Capítulo V

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(Pov Tom)

Eu observava Melina balançar as pernas de ansiedade e preocupação. Bill conversava com ela e parecia tentar distraí-la enquanto minha mãe não voltava. Meu padrasto também percebendo a preocupação de Melina foi tentar distraí-la junto com meu irmão e até que estava funcionando.

Estávamos convictos que Hanna não teria nada demais, era o que eles diziam a todo tempo pois crianças vivem doentes.

Eu não podia evitar de achar bonita a forma que Melina cuidava de sua irmã. Dava para ver o quanto ela a amava e se preocupava, pois aparentemente fazia de tudo pela garotinha. Eu me identificava, pois eu e Bill somos da mesma forma. Sempre cuidamos um do outro desde que éramos criancinhas até hoje na adolescência. A única coisa que eu lamentava é que Melina não tinha o amor e muito menos o carinho de seus pais.

— Crianças? — Minha mãe chamou. — Hanna ficará bem.

— Nossa! — Melina respirou aliviada. — O que ela tem?

— Bom, aparentemente uma gripe, não é nada demais. — Ela respondeu. — Ela não acordou porque parece que tomou algum tipo de sonífero ou algo assim, mas em breve o efeito vai passar.

— Minha mãe dopou a minha irmã para não ter trabalho, isso é típico... eu deveria ter desconfiado. — A garota cruzou os braços. — Muito obrigada, por terem me ajudado. — Ela olhou para todos nós. — Não sei como agradecer.

— Não precisa agradecer. — Digo.

— É um prazer ajudar. — Minha mãe sorriu. — Hanna vai passar a noite em supervisão, por conta da febre alta que ela teve. Vou ficar no hospital com ela, pois nenhum de vocês pode passar a noite aqui. Vão para casa e descansem, vocês tem escola amanhã. E Melina, passe a noite lá em casa. Não quero que uma adolescente fique sozinha.

...

Quando chegamos em casa, subi até o meu quarto com Bill e Melina. Peguei uma das minhas camisetas e entreguei para ela, pois a sua roupa ainda estava úmida. Meu irmão pediu para que ela tomasse um banho quente e se trocasse, para não ficar doente também.

— Isso é muito triste. — Bill disse quando Melina entrou no banheiro.

— É, ela não merece isso.

— Espero que ela não tenha problemas quando voltar para casa amanhã, sabe? Pelo que você me contou do pai dela...

— Nós vamos dar um jeito, não vou deixar ela apanhar daquele idiota outra vez.

— Você gosta dela?

— Que? Não seja idiota! — Reviro os olhos. — Acabamos de nos conhecer.

— Não falei gostar nesse sentido... você acabou entregando tudo desse jeito.

— Como?

— Vocês são amigos, não são?

— Sim, mas...

— Pronto, meninos. — Melina saiu do banheiro. — Vocês tem certeza que não tem problema eu dormir aqui?

— Claro, problema nenhum. — Digo.

Nós arrumamos nossas camas e um colchão no chão que eu insisti para dormir nele e para que Melina ficasse com a minha cama. Depois de insistir muito, ela acabou aceitando e Bill apagou as luzes para que fôssemos dormir.

Eu não conseguia pegar no sono e a hora parecia não passar também. Quando finalmente estava quase dormindo, escuto soluços baixos... Melina estava chorando. Com certeza estava esperando eu e Bill dormirmos para fazer isso. Por mais que ela passasse por muita coisa, não era o tipo de garota que se imagina chorando. Dava para ver que Melina é dura na queda e para ela estar assim é que a coisa realmente está feia.

Devagar e sem fazer muito barulho, eu me levanto e sento perto dela na cama. A garota dá um espasmo para frente e se encolhe em seu lugar, tentando ficar em silêncio.

— Desculpa por te acordar. — Ela disse tentando disfarçar a voz de choro.

— Eu não estava dormindo. — Me aproximo, deitando do lado dela. — Se quiser pode deitar no meu ombro e chorar á vontade.

— Não quero incomodar mais do que já incomodei, Tom.

— Você não incomoda, Melina.


A luz da lua que vinha da janela iluminava o rosto dela. A garota estava aflita, cansada e ainda chorava por mais que tentasse segurar as lágrimas. A puxei para perto de mim e a abracei com toda a força, fazendo ela desabar no choro mais ainda. Ela me apertava em meio aos soluços como se não quisesse que eu a soltasse.

Melina precisava de um abraço, ela precisava de alguém que estivesse ali por ela. Independente de termos nos conhecido a pouco tempo, o carinho que eu tinha por essa garota era imenso. Não queria que nada de ruim acontecesse a ela ou a sua irmã, mas seria difícil com as duas morando com seus pais.

— Você não tá sozinha. — Passei a mão pelo cabelo dela. — Não mais.

— Por que tanta preocupação com uma praticamente desconhecida? — Ela limpou as lágrimas, olhando para mim.

— Porque as coisas ficam mais fáceis de suportar quando temos alguém que realmente se importa e eu me importo... muito.

— Por que, Tom?

— Vamos dormir, minha mãe vai ficar chateada se não formos pra escola.

...

Era bem cedo quando o despertador tocou. Acabei dormindo na cama com Melina, o que foi bem apertado já que era uma cama de solteiro. Ela tomou todo o espaço e me deixou quase caindo do colchão.

Bill se levantou para atender o seu telefone que tocava enquanto eu acordava a garota que dormia feito uma pedra. Com dificuldade, Melina acordou. Tirei as roupas dela que estavam na secadora e nós nos arrumamos e comemos para ir para a escola.

Minha mãe havia ligado para dizer que estava voltando para casa com Hanna e tomaria conta dela até Melina chegar.

No caminho para aula, amaldiçoei Henry por aparecer e tentar conversar comigo. Meu irmão me olhou desconfiado e Melina também.

— Você não passou lá ontem. — O homem me parou.

— Agora não, mano. — Olhei para Bill. — Depois a gente conversa.

— Ah, tá com a família. — Henry apertou minha mão. — A gente se fala depois.

— O que um traficante queria com você? — Melina perguntou desconfiada.

— Estou me perguntando a mesma coisa. — Meu irmão disse me encarando completamente preocupado.

— Ele só queria saber se a gente queria curtir um barato, só isso. — Respondi. — Vamo logo.

Intoxicação - Tom Kaulitz Onde histórias criam vida. Descubra agora