Capítulo XI

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Dias depois...

(Pov Tom)

Henry estava sumido desde o dia que ele me deu o endereço para ver a mercadoria que tinha chegado no novo depósito. Ele não me falou nada e eu simplesmente não sabia o que fazer depois desse sumiço. Não sabia se ele estava fugindo por segurança ou se algo pior tinha acontecido, pois nem uma mensagem deixou para mim.

Eu e Bill esperávamos por Melina para deixarmos Hanna na escola e depois irmos para a nossa. Quase a tempo de se atrasar, ela apareceu segurando a mão da garotinha que abriu um sorriso ao me ver.

— Tio Tom! — Ela soltou a mão da irmã e veio me abraçar.

— Traíra. — Melina brincou.

— Sou o preferido dela. — Me gabei.

— Você é um convencido, isso sim. — Bill cruzou os braços. — Eu te levei ao parque com a sua irmã, Hanna.

— Sim! — A garotinha correu até o meu irmão. — Também gosto do Tio Bill.

— Subornar não vale. — Reclamei.

— Calado. — Meu irmão mostrou a língua.

Depois de deixar Hanna, fomos para a escola. Eu não tinha aulas com Melina hoje, mas Bill tinha, então nos veríamos apenas nos intervalos.

Fui para sala e para a minha surpresa e desagrado, Alex estava sentado ao lado de uma garota.

— E aí, será que a gente pode trocar de lugar? — Perguntei para menina.

— Claro, Tom. — Ela sorriu enquanto mexeu no rabo de cavalo e se levantou.

— Valeu. — Me sentei.

— Qual é a sua, esquisito? — Alex olhava para mim com raiva.

— Que foi, tá afim de apanhar mais?

— A conversa vocês dois! — A professora chamou nossa atenção.

— Se eu fosse você perdia essa marra toda. — Ele sussurrou.

— Me fala o porquê.

— Não vai ser nada legal espalhar fotos da sua namoradinha quase nua com você, feito dois pervertidos.

— Tem certeza que o pervertido não era você seguindo a gente? Tava batendo uma observando da moita?

— Só tirei as fotos para ferrar os dois.

— Você acaba de fazer a coisa mais burra do mundo admitindo que foi você quem tirou as fotos. — Eu ri baixo. — Se vazarem, eu acabo com a sua raça.

— Não tenho medo nenhum. — Alex riu de volta. — Vai fazer o quê? Mesmo se me bater, a fama de prostituta da Melina vai continuar.

— Seu pai não é dono daquele mercado grande? Pelo visto ele quem gosta de foder com prostitutas...

— De que merda você tá falando?

— Aqui ó. — Entreguei uma foto do homem agarrado com uma mulher num beco. — Da pra ver a cara dele direitinho.

— Filho da puta. — Alex rasgou a imagem.

— Imagina todo mundo vendo isso, até a tua mãe. — Cruzei os braços e me acomodei mais na cadeira. — Mas se não for suficiente para você, eu posso te encher de bala.

— Vou desaparecer com as fotos. — O rapaz se encolheu em seu canto. — Hoje mesmo.

— Isso aí, cachorro manso.

Assisti o restante das aulas até a hora do almoço e fui encontrar Melina e Bill depois. Disse que já tinha resolvido a história do envelope e ela me agradeceu com um abraço.

Meu irmão tinha dito que os garotos não estavam pegando tanto no seu pé e ele não entendia o porquê, mas Melina me olhou entendendo exatamente o motivo daquilo. Tentei disfarçar para que Bill não percebesse nada e nós fomos comer.

Nos separamos mais uma vez até a hora de irmos embora. Fomos buscar Hanna e deixar Melina na casa dela. Ela me abraçou forte e me beijou, como se não quisesse mais me largar e nem eu queria que ela fizesse aquilo. A garota me agradeceu novamente e lamentou ter que entrar, mas se despediu de mim e do meu irmão enquanto sua irmãzinha fazia a mesma coisa.

Fui caminhando com Bill até a sorveteria que ele ia encontrar o cara com quem ele estava saindo nos últimos dias. Meu irmão estava mais feliz e consequentemente, eu também ficava feliz com isso. Meu único medo era o preconceito das pessoas, por isso sempre pedia para que eles não ficassem dando bobeira por aí... o mundo pode ser cruel para caralho, principalmente nessa sociedade que vivemos.

Já anoitecendo, fui indo até o endereço que Henry havia me passado pois precisava saber de alguma coisa.

— Nenhuma notícia? — Disse ao encontrar Georg no meio do caminho.

— Nenhuma, isso tá estranho.

— E o Gustav?

— Ele tá vindo aí, quer esperar?

— Beleza.

As horas passaram e o dia escureceu de vez enquanto esperávamos numa viela escondida. Quase desistindo de esperar, o rapaz loiro apareceu com uma cara de assustado que nos preocupou.

Gustav encostou na parede e respirou fundo, intercalando o olhar entre mim e Georg.

— Que bicho de mordeu? — Perguntei.

— Desembucha, cara. — Georg continua.

— Henry tá morto. Ele aparentemente morreu num tiroteio com a polícia enquanto tentava fugir da cidade. — Gustav fala rapidamente.

— Puta que pariu. — Fiquei nervoso. — E agora caralho? Que merda a gente vai fazer?

— Só sobrou você, Tom. — Georg diz e os dois olham para mim. — Você era em quem mais o Henry confiava. Você sabe de praticamente tudo.

— E o que querem que eu faça? — Fico indignado.

— Assuma o lugar dele. — Os dois falaram praticamente ao mesmo tempo.

— Merda!

Minha ficha parecia ainda não ter caído, o medo também me consumiu pois poderia ter sido muito bem eu no lugar do Henry. Não tinha o que fazer, eu já estava todo ferrado mesmo.

Fui com Gustav e Georg até o depósito e lá conferimos o tanto de droga que tinha chegado e ainda não havíamos feito nada com aquilo. Concordei em assumir o comando e meus amigos ficaram de passar a informação ao longo da semana.

Tapei tudo aquilo com lonas e pedi para Georg por duas pessoas vigiando o local em turnos, até termos controle de toda a situação.

Eu já estava na merda, mas pelo menos dessa vez eu ia ter mais grana na mão. Assim, quanto mais dinheiro, mais rápido eu sairia dessa vida. Juntaria o suficiente para pagar o tratamento da minha mãe e para mudar de cidade depois, não iria dar para continuar vivendo aqui.

Por isso que me apaixonar não estava nos meus planos, o que eu faria se fosse embora e não visse mais a Melina?

Que droga, ela viria comigo.

Intoxicação - Tom Kaulitz Onde histórias criam vida. Descubra agora