e agora menos pálidos, realmente quentes, tocando no dorso da mão de Christian.
Ele engoliu em seco, e Ana se afastou.
_ É, tá' quente... - ele comentou, limpando a garganta, aquele toque tão mínimo reverberando por seu corpo inteiro. - Isso é normal?
Ana bufou baixinho.
_ Só psiquiatria agora - ela falou em tom zombeteiro, a sombra de um sorrisinho nos lábios.
Christian ficou hipnotizado. Ele daria tudo para ver de novo aquele sorriso dela, os olhos brilhantes e as formas sarcásticas de falar mesmo que sem maldade.
Teve um indício daquilo ali, e seu coração bateu rápido e forte, numa necessidade de ter mais.
Ana pareceu perceber, e fechou a expressão em seguida, parecendo confusa consigo mesma. Então a garota se levantou rápido.
_ É melhor eu ir. Já tomei muito do seu tempo... literalmente - ela falou, e mais uma vez não segurou o tom irônico, franzindo o cenho logo em seguida. - Quero dizer...
Ele balançou a cabeça num gesto de "estar tudo bem".
_ Eu não importaria de passar o dia inteiro aqui - ele garantiu.
A vida inteira também.
Ana mordeu o lábio inferior, acabando por não evitar o sorrisinho dessa vez, e ela quase não se assustou consigo mesma. Há quatro dias não imaginava que poderia sorrir nunca mais em sua vida, que nunca mais algo poderia ser motivo suficiente, mas ali estava ela, toda espontânea, não conseguindo evitar na verdade.
Se viu pega em desespero por querer mais daquilo, daquela sua versão que só Christian pareceu desencadear nela.
A morena limpou as mãos agora suadas no jeans da calça, tentando se distrair daquela sensação de limbo.
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Os 50 Tons de uma Garota
Fanfic"Você se apaixonaria por um homem que violou seu corpo? E por alguém que tem o mesmo rosto, corpo e sobrenome que ele?"