𝚃𝙷𝙴 𝙶𝙾𝙳𝚂 𝙲𝙰𝙽 𝙱𝙻𝙴𝙴𝙳 - 𝙳𝙿𝚁 𝙸𝙰𝙽 𝟷:𝟺𝟻

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O som que quebrou o silêncio foi o de
Mia recarregando o fuzil por garantia, seguido do desembainhar de uma espada.

Os dois trocaram um olhar e assentiram um para o outro. A noite estava chegando e já tinham entrado naquela dungeon de qualquer forma.

Não tinha mais volta.

A água que molhava a cozinha sessou de repente, deixando apenas o som de alguns respingos que pingavam e ecoavam por todo o lugar como se o som dali de dentro estivesse sendo amplificado. Ele foi na frente, a espada firme em mãos mesmo que ainda não estivesse exatamente confiante ao usá-la, ainda não tinha se acostumado a sensação de cortar carne com aquilo, de ferir alguém e sentir como se fosse de verdade, como se não fosse apenas um sonho delirante.

Abriu a porta e Mia entrou na cozinha apontando a arma em busca de qualquer coisa que estivesse se movendo, mas a cozinha estava vazia.
Hoseok ergueu as sobrancelhas ao encarar a mulher ao seu lado e como ela abaixou a guarda para tocar nas letras pintadas à parede, naquela letra que se acostumaram a ver pelos cantos nos últimos dias seja ela do Mito ou do próprio Christian.

— Sangue — disse sem dúvida nenhuma na voz, a cor parecia escura naquela luz azul, porém, era impossível confundir o cheiro ferroso. — Parece fresco.

— Acha que mais jogadores passaram por aqui? — perguntou com um calafrio subindo pela coluna e o fazendo apertar mais o cabo da espada.

— Não sei — deu de ombros e ajeitou a postura para voltar a segurar o fuzil com firmeza. — Só podemos garantir que não será o nosso em uma mensagem dessas.

Hoseok assentiu, observando como ela mudava e fechava a expressão e se concentrava para então abrir a única porta que tinha para seguirem.
A porta revela um corredor. Estreito e cumprido com duas portas a esquerda e uma a direita, as luzes também piscam em um padrão incerto e os passos ecoam como se o lugar fosse muito maior do que realmente é. Sentiam o cheiro de fumaça, cigarro talvez, mas sem sinal de onde estava vindo e fora isso, não ouviam ou viam nada de incomum. O Jung ergueu a espada ao tentar abrir a primeira porta a direita, no entanto, ouviu apenas o som da madeira batendo na tranca. Mia seguiu para a próxima e não era nada além de um armário com casacos e camisas penduradas em cabides e junto das luzes piscando ela reconheceu uma pessoa abaixada no meio das roupas, sorrindo e amarrado por uma camisa de força.

Não teve tempo de atirar.

A risada dele ecoou pelo corredor e a silhueta do homem de longos cabelos escuros desapareceu.

Ela balançou os ombros tentando afastar a sensação ruim de ter se assustado, junto do toque delicado de Hoseok como uma lembrança de que ele não tinha saído do lado dela.

Restava uma porta e olhando mais de perto parecia pesada, feita de um material mais resistente que Mia não conseguiu e nem se preocupou em identificar ao abri-la. Esperava encontrar outro corredor, torcendo para nunca chegar em um confronto e aquele chefe ser apenas um quebra-cabeças complicado sobre corredores infinitos, contudo, ao deixar que o rapaz passasse pela porta e descer os degraus na frente, percebeu que estava diante de um estacionamento escuro, envelhecido e esquecido pelo próprio tempo.

Tinha água no chão e as luzes azuis no teto eram tão fracas que seria necessário ter uma lanterna potente para explorar tudo aquilo com cuidado.

A porta se fechou atrás dos dois e as luzes piscaram. Bem no fim daquela estrutura de cimento a silhueta apareceu novamente, apenas um olho castanho, o outro era de um branco leitoso e profundo, coberto em tatuagens e com roupas escuras.
Ele nem mesmo esperou. Rapidamente tirou uma pistola de dentro da jaqueta de couro que usava e atirou.

N.E.O.N » » Jung HoseokOnde histórias criam vida. Descubra agora