Capítulo 15

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Beatriz encarava sua xícara favorita cheia de café, e mesmo odiando aquele gosto amargo, ela bebeu em silêncio, e chegou a conclusão que para se manter acordada naquele dia precisaria no mínimo de cinco xícaras daquela.

O universo mais uma vez estava contra Beatriz Bianchi, e ela tinha certeza disso depois de ler aquele bendito e-mail do seu chefe anunciando a sua demissão. A sua primeira reação acabou sendo uma risada irônica, na tentativa frustrante de lidar bem com aquela situação, mas tinha sido em vão porque as lágrimas agiram com destreza sendo acompanhadas pelo seu desespero furtivo.

— E eles não falaram mais nada? — Arthur perguntou enquanto sentava ao lado dela.

— Não — Beatriz respirou fundo — eles disseram que quando eu voltar,  vamos conversar melhor.

Fazia tempo que Beatriz não conversava com Arthur, e ela se surpreendeu ao ver ele na casa de sua mãe, mesmo Bianchi sabendo que seu amigo não tinha ido até ali para conversar à toa como costumavam a fazer, mas sim para a atualizar sobre a investigação.

— É pelo Gabriel, não é? — dessa vez o seu pai a questionou.

A loira ainda não tinha apresentado o seu namorado a sua mãe e seu pai, mas desde o dia em que ela postou o storys junto com o jogador em seu aniversário, Simone tinha feito questão de ligar para Beatriz e pedir para que ela contasse aquela história do início ao fim. Mesmo sua mãe atenta ao mundo do futebol, ela ainda acreditava em amores verdadeiros, diferente do homem sentado à sua frente, que para sua infelicidade conhecia o camisa 10 do flamengo pelo personagem criado por ele mesmo.

— Não sei, pai — ela mentiu, e garantiu que ele não percebesse.

A dor de cabeça da advogada se tornava mais intensa, a cada vez que ela pensava no tanto de problema que surgia gradativamente em sua vida. Desde a investigação, a perda de emprego, e os comentários maldosos que surgiam nos post de fofoca que ela era marcada, e talvez esse era o menor de seus problemas naquele momento.

Não tinha como piorar, era o que ela pensava.

— Me conta tudo sobre essa investigação — Beatriz pediu enquanto cortava um pedaço de bolo de cenoura com cobertura de chocolate, ela só precisava de uma dose de doce em seu dia para animá-la.

Arthur hesitou, antes de pedir aos céus coragem para contar a Beatriz sobre tudo.

— O principal suspeito é o Felipe, que talvez você não o conheça, mas aí entra a parte mais bizarra de toda situação — Arthur olhou para a loira, antes de continuar — ele é seu meio-irmão, Bia.

Pela segunda vez ao dia, Bianchi soltava sua risada irônica, e por mais cuidadoso que Arthur tentava ser, ele sabia que aquele era o significado que Beatriz não acreditava em uma palavra sequer que ele dizia.

— Não viaja, Arthur — a loira bebeu mais um gole de café.

Seu amigo estava prestes a listar sua lista de argumentos, que ela sabia que ele tinha, quando a campainha tocou e Beatriz se levantou para atender a porta.

E Bianchi se deparou com uma mulher loira, que provavelmente tinha a idade de sua mãe, ela parecia um pouco assustada e ofegante, o que fez com que Beatriz recusasse um pouco, e ficasse na retaguarda.

— Precisa de alguma coisa? — a advogada perguntou.

A mulher então abriu a boca para responder, mas ao ver Bianchi em sua frente, os olhos dela brilhavam, e em seguida ela colocou a mão em seu coração, o que fez Beatriz reparar em todas as jóias da mulher a sua frente, que deveria valer uma fortuna.

Ela acreditava que fosse alguma amiga de sua mãe, por aquela reação, mas o que aconteceu em seguida tinha sido rápido demais.

— Você é a Beatriz? Beatriz Bianchi? — a mulher perguntou e a advogada rapidamente confirmou — eu te procurei por anos, querida. Não me reconhece?

Bianchi franziu a testa, e no fundo aquele tom de voz era no mínimo nostálgico, porém não o suficiente para vir à tona a dona daquela voz.

— Desculpe, mas não reconheço — A loira respirou aliviada assim que a presença do seu pai apareceu ao seu lado.

— Já faz um tempo desde a última vez que eu te vi — a mulher desviou o seu olhar, enquanto pegava em sua bolsa uma foto — Foi eu que denunciei o meu filho para a polícia, o Felipe. Ele confessou que adulterou o carro do Miguel e da Bruna, pois naquela madrugada ele instituiu a ela que devolvesse o dinheiro que meu marido tinha dado a vocês há um tempo. Ele era usuário, mas eu jamais imaginei do que ele seria capaz.

Beatriz encarou a mulher à sua frente, em busca de algum sinal que lhe mostrava algum sinal de mentira, e a advogada sabia que o seu pai fazia o mesmo. E mesmo não encontrando, uma parte de Bianchi gostaria de acreditar que nada daquilo era verdade, era seu mecanismo de defesa lhe protegendo.

— Ele era meu enteado, então eu não podia fazer nada, por isso esperei tanto tempo, meu marido faleceu a algumas semanas atrás — a mulher continuava falando, e dessa vez ela não mais segurava as lágrimas quando mostrou a foto que carregava — mas eu jamais imaginei que ele seria capaz de matar uma de minhas filhas.

Beatriz hesitou em dar alguns passos para trás, mas quando o fez, sentiu que o seu pai já a segurava.

— Eu esperei por muito tempo para te ver Beatriz — dessa vez a mulher sorriu — era um sonho poder conhecer você.

Beatriz precisou de cada gota de autocontrole, para não demonstrar sua verdadeira reação.

Mas estava surpresa em lembrar da última vez que tinha visto de Ada, a mulher à sua frente, que saiu de madrugada com uma grande mala e entrou em um carro amarelo, Beatriz se recordava de ter gritado, mas Ada ao menos olhou para trás, Bruna sabia o que tinha acontecido e por isso fez a sua promessa de ser Bruna por Beatriz, e Beatriz por Bruna, até o fim.

Passados anos, ela entendeu o que tinha acontecido e com o tempo desejou esquecê-la, mas jamais pensou reencontrar com a mulher que por um período Bianchi a chamava como mãe, e a amava como tal. 

— Eu passei a minha infância toda esperando que você voltasse. Me deixou esperançosa, e era o que eu pedia todas as noites enquanto eu e a Bruna nos escondíamos naquela porcaria de guarda roupa enquanto sua mãe e seu irmão discutiam. Quando eu mais precisei de alguém ao meu lado não era você que estava aqui — Dessa vez Beatriz olhava para a mulher a sua frente — Não sei em que lugar você estava esse tempo todo, mas onde estava com a cabeça de aparecer aqui, e achar que seria bem vinda?

— Beatriz, eu deixei vocês para conquistar uma vida melhor para você e sua irmã.

— Conta outra, eu fiquei 11 anos contando a cada dia, você nunca voltou. Se ao menos se importasse com a gente, nunca teria fugido. — Beatriz apertou a sua unha contra a palma da sua mão, a fim de evitar seu nervosismo — quer saber? Dane-se! Eu nunca mais quero ver você na minha frente ou na frente da minha família de novo.

Beatriz saiu dali, e foi direto para o quarto que costumava ser seu.

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NOTAS DA AUTORA

Oie pessoal, tudo bem?

Amados, eu estou enrolando demais para escrever essa fanfic, porque estamos quase nos finalmentes. Antes eu pensei em fazer um suspense, mas não vai dar.  Pretendo sim fazer uma continuação dessa fanfic, mas só de pensar em criar uma nova história, criar sinopse, capa, conseguir tudo isso de visualização que eu consegui aqui...

Que aliás... MUITO OBRIGADA, vocês são incríveis, eu jamais imaginei conseguir ir tão longe assim, e vocês me permitiram sonhar mais ainda, amo cada um de vocês que fizeram isso tudo possível.

O que eu quero dizer é que, ao invés de criar tudo de novo, eu termino essa fanfic aqui mesmo, mas não concluo, pois vou continuar aqui no "Sorte no amor" o que vocês acham? Mas só avisando, planejar leva tempo, assim que eu terminar aqui, eu precisaria ter no mínimo um mês para que eu pudesse planejar e escrever alguns capítulos. Planos futuros.

Enfim, até semana que vem!

SORTE NO AMOR | Gabriel BarbosaOnde histórias criam vida. Descubra agora