Capítulo 3

471 12 0
                                    


 Assim que percebeu que seu sono tinha ido embora, Beatriz revirou os olhos. Ela pegou seu óculos, e o colocou para enxergar o horário no aparelho de tv, e suspirou fundo ao entender o que estava acontecendo. Fazia tempos, que a sua insônia não a atrapalhava, mas desde o dia do acidente, nada parecia igual. E talvez isso se dava ao fato de lembrar de Bruna

 Ela se levantou, e tirou seu celular de carregar, tinha algumas notificações que a maioria era de seu trabalho, certamente eram as alterações que ela precisava fazer nos contratos.

 Beatriz saiu do seu quarto, e entrou na pontinha dos pés, no quarto de Mateus. Ela ajeitou o menino que quase caia da cama, e sorriu ao vê-lo com o ursinho Arthur que tinha dado a ele.

 Ao sair, Beatriz manteve a porta semi-aberta, e foi até a cozinha. Conhecia seu sono muito bem, para saber que ele não voltaria tão cedo, por isso não hesitou em pegar o pote de sorvete de doce de leite com cookies, e ir ao seu escritório. Antes de arrumar os papeis em cima da bancada, ela se lembrou da última conversa com seu amigo, e abriu a mensagem que tinha com ele, vazia e Beatriz franziu a testa, não lembrava de ter apagado as últimas conversas, mas mesmo assim fez aquilo que seu coração vinha pedindo por muito tempo.

 "Você está acordado?" ela digitou rápido e enviou antes que se arrependesse.    

 Conforme os minutos passavam, o seu coração batia mais rápido, ela odiava desabafar e quase raramente o fazia, mas Beatriz conhecia quando era o seu limite, e estava chegando nele.    

 "Sim. Precisa conversar?" ele respondeu, e os olhos dela brilharam.

 "Sim"

 Ela pensou em começar no dia em que aconteceu o seu acidente, mas percebeu que era muito mais do que isso, talvez fosse melhor contar a história que ele sabia de trás para frente mas com o detalhe que Beatriz nunca superou, mesmo sempre dizendo ao contrário.

 O seu raciocínio foi deixado de lado assim que um número desconhecido ligava para ela, a sua curiosidade foi maior e acabou atendendo.

 — Beatriz? — seu coração palpitou mais rápido ao reconhecer aquela voz — Você está bem?

 — Sim — ela mentiu.    

 — Tem certeza? — ele indagou — você disse que precisava conversar.

 Beatriz xingou mentalmente por sua estupidez. Tinha mandado mensagem para a pessoa errada.

 — Deixa para lá, Barbosa, não era importante!

 — Se você tá acordada a essa hora da madrugada, com voz de choro, lógico que é importante.

 Ela fechou os olhos e não lutou mais com as lágrimas que insistia em escorrer, não sabia o motivo de seu coração não hesitar em desabafar com o camisa 10 do Flamengo, talvez fosse algo sobre a compaixão que ele dizia aquelas coisas, ou algo que ela não sabia explicar.

 — Eu achei que tinha superado uma coisa, mas não superei, sinto uma dor, que dói o coração todo, é saudades — um meio sorriso surgiu no rosto dela — Percebi isso quando terminei a faculdade, e ela não estava do meu lado como prometeu. Quando precisei largar tudo, e correr com o Mateus para o hospital, ela também não estava lá, e eu nunca sei se estou no caminho certo, porque desde o dia que a Bruna se foi, eu me perdi — ela cerrou o punho, na tentativa frustrante de evitar o tremor por sua mão — Mentiram para mim, dizendo que isso passava, mas aqui estou eu, chorando pelo mesmo motivo de cinco anos atrás.

 — Isso nunca passa — Gabriel falou, e um aliviou percorreu por Beatriz, de saber que ele ainda a escutava — você convive com isso.

 — E eu odeio isso — ela fechou os olhos — faria de tudo, para ter minha irmã de volta.
Beatriz jamais se perdoaria, por nunca ter se despedido de Bruna e agradecido por tudo que fez a ela. Pois sem sua irmã, ela não sabia que rumo sua vida levaria.

 — Mas como faz para saber se eu estou indo no caminho certo, Barbosa?

 — A única pessoa que pode dizer qual o caminho certo ou errado, é você mesma, é o que você deseja seguir — ele disse com a maior simplicidade — qual o caminho certo para você, Bia?

 Ela sorriu com a pergunta. Beatriz ainda não tinha percebido que apesar dos pesares, ela havia conquistado tudo que almejava a alguns anos atrás, tinha tudo para dar a vida que sempre sonhou, para o seu menino. E onde quer que estivesse Bruna, ela se orgulharia de ver Beatriz cumprindo com sua única promessa, de ser Mateus e ela, até seu último suspiro.

 — Eu não sei, talvez eu já esteja nele.

 Beatriz observou seu pote de sorvete em cima dos papéis molhados, e fez uma careta, seu olhar se voltou à janela que ainda mostrava as estrelas, quando percebeu que seu coração tinha se acalmado assim como suas mãos que nem tremiam mais.

 Ela ainda não compreendia como o Gabriel, que parecia ser uma pessoa tão orgulhoso, ainda estava do outro lado do celular, escutando sua história, com tamanha compaixão.   

 — Obrigada, por me escutar até agora.

 — Às vezes é bom conversar com alguém — Gabriel disse, e ela sorriu — você tá melhor?

 — Bem melhor agora — ela ficou feliz, em ser sincera — Boa noite, Gabi.

 — Boa noite, Bia.

 Ela demorou em encerrar a ligação, e quando o fez, suas bochechas esquentaram e um sorriso tímido surgiu em seu rosto.

____________________
NOTAS DA AUTORA

 Oie amigos, tudo bem?

 Estou postando os capítulos entre sexta ou sábado, porém semana passada não consegui postar, por isso peço perdão.

 Essa semana eu tive provas, juro que não aguento mais isso não, mas eu joguei tudo para o ar na quarta feira para assistir o Jogo do Corinthians, que se classificou nos pênaltis (amém, amém, amém), mas quem disse que eu conseguia dormir depois? Fui fazer a prova à base do sono kkkkk. Inclusive ontem assisti o jogo do Flamengo e Fluminense pela copa do Brasil, e eu sabia que o Flamengo iria passar... mas gente, queria tanto ver pênaltis kkkk. Talvez vocês torcedores do Flamengo não desejavam isso não...    

 Enfim, até semana que vem!

SORTE NO AMOR | Gabriel BarbosaOnde histórias criam vida. Descubra agora