Capítulo 4

403 16 0
                                    


Diante do espelho, Beatriz estudava seu reflexo. Seus cabelos claros, presos em um elástico com laço favorito, suas olheiras tinham desaparecido assim que passou a base, e as suas bochechas coradas por conta do blush barato que tinha comprado às pressas na noite anterior, junto com o protetor labial com cor de cereja. Ela sorria satisfeita com sua imagem, mesmo tendo que ir trabalhar de calça legging preta, tênis all star e aquela camisa estranha do Flamengo.

  O gesso em seu braço havia sido tirado, e ela encarou a silhueta de um menino tatuado em seu antebraço.

— Mãe, vamos logo — Mateus apareceu atrás de si — uau, como você ta linda!

— Obrigada, meu amor — ela beijou a testa do menino, que usava o uniforme inteiro do flamengo também.

Tinha sido difícil explicar para o garoto, que eles precisavam se mudar para o Rio. Ele tinha sido contra, até o momento em que Beatriz disse que colocaria ela na escolinha de futebol do time de coração dele. E aquela tinha sido uma das cláusulas do acordo, que estava cumprindo naquele momento.

— Será que eu posso gravar no seu trabalho, mãe?

— Não sei, Teteu, tenho que ver isso ainda — ela terminava de colocar o seu colar — Pegou sua garrafinha?

O menino saiu correndo e ela riu. Beatriz certificou que todas as janelas do apartamento estavam fechadas, antes de pegar a chave do seu carro e digitar a senha da porta principal que dava acesso ao Hall do apartamento.

— Pessoal, agora eu e minha mãe — o garoto virou a câmera do celular para ela, que sorriu, enquanto entravam no elevador — estamos indo para o trabalho dela, porque hoje eu vou começar a treinar futebol, e eu estou muito animado com isso.

O filho de Beatriz, desde pequeno, gostava de gravar tudo o que acontecia, até o dia em que ela o incentivou a ter um canal no youtube, apenas para diversão, e era isso o que o garoto fazia na maioria do tempo. No início ela tinha vergonha de fazer aparições no vídeo do menino, mas parecia que o público gostava da mãe meio desengonçada do Mateus.

— Mãe, conta para eles, o porque você queria que eu fosse para o Vasco.

— Eles têm o Lucas Piton — eles saíram do elevador, e o Mateus que ainda gravava, gargalhou.

— Mas no flamengo tem o Arrascaeta — o garoto disse, e ela concordou — e o melhor de todos, o Gabigol...

Ela agradeceu aos céus, por seu filho que estava correndo em direção ao carro consertado, pois seu coração disparou ao escutar aquele nome. Eles entraram no carro, que ainda tinha cheiro de novo, e Beatriz deixou sua playlist em modo aleatório, tentando evitar de pensar em Barbosa, o que era quase impossível.

Depois da madrugada em que eles passaram conversando por um tempo, Beatriz tinha se acostumado com Gabriel ligando para ela todas as noites, falando sobre assuntos tão aleatórios, que se esquecia que ele era o tão famoso camisa 10 do Flamengo.

— Mãe — o garoto tirou ela de seu devaneio — quando o Tio Arthur e a Tia Clara vão vir aqui?

— Eu não sei, meu amor — Beatriz pode ver a decepção de seu filho pelo retrovisor — mas a gente pode ligar para eles hoje a noite, o que você acha?

— Pode ser, preciso saber o placar dele para o próximo jogo, ele sempre acerta.

— Seu time vai perder, filho. 

— Credo, sai para lá com esse pessimismo — ela riu com a indignação de Mateus — Seu timeco que vai perder, vocês estão sem o Yuri, lembra?

— Ei, que golpe baixo foi esse? — Beatriz colocou uma de suas mãos no coração, e o menino gargalhava no banco de trás — isso toca no meu ponto fraco.

SORTE NO AMOR | Gabriel BarbosaOnde histórias criam vida. Descubra agora