N.E.O.N » » Jung Hoseok

𝙵𝚞𝚝𝚞𝚛𝚎 - 𝙹𝙷𝚘𝚙𝚎 𝟸:𝟷𝟿

Companheiro Linked.

Aquelas palavras demoram a fazer sentido, mesmo depois de ler várias vezes a descrição daquela mecânica, de novo e mais uma vez até que notassem que as palavras na tela não mudavam.

Uma mecânica de parceria muito rara onde dois agentes se tornam mais fortes quando estão juntos.

Aquela frase fez com que Hoseok e Mia trocassem um olhar desconfiado, tinham visto com os próprios olhos o quanto um chefe tinha durado contra eles, gastaram pouquíssima munição e saíram sem grandes machucados. Não reclamariam de facilidade, mas era estranho que só descobriram aquilo de repente, sem nenhum motivo aparente para desbloquearem uma mecânica rara.

Mas de uma coisa eles tiveram certeza depois daquilo: Eles tinham que continuar juntos.

Nesse ritmo dias se tornaram semanas e em um piscar já estavam há dois meses naquele mundo, sem saber exatamente o que é verdade e o que é ilusão, já tendo visto tanta coisa a cada dia que parece cada vez mais que aquele é o mundo real. Que aquele é o mundo deles de fato.

Passaram por lugares devastados e conheceram pessoas que também estavam presas àquela ilusão interminável de luzes neon e chefes quebrados pela energia paranormal.

Os agentes foram se adaptando. Agora, os que continuavam a tentar jogar para sair dali, trocavam recursos e informações para ajudar um ao outro com o objetivo de purificar toda a ilha. Grupos foram formados e destruídos com o tempo, junto de dois nomes famosos que sempre aparecem na linha de frente:

Os ceifadores eram o maior grupo de N.E.O.N., conhecidos por tomarem áreas inteiras para eles onde mais ninguém deveria entrar, poucos sabiam onde era a base que eles conseguiram construir ou como o grupo começou, era extremamente difícil conseguir negociar com eles a menos que você pague o suficiente, todos sabiam que deveriam tomar cuidado ao ver alguém usando uma máscara de gás sem motivo. A fama de serem cruéis foi crescendo mais a cada dia.

O outro nome que era muito falado quando os agentes se juntavam era o dos dois lobos solitários e desgarrados que não se juntavam a grupo algum, ninguém sabia dizer exatamente como os dois faziam para avançar tanto sem um grupo ou o porquê de nunca se juntarem a um. Hoseok e Mia deram boas risadas ao descobrirem que na verdade estavam falando deles. A fama começou a crescer depois que eles purificaram uma das áreas menores que eram dois ceifadores e essa pequena rixa nasceu.

Hoseok vivia insistindo para que eles abraçassem aquela estética de uma vez já que eles estavam ficando conhecidos, mas desistia assim que ela brincava sobre usar coisas feitas com a pele dos lobos que viviam na floresta, rindo da careta que aparecia no rosto dele.

Era difícil imaginar ficar longe daquele homem sorridente quando tinha passado todos os dias ao lado dele e tudo era absurdamente leve junto de Hoseok, então não se incomodava de fazer parte dos lobos solitários que apareciam de repente, purificavam um lugar e sumiam como se fossem um mito inventado nas fofocas sussurradas pelos cantos daquela ilha.

Mia sorriu ao notar como aquele homem alto e crescido se encolhia contra ela ao acelerar a moto e cortar os carros destruídos espalhados pela estrada.

— Pare de rir — resmungou ele, sem conseguir levantar a voz. — Você é muito má comigo.

Continuou a acelerar em resposta, ouvindo o ronco do motor em bom estado e sentindo o aperto de Hoseok ao redor de sua cintura. Quase perdeu a entrada com aquela distração, fazendo a curva de uma vez e pensando que não demorariam para chegar na praça de troca que ficava bem no centro da ilha.

Não sabia ao certo o que era aquele lugar antes, talvez um shopping, mas não importava quando usavam o espaço amplo e abandonado como centro comercial.

Estacionou a moto há alguns quarteirões, sem querer criar alarde ou arriscar perde-la quando demorou muito para a consertar e encontrar gasolina dava muito trabalho.

Hoseok saiu primeiro, cambaleando dramaticamente e respirando fundo para se acalmar. Ao menos não ficava mais tão pálido como nas primeiras vezes andando na garupa de Mia.

Se demorou em olhar para ela e o sorriso que tomava o rosto de Mia Gonzales, já não conseguia mais negar que aquela mulher era absurdamente estonteante. O cabelo cacheado e cheio de volume tinha crescido bastante e adorava admirar a revolta bonita que eles sempre tinham, mesmo quando os cachos caiam sobre os olhos castanho claros, a pele escura ficava ainda mais bonita abaixo do sol da tarde e não poderia deixar de observar que ela junto de uma moto era uma visão e tanto.

— Sobreviveu? — Mia perguntou e ele colocou a mão sobre o próprio peito antes de assentir.

— Jamais vou me acostumar com isso — Observou enquanto ela descia da moto e a escondia nas folhagens, retirando a chave e se aproximando. —, mas vale a pena pela possibilidade de andar agarradinho com você.

Piscou e recebeu um empurrão no mesmo instante, notando como ela segurava o sorriso para não incentivar mais flertes como aquele, mesmo que soubesse que ele não pararia.

— Vamos focar no que importa — Hoseok riu e assentiu, tinha descoberto ao acaso que flertar com ela era muito eficiente em fazer com que ela perdesse a postura de séria que sempre tentava manter, imaginava se era pelo tempo se preparando para ser policial. De qualquer forma, adorava deixa-la sem jeito. — O que viemos fazer aqui?

— Conseguir informações sobre o parque de diversão — Ele respondeu sem muito ânimo.

— E por quê? — Se inclinou na direção dele para ouvir melhor, não queria que Hoseok se desviasse do objetivo e ele fazia isso com certa facilidade.

— Porque temos que tomar cuidado com as áreas que os ceifadores estão pegando para eles para não arranjar problemas — Tinha praticamente decorado aquela resposta e Mia sorriu ao assentir.

Caminharam lado a lado sem se preocupar em se armar demais, o centro comercial da ilha sempre foi bem protegido e livre de criaturas desde que foi purificado, sempre movimentado e sempre guardado para que monstros não apareçam e tomem aquele lugar novamente como aconteceu com alguns pontos de interesse.

— Mas não é nossa culpa que eles estejam tomando posse de tudo — Ele deu de ombros. — Se eles se apossarem de tudo, não podemos jogar, sem jogar significa ficar sem recursos e sem recursos...

— A gente morre — Mia completou e ele assentiu sem muita paciência para toda essa história e as proporções que ela está tomando.

— E minha querida e bela Mia, isso nunca esteve nos nossos planos.
Mia sorriu por fim, concordando plenamente que eles sempre foram teimosos demais para desistir e deixar que isso aconteça

● ● ● ● ●