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— Capítulo 10 —

Eram duas semanas depois, numa terça, o dia havia amanhecido estranhamente bom, a primavera começando a dar sinais enquanto o sol até mesmo aparecia tímido no céu, com o clima de finalzinho de inverno, estava perfeito. Tanto que refletia especialmente em Ana naquela tarde.

Era um dia especial que ela falava bastante, o tempo todo, desde o momento em que Christian entrou na cafeteria, até enquanto eles estavam andando em direção a estação de trem como de segunda a sexta faziam naquele mesmo horário.

_ E voce ainda perguntou para o seu pai!? - Christian perguntou enquanto ria, Ana contava mais uma de suas histórias de criança.

Ela foi uma criança, digamos, um pouco apocalíptica.

_ Sim, ué, e ele olhou para minha cara tipo: os arranhões no meu rosto já nao te respondem que não vamos levar esse gato para casa? - ela contou. - E eu fiquei brava, sabe? Eu queria muito aquele gatinho, fiquei dois dias inteiros sem falar com meu pai, até ele ameaçar não dividir mais o chocolate comigo.

_ O passado do vilão é realmente algo a se relevar - Christian brincou.

_ Ah, mas era tão bonitinho o gatinho, ele era amarelo e tinha os olhos meio avermelhados.

_ Para mim está parecendo mais um demônio, e eu tenho uma certa impressão de que seu pai concordaria comigo - ele respondeu.

Ana apertou a mão dele, e ele só riu ainda mais.

Aquilo também acontecia todos os dias, eles meio que andavam de mãos dados. Sempre. O caminho inteiro. E até davam as mãos na cabine do trem. E no dia anterior, Christian simplesmente havia dado um beijo na bochecha de Ana. Ela havia tropeçado no próprio cadarço do tenis, ele havia se ajoelhado e amarrado para ela, e ele brincou sobre ser o servo dela, mas Ana devolveu dizendo que ela mais parecia a cinderela ali. E Christian só, bem, deu um beijo na bochecha vermelha dela porque não resistiu.

E Ana não ficou tocando o próprio rosto durante as aulas da faculdade.

É que tudo estava tão bom, tudo estava tão perfeito e... certo. Droga. Era como ela sempre sonhou, e até mais. E ela se pegava acreditando em coisas, aceitando outras. Como quando Christian pegava sua mão e entrelaçava seus dedos de forma distraída, ou quando ele pagava seus passes do trem e depois apenas a empurrava para a catraca em vez de deixá-la reclamar por aquilo, ou então quando ele ria de verdade de suas piadas estranhas, ou quando, puxa, quando ele simplesmente ficava a ouvindo discursar e detalhar qualquer novo livro que ela tenha lido por mais idiota e meloso que tenha sido.

Ou então, meu deus, quando ele simplesmente leu.

LEU MESMO.

O livro Um Amor para Recordar só porque Ana disse que era seu favorito e que ele jamais entenderia se não lesse, e aí Christian foi lá e leu e ainda disse que agora entendia mesmo.

_ Que merda! - o xingamento de Christian a chamou atenção, e Ana olhou a frente para ver o que era.

A estação estava interditada, havia alguns policiais e bombeiros, e travas nas catracas, um trem estava no meio dos trilhos de cima, parado.

_ O que será que houve? - Ana questionou.

Havia muita gente por perto, e Christian a puxou mais para ele enquanto se afastava da multidão que começava a se formar, pegando celular com o ato.

_ Um trem descarrilhou do trilho, e uma porta abriu no caminho - ele respondeu enquanto lia as notícias de última hora da cidade de Seattle. - Não tem qualquer previsão de volta.

Os 50 Tons de uma GarotaOnde histórias criam vida. Descubra agora