Capítulo 7

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Beatriz acreditava que nunca faria uma loucura pelo seu time, até o momento em que ela ganhou dois pares de ingresso para assistir o Corinthians jogar. E isso explicava o fato de ela sair correndo do trabalho. Mateus por sua vez, odiou aquela ideia de viajar para São Paulo, e por isso Beatriz tinha levado ele na sua barraca de pizza favorita em frente ao estádio.

— Meu pai que trazia você aqui? — Mateus perguntou, e ela entregou a ele um pedaço de pizza.

— Era, meu amor — ela suspirou fundo para que suas verdadeiras emoções não transparecem.

— E a minha mãe vinha também? 

Beatriz encarou aqueles pares de olhos claros curiosos, antes de responder.

— Sim, mas ela tinha um gosto muito ruim, ela era palmeirense — um meio sorriso surgiu no rosto do garoto.

Beatriz aprendeu a conviver com as curiosidades repentinas de Mateus, principalmente em relação ao seus pais, no início ela acreditava que o melhor poupar ele daquelas informações, mas a psicóloga do menino lhe disse que por mais que doesse ela precisava ser transparente, se não Mateus poderia criar uma expectativa do retorno de Bruna e Miguel. Bianchi se lembra de estar tão esgotada, a ponto de chorar enquanto gritava com a psicóloga, pois aquela era a sua esperança.

— Você tem foto dela, mãe? — O garoto perguntou, ao mesmo tempo que mordia um pedaço da pizza.

Ela hesitou, mas em seguida desbloqueou o seu celular.

A foto em questão era a única favorita, e por isso não tinha sido difícil de encontrá-la. Mas os olhos da menina brilharam ao ver a imagem. Bruna exibia seu sorriso iluminado, enquanto segurava o bebe no colo, Beatriz por sua vez gargalhava, do seu cunhado que tentava fazer com que Mateus olhasse para a câmera.

Beatriz tinha evitado se olhar no espelho durante um tempo após a morte de sua irmã, pois era como se ela estivesse vendo Bruna no seu lugar. As duas eram conhecidas por serem extremamente parecidas, apesar da grande diferença de idade entre elas. Tinham os mesmos cabelos loiros, os olhos escuros reservados, e o rosto queimado do sol do interior, mas o que Beatriz inveja era os lábios de sua irmã, dono de um sorriso atencioso.

— Uau, ela era igualzinha a você — ele segurou o celular, encantado — olha mãe, como eu era pequeninho.

— Era mesmo, Teteu — Beatriz olhou para a foto pela última vez, antes de bloquear a tela do celular.

Bianchi procurava por Arthur e Maria Clara, e quando encontrou o rapaz com blusa branca ela sorriu.

— Tio Arthur — Matheus correu até o seu amigo que usava o boné cobrindo seus cabelos escuros — que saudades de você!

— Eu também estava morrendo de saudade de vocês — Arthur o abraçou, e Beatriz sabia que se fosse alguns anos atrás ele ainda seguraria o garoto no colo.

— Você vai fazer a desfeita de não usar a camisa do Corinthians, bocó? — Bianchi perguntou antes de ir abraçar ele.

— Eu vou usar a do Corinthians, no dia em que você e a Ana usarem a do Flamengo.

— Ah pronto! — a loira sorriu aliviada assim que viu Ana — Vamos entrar logo? Preciso me ambientar logo para pensar em um placar.

Arthur riu, e em seguida entregou os ingressos para Beatriz e Mateus. Francamente, nem ela sabia como seu amigo tinha conseguido lugares no camarote, mas pela primeira vez, a loira não o questionou.

O caminho até os lugares que eles iriam ficar, tinha sido emocionante tanto para ela, quanto para Mateus, que mesmo se dizendo Flamenguista, Beatriz sabia que as vezes seu coração torcia para o time alvinegro.

Beatriz certificou que Maria Clara e Arthur estavam dentro do camarote, antes de pegar o seu celular e digitar uma mensagem desejando para o Gabriel um bom jogo, e depois entregou para Mateus assistir ao jogo do Flamengo.

— Estou sentindo que hoje o placar vai ser de quatro a zero — ela falou assim que entrou — Dois do meu camisa nove favorito e mais dois o melhor dez do Brasil todinho.

— Mãe, o Guedes não é seu camisa dez favorito — o garoto sentou ao lado de Arthur — deixa o...

— Pode parar por aí Matheus Bianchi — ela falou antes que seu filho terminasse a frase.

— Como assim sua mãe tem outro dez favorito? — Arthur observou  o menino — me conta essa história direito, Teteu.

— Deixa para lá, tio — ele disse rindo reparando no olhar de repreensão de Beatriz.

(...)

Beatriz sorriu aliviada com o placar. Ela tinha gritado, cantado e xingado até o último minuto. Dessa vez ela dormiria feliz, com a vitória de seu time.

— Eu amo essa dupla — Beatriz disse com a voz falhando, enquanto voltava a se sentar — Clarinha, qual era o seu placar mesmo?

— Três a zero — a morena apareceu na sua frente, com sorriso de orelha a orelha — Droga, eu deveria ter apostado!

— Deveria mesmo — a loira concordou, e observou Arthur confortando Mateus.

O garoto já tinha derrubado algumas lágrimas quando o árbitro anunciou o fim da partida entre Madureira e Flamengo, Beatriz não tinha acompanhado o jogo, só segurava a risada da reação dos dois. Mas seu filho correu para seu colo ao final.

Depois de alguns minutos, Beatriz e seus amigos arrumaram coragem para sair do estádio. Porém a loira arregalou os olhos quando Mateus gritou que o camisa dez do Flamengo havia lhe mandado uma mensagem.

— É o namorado da minha mãe.

— O Gabriel? Jogador do Flamengo? — Arthur perguntou e o garoto apenas concordou — Beatriz, que história é essa que você tá namorando o Barbosa?

A loira que andava ao lado de Maria Clara parou, e olhou para Mateus.

— Eu não namoro ele, Arthur.

— Namora sim — o garoto falou — vocês se conversam todo dia, e já saiu com ele

— Isso não é namorar, Mateus.

— Mas vocês se amam.

— Beatriz, eu não sei o que tá acontecendo entre vocês — Arthur se aproximou – mas para já, ele não presta.

A loira riu, ironicamente, e olhou para Arthur que estava sério.

— Oras, ele não era seu jogador favorito?

— Em campo sim, fora dele não.

— Arthur, chega — Maria Clara apareceu na frente dele — você tá passando dos limites.

— Não estou, amor — ele passou a mão no cabelo — É o meu papel falar que ela vai se iludir, isso é um fato, e quando isso acontecer a gente não vai estar do lado dela para ajudar.

— Como você tem tanta certeza disso?

— Simples, ele é o Gabriel Barbosa, é o que se espera dele.

— Você é patético, Arthur — Beatriz segurou a mão de Mateus e o levou para fora do estádio.

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NOTAS DA AUTORA

Oie amigos, tudo bem?

Esse capítulo eu tentei trazer um pouco mais da história de Beatriz, e sim vocês não entenderam errado, ela é tia do Mateus.

Me emociono ao lembrar a "boa fase" do Corinthians no Paulistão, porque hoje em dia ta cada vez mais difícil. Eu aprendi a já nem me importar com a derrota, e nem criar expectativas para o próximo jogo. Tá triste a vida do torcedor corintiano.

Estão gostando da fanfic? Sim, sim? Não, Não?

Enfim, até semana que vem!

SORTE NO AMOR | Gabriel BarbosaOnde histórias criam vida. Descubra agora