Capítulo II

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AVISO: Alerta de gatilhos para este capítulo.

A detenção já havia chegado ao fim e eu fui até o meu armário guardar meus livros, para poder ir embora. Já era noite, a escola estava vazia e eu precisava me apressar. O zelador ia apagando as luzes enquanto eu corria até a saída para que ele trancasse tudo.

Eu não morava tão longe assim dali, então o trajeto era bem rápido. A lua estava bonita e o céu também, enquanto não tinha ninguém além de mim nas ruas.

Após chegar em casa, procuro pelas minhas chaves e destranco a porta. A sala estava uma zona e meu pai dormia na poltrona completamente sem jeito. Tudo fedia a bebida e tinha vodka derramada sobre a mesa. Subi até o segundo andar e pude ouvir o choro da minha irmã vir do quarto da minha mãe.

— Finalmente chegou, Melina. — A mulher me olha com um semblante de raiva. — Aonde esteve?

— Eu tava na detenção.

— Imprestável, como sempre. — Ela anda de um lado para o outro. — O que você está esperando? Pega a sua irmã e some com ela daqui! Já não aguento mais ouvir essa garota chorar.

— Já tentou dar comida para ela? — Pego Hanna no colo.

— Some, Melina. — Ela me empurra para fora e fecha a porta.

Vou até a cozinha com Hanna em meus braços para poder preparar algo para comermos.

— Mamãe não quis ficar comigo. — Minha irmã diz baixinho quando a coloco sentada no balcão.

— Mas eu quero, tá bom? — Dou um beijo na bochecha dela. — Está com fome?

— Sim.

Começo a abrir os armários que estavam completamente vazios e a geladeira nem se fala. Não tinha nada além de bebidas alcoólicas e macarrão velho na despensa.

Olho para Hanna que esperava, morrendo de fome. Os olhinhos dela brilhavam de inocência e eu me odiava por não poder tirá-la dessa situação. Ela era só uma criança e meus pais são dois desnaturados que não tem amor nem por mim ou por ela.

Meu pai voltava bêbado do trabalho todos os dias e a minha mãe só bebia e usava todo o dinheiro que recebíamos do governo para comprar drogas e bebidas, era difícil ter o que comer em casa.

— Tá bem, você quer comer uma pizza? — Pergunto a Hanna.

— Eba, eu quero!

Desci a minha irmã do balcão e peguei na mãozinha dela, para que nós duas saíssemos de casa. Quando meu pai recebia seu salário, eu costumava pegar pelo menos cinquenta pratas sem ele perceber e guardar comigo, ele nunca notava... nunca estava sóbrio para fazer uma conta matemática. Eu guardava tudo num fundo falso do meu guarda roupas, se não fizesse isso com certeza minha irmã já teria morrido de fome ou por falta de remédios.

Sem minha mãe perceber, eu pego o dinheiro e volto com Hanna até a sala para ter certeza de que meu pai ainda estava dormindo. Coloco um casaco na Hanna e saio de casa sem fazer muito barulho.

Não era muito tarde, então fomos a uma pizzaria que não ficava longe de casa. A noite estava bem fria e o restaurante não estava cheio. Me sentei em uma mesa com minha irmã e fiz o pedido.

Eu estava exausta, mas tentava dar o máximo de atenção possível a Hanna que contava sobre seus desenhos. Depois que a pizza chegou, nós comemos e eu deixei o dinheiro na mesa para irmos embora.

No meio do caminho, vimos um filhote de gato  sair de alguns arbustos e Hanna simplesmente sai correndo atrás.

— Hanna! — Grito. — Vem aqui!

Intoxicação - Tom Kaulitz Onde histórias criam vida. Descubra agora