Quando Beatriz saiu de São Paulo, prometeu a si mesma que começaria uma vida nova. E esse era o motivo que mesmo após quase um mês morando no Rio de Janeiro, ainda havia diversas caixas espalhadas pelo seu apartamento, mas apenas uma lhe assombrava com os fantasmas de seu passado.
Por isso a loira aumentava a música em seu fone de ouvido, na tentativa frustrada de lidar melhor com o que viria à frente.
— When we were young, the future was so bright*¹ — Beatriz cantava junto com a música — The old neighborhood was so alive...
Até o momento em que ela criou coragem para abrir a caixa, tinha sido impossível de evitar as lágrimas, mas em seguida ela gargalhou ao ver a camiseta do palmeiras ali. E a nostalgia fez com que seu coração batesse mais rápido.
E ela se lembrava perfeitamente, do dia em que sua irmã, Bruna, insistiu tanto para que Miguel e Beatriz fossem no Allianz Parque, que os dois corintianos acabaram cedendo. Mesmo que a loira tivesse jurado de pés juntos que jamais pisaria naquele estádio.
Aquele jogo acabou sendo gratificante ver o palmeiras perdendo para o São Caetano.
Beatriz deixou a camiseta em cima da sua cama, e voltou sua atenção para a outra camiseta, dessa vez do Santos cheia de autógrafos.
Naquele momento, ela desbloqueou uma memória que nem se lembrava mais. Da vez que achava estar apaixonada pelo seu vizinho, e ele a convidou para assistir um jogo do Santos, na Vila Belmiro. Beatriz foi, mesmo sob os protestos de seu cunhado, que tinha medo que ela virasse santista.
— I tried to be someone else, but nothing seemed to change*² — ela parou o que estava fazendo, para cantar a sua música favorita — I know, this is who I really am inside...
E Beatriz teria continuado a escutar, se não fosse o Gabriel ligando para ela.
A loira só não xingou, porque era ele, se fosse qualquer outra pessoa certamente ela teria se estressado.
— Amor, abre a porta para gente, por favor — o jogador falou assim que ela atendeu o celular — o Mateus esqueceu a senha, e eu também esqueci.
— Tá bom, já vou abrir — ela concordou rindo.
Beatriz saiu do seu quarto, e foi até a sala para abrir a porta. Ela sabia que Mateus estava amando o fato da sua mãe estar namorando o seu jogador favorito, e principalmente porque Gabriel sempre estava com eles.Tudo tinha começado com um dia de folga do camisa 10, que passaria o dia com Beatriz e Mateus no apartamento deles, e que inconscientemente, acabou virando uma rotina em família, que lhe deu direito a um espaço no closet de Beatriz.
A loira se surpreendeu ao ver o seu filho sem nenhum machucado, já que era comum o garoto sair para jogar futebol com seus amigos e voltar algum ferimento e quase sempre guardando as lágrimas, para mostrar que ele ainda poderia voltar a brincar.
— Mãe, pegamos a sua encomenda — Mateus lhe entregou a caixa com o logo da Amazon, e ela deu gritinhos de felicidade.
Ela sabia do que se tratava, colocou a caixa em cima da mesa e logo abriu, e encontrou o livro com a capa vermelha, que ela julgava ser horrível.
— É mais um livro para chorar? — Gabriel perguntou, e ela riu.
— Esse não — ela folheou aquelas página brancas —
Esse aqui eu li na faculdade, e depois fiz um trabalho na pós e usei esse livro. É sobre Flamengo e Sport*³.— Uma das maiores injustiças desportivas.
— Claramente! — ela disse, enquanto Mateus reclamava que tinha perdido sua garrafinha — preciso te mostrar uma coisa, Gabi, já volto.
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SORTE NO AMOR | Gabriel Barbosa
RomantikBeatriz não tinha sequer hesitado em assinar o contrato que mudaria a sua vida. Sempre sonhou em ser advogada de um grande time, mesmo sendo um dos quais ela odiava, o Flamengo. A loira se sentiria completa, se não fosse pelo fantasma de seu passado...