Capítulo 2

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 Beatriz nunca imaginaria que estaria voltando para casa, no carro do camisa 10 do flamengo. Talvez no momento em que ela contasse a Mateus, ele iria perguntar para ela se conseguiu um autógrafo.

 O alvorecer dava indícios, quando eles saíram do hospital. Ela não sabia se o seu autocontrole se dava ao fato de estar totalmente medicada ou era pelo gesso irritante em seu braço esquerdo, que lhe resultou em uma semana de atestado.

  — O que você acha de deixar isso fora da justiça? — Gabriel perguntou, tirando Beatriz de seu devaneio.

 — Com certeza — ela respondeu rápido demais.

 — Mesmo?

 — Sim, você está cumprindo com a sua parte, e envolver o judiciário é muito burocrático.

 Beatriz agradeceu mentalmente assim que ela avistou o seu prédio. Fazia uma semana que ela se mudou para o Rio de Janeiro, e não tinha sido suficiente para conhecer a região onde morava, só reconhecia a fachada elegante do seu prédio, pois era isso que a convenceu de morar ali.

  — Sinto muito, por você perder um trabalho importante essa semana — ele disse, assim que parou o carro em frente à portaria — Assim que o seu carro ficar pronto, eu te mando mensagem.

 — Como você tem meu número?

 — Você mesma que escreveu na minha mão, na recepção, não lembra? — ele mostrou a palma de sua mão e riu com a reação dela — Então certamente, você não vai lembrar de quantas vezes disse que me odiava.

 — Eu disse isso? — ela perguntou irônica — Não lembro também, mas se te serve de consolo, eu te odeio um pouco menos agora.

 — Vou considerar isso como um elogio de sua parte.

 Por um momento Beatriz se perdeu no brilho do olhar de Barbosa, e ela sentiu suas bochechas esquentarem, então aproveitou aquele momento para sair do carro, e respirou fundo para que as batidas de seu coração voltassem ao normal.

 — Até algum dia desses — Gabriel falou

 — Até. 

 Beatriz não olhou para trás quando chegou a portaria, e colocou sua digital para que o portão abrisse para ela.

 Era cedo demais, para que ela encontrasse algum vizinho pelos corredores da recepção ou até mesmo no elevador, e ela agradeceu aos céus por isso. Conseguiu chegar no hall do seu apartamento, sem ser julgada por quase ninguém a não ser o porteiro da noite, que estava prestes a trocar de turno.

 Ela digitou a senha na fechadura, e dessa vez não tinha feito nenhum som. Da sala ela conseguia ver o corredor que dava acesso aos quartos, e a porta semi aberta de Mateus com a luz fraca do corredor, fez com que Beatriz respirasse aliviada.  

 O celular jogado no sofá começou a tocar, e ela sorriu assim que o nome conhecido apareceu na tela.

  Beatriz pegou seu celular e correu até seu escritório, fechando a porta atrás de si.

 — Bom dia, Arthur — ela disse assim que atendeu a chamada de seu amigo — nossa você está péssimo.

 — Como você é engraçadinha — ele bocejou — você não vai acreditar no que aconteceu nessa madrugada.    

 Beatriz o encarou, e lutou contra toda a sua vontade de contar ao seu amigo, que tinha encontrado com Gabriel Barbosa, um dos jogadores favoritos de Arthur.     

 — Você acredita que meu cliente, foi ameaçar o vizinho, aí ele chegou todo valentão, com uma arma que ele nunca tinha usado na vida, e achava que estava descarregada, falando um monte, e de repente, a arma que ele estava segurando, disparou.    

SORTE NO AMOR | Gabriel BarbosaOnde histórias criam vida. Descubra agora