Capítulo I

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— O que fez agora, Melina? — A diretora me olhava por cima dos papéis em sua mesa. — Quase todos os dias você está na minha sala!

— O senhor Mackenzie me deu bronca por dormir na aula dele outra vez. — Digo ainda parada na porta.

— Não tem dormido em casa? — Ela me olha preocupada.

— Vai me dar a detenção ou não?

— Duas horas de detenção após a aula e sem gracinhas desta vez.

Respiro fundo e saio da sala da diretora indo em direção ao refeitório para almoçar. Pego uma bandeja e começo a me servir, procurando comer bem pelo menos aqui na escola. Coloco um sanduíche, suco, uma banana para comer e me sento na única mesa que não tinha ninguém.

Como sempre, os garotos me zoavam e as meninas riam da minha cara enquanto eu passava. Absolutamente ninguém tinha a coragem de falar comigo se não fosse para me insultar ou fazer piadinhas.

Eu comia enquanto olhava as garotas intituladas populares quase oferecendo a bunda para os imbecis do time de futebol.

— Por isso dizem que você é boa no boquete. — Um idiota tira a fruta da minha mão. — Vive treinando com banana.

— Vai se foder. — Me levanto, pronta para bater nele.

— Melina! — A inspetora me repreende. — Não cansa de arrumar confusão?

— Você não ouviu o que ele disse? — Pergunto. — O tempo todo alguém vem me insultar e você não faz absolutamente nada!

— Sente-se ou saia do refeitório. — A mulher me encara séria.

— Puta que pariu. — Saio andando dali.

— Olha a boca, mocinha.


Como sempre, ninguém vê o meu lado. A diretora e o restante dos funcionários dessa escola preferem passar a mão na cabeça dos garotos e das garotas. O porquê? Tinham dinheiro e a maioria dos pais tem relevância aqui na cidade.

Há um tempo atrás fiquei com o capitão do time de futebol da escola e o desgraçado espalhou para todo mundo que chupei ele num banheiro público, o que obviamente é mentira. Ele ficou bravo por eu não querer um relacionamento depois de meses ficando e acabou fazendo a minha vida um inferno. O babaca fodeu todo o meu ensino médio.

O sinal tocou e eu fui para a última aula do dia, direto para o laboratório de química. Me sentei na minha mesa sozinha de sempre e comecei a prestar atenção na aula mais entediante do dia.

Alguns minutos de aula se passaram e a inspetora entrou na sala com um garoto que parecia ser aluno novo. Ele tinha dreads no cabelo e um estilo completamente diferente do que costumo ver por toda a cidade.

— Esse é o Tom Kaulitz, pessoal. — A inspetora começa a falar. — Veio de outra cidade e vai estudar aqui. Ele ficou meio perdido para achar a sala, mas agora está entregue, professora.

— Espero que o tratem bem e possam ser amigos. Tom, sente-se ali do lado da senhorita Schneider. — A professora aponta para mim.

O garoto vem até mim e se senta ao meu lado, abrindo seu caderno e colocando as coisas em cima da mesa.

— Gostei do cabelo vermelho. — Tom elogia.

— Gostei dos dreads. — Respondo.

Voltei a prestar atenção na aula pois não queria ir para a diretoria outra vez. O tempo parecia não passar e tudo que eu queria era sair dessa escola. Ainda tinha a detenção e essa nem era a pior parte, pois minha casa também era um inferno.

Faltando alguns minutos para sermos liberados, uma bola de papel é arremessada na cabeça de Tom. Ele olha para os lados e desamassa o papel vendo algo escrito.

"Melhor não sentar aí outra vez, vai que você pega uma doença da Melina"

Ele olha para mim confuso e amassa o papel novamente, indo jogar no lixo.

— Quem foi o idiota? — Pergunto me virando para trás.

— Causando outra vez, senhorita Schneider? — A professora cruza os braços.

— Mas... — Tento me justificar.

— Fora da sala, agora. — A mulher manda.

Arrumo minhas coisas com toda a raiva do planeta e vou em direção a porta da sala, enquanto Tom ainda me olhava confuso.

Eu não iria até a diretoria outra vez ou ganharia mais horas de detenção. Subi até o último andar da escola indo para o terraço, pois lá quase nunca tinha ninguém.

No meio do caminho, vejo mais idiotas de outra turma importunarem um garoto que também parecia ser novato. O rapaz tentava se levantar do chão enquanto os imbecis batiam e puxavam o cabelo dele.

Meu coração apertou ao ver aquela cena e eu poderia apanhar junto, mas não passaria fingindo que não vi nada.

— Deixem ele em paz. — Digo.

— Olha só, a morde pau veio defender o esquisito. — O mais alto riu de mim. — Quer levar uma surra também, prostituta?

— Por que você não bate no seu irmão? — Cruzo os braços. — Enquanto você tá aqui importunando os outros ele tá comendo a sua namorada.

— Olha aqui sua... — Ele vem para cima de mim, mas um de seus amigos o segura. — Só não quebro a sua cara por você ser mulher.

Os valentões saem dali correndo, com medo de serem vistos por alguém. Eu vou até o garoto que ainda estava caído no chão, chorando sem parar.

— Ei. — Me abaixo. — Eles já foram, vai ficar tudo bem agora.

— Mesmo? — O garoto olha assustado.

— Sim. — Pego em sua mão, ajudando o a levantar.

— Muito obrigado. — Ele seca as lágrimas. — Como você se chama?

— Me chamo Melina, e você?

— Bill.

— Você não seria irmão do Tom, seria? — Pergunto. — São muito parecidos, apesar do estilo diferente.

— Ah, somos gêmeos. Conheceu ele?

— É, fizemos dupla na aula de química.

— Entendi.

— Vou ali no terraço, quer vir?

— Claro. — Bill vem andando ao meu lado.

Nós andamos até o muro de concreto no terraço e subi ali em cima, me sentando enquanto Bill apenas encostou ali. Acendi um cigarro e comecei a olhar para baixo, vendo os alunos da escola irem embora.

— Por que se mudaram? — Olho para o garoto.

— Eu sofria bullying na minha antiga escola. — Ele revira os olhos. — Pelo visto aqui também não vai ser fácil.

— Não tenho nem o que falar. Isso aqui é o verdadeiro inferno.

— O jeito é acostumar. — Ele pega o cigarro da minha mão, dando uma tragada.

— Bill. — Tom aparece. — Vamos?

— Já vou indo. — O moreno me devolve o cigarro. — Você vem?

— Tenho detenção. — Digo.

— Então te vejo amanhã?

— Claro.

Ele vai andando até seu irmão que o abraça e começa a conversar. Eles me dão um tchauzinho e logo desaparecem dali. Apago o meu cigarro e pego minha mochila, me levantando para ir até a sala da detenção.

*notinha da autora*

o que vcs acharam? a fic vai ter bastaaante coisa, mas não quero fazer nada tão clichê.

deem a opinião de vcs aqui
bj bj e amo vcs!!

Intoxicação - Tom Kaulitz Onde histórias criam vida. Descubra agora