Capítulo IX

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(Pov Tom)

Melina vestia as suas roupas enquanto eu esperava por ela, ainda sentado na pedra. Nós pegamos as nossas coisas e fomos andando devagar, indo em direção as nossas casas.

Eu me sentia diferente, parecia que as coisas estavam mais leves e fáceis de suportar desde que Melina apareceu. Minha vida tava uma merda, eu tinha preocupações com absolutamente tudo mas quando eu estava com ela, tudo que era ruim simplesmente desaparecia. A presença dela me fazia feliz e até quando estamos longe, é só lembrar do sorriso mais lindo que já vi.

— Gosto de você. — Falei, quebrando o silêncio.

— Também gosto de você. — Ela disse baixinho. — Somos bons amigos.

— Não quero ser só o seu amigo.

— Acabamos de nos conhecer.

— Foda-se? — Eu ri. — Amigos não fazem o que fizemos naquele lago.

— Amigos que se pegam? — Melina riu de volta. — Qual é, você não vale nada.

— Eu poderia começar a valer alguma coisa.

— Por mim?

— É, mas não se acha tanto.

— Convencido. — Ela me deu um selinho.

Continuamos caminhando e já perto da casa de Melina, ela para por alguns instantes e começa a olhar para frente. Uma mulher falava com um dos caras do Henry que vendeu algum tipo de droga para ela. Reparei que Hanna estava junto, então só poderia ser a mãe das meninas. Melina recuou e puxou minha mão, andando comigo para mais longe dali. Fiquei confuso, mas não disse nada até ela encostar em alguma parede e cruzar os braços, tentando evitar o choro.

— O que houve? — Perguntei me aproximando.

— Era a minha mãe.

— Ah, eu vi. — Segurei o rosto dela com minhas duas mãos e limpei as suas lágrimas. — Quer ir para outro lugar?

— Posso te pedir um favor?

— Tudo que quiser.

— Não sei se deveria pedir isso... — Ela respira fundo. — Mas poderia falar com o Henry, para que ele não deixasse ninguém vender para ela? Sei que...

— Vou falar com ele, essa é a última vez que tua mãe vai comprar droga aqui.

— Obrigada. — Melina me abraçou.

Decidimos enrolar mais um pouco e acabou anoitecendo. Comprei comida e nós dois ficamos juntos numa praça, até perdermos a noção da hora e ficar bem tarde.

Melina me chamou para irmos embora e eu fui acompanhá-la até a casa dela. Ela parecia estar mais calma e então, segurei a sua mão durante todo o caminho.

Quando chegamos em sua calçada, o pai dela estava visivelmente com raiva em frente a sua porta, quando olhou para nós dois. Melina se assustou e soltou a minha mão rapidamente, paralisando.

— Calma. — Olhei para a garota. — Eu não vou deixar ele fazer nada com você.

Ela assentiu com a cabeça e segurou a minha mão novamente quando chegamos perto do homem.

— Então é com esse marginal que esteve o dia inteiro? — Ele gritou.

— Pai, por favor... — Melina se afastou quando ele foi para cima dela.

Entrei na frente do homem e o empurrei, mantendo ela atrás de mim.

— Acha certo encher a tua filha de porrada? — Perguntei.

— Quem é você para me dizer o que é certo ou não eu fazer com a minha filha?

— Abaixa a voz. — Falei mostrando o revólver na minha cintura. — Vai ser melhor se acalmar, não acha?

— Então agora você se envolve com bandido, Melina? — O homem gritou novamente.

— Seguinte, já falei para abaixar a voz. — Aponto a arma para ele, chegando bem perto.

— Tom! — A garota me chamou.

— Da próxima vez que você encostar nela, eu encho a sua cara de bala. — Disse olhando em volta. — E todo mundo aqui vai ficar de olho em você.

O pai de Melina corre para dentro de casa e eu abaixo o revólver.

— Perdeu a cabeça? E se alguém visse isso? — Ela vem até mim indignada.

— Pelo menos agora ele não vai fazer nada contigo.

— Você é doido. — Melina riu.

— Tem certeza que quer ficar em casa?

— Ele não vai fazer nada depois disso, tudo bem.

— Toma. — Entreguei a arma.

— Nem brinca.

— Só por segurança.

— Eu não vou ficar com isso! — Ela empurrou minha mão. — Eu durmo com uma faca perto de mim, pode ficar tranquilo.

— Difícil ficar tranquilo com você dormindo aí.

Melina veio até mim e me beijou, abraçando e aquecendo todo o meu corpo. Ela separa nossas bocas mas continua abraçada comigo por mais alguns minutos. Eu conseguia sentir os batimentos dela que estavam acelerados, mas foram se acalmando a medida que os minutos se passaram.

— Obrigada. — Me deu outro selinho.

— Não precisa agradecer.

— Agora tenho que ir, Hanna está lá dentro. — Ela desfez o abraço. — A gente se vê amanhã?

— Com certeza, gatinha.

Observei Melina entrar em casa e me dar um tchauzinho antes de fechar a porta. Eu ainda estava preocupado e com medo do pai dela tentar fazer alguma coisa, então ainda demorei um pouco para sair da frente da casa dela. Não escutei nenhuma gritaria, então fui indo embora.

Já na minha calçada, Henry me esperava ali perto com mais alguns caras. Havia me esquecido de que ele queria falar comigo hoje.

— Esqueceu outra vez, Kaulitz?

— Estava com a Melina. — Me justifiquei. — O pai dela é bem pirado.

— Ah, é aquela que geral chama de prostituta?

— Ela não é prostituta, porra.

— Enfim, chegou mercadoria. — Ele me entrega um papel. — O endereço novo é esse aí, mas não quero que fale para mais ninguém. Só confio em você no momento.

— Beleza. — Guardei o papel no bolso. — Tenho que pedir um favor para você.

— Manda aí.

— Sabe a mãe da Melina?

— Aquela viciada que compra todo dia?

— Pede pro pessoal parar de vender para ela.

— Nem fodendo. — Ele ri. — Nossa cliente mais fiel.

—  Não tô zoando, cara. — O encarei sério.

— Pode deixar. — Henry se prepara para ir embora. — Ninguém vai vender mais nada para ela.

— Valeu.

Intoxicação - Tom Kaulitz Onde histórias criam vida. Descubra agora