Prólogo ☔

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Era uma manhã de primavera. Acordei com o cheirinho de café, levantei da cama arrastando meu coelho de pelúcia, era o único brinquedo que eu tinha, pois minha mãe trabalhava em uma lanchonete como atendente e o que ela ganhava só dava para sobrevivermos, isso quando meu padrasto não pegava tudo, assim que cheguei na cozinha ela me olhou e sorriu, eu adorava quando estávamos só nós dois em casa, tudo era paz.

— Meu anjinho, venha tomar seu café, vem, meu amor! — Ela puxou a cadeira para mim sentar, pôs café com um pouco de leite em um copo para mim e passou manteiga em uma banda de pão, ela estava tão linda, tão feliz, eu admirava mais do que tudo nessa vida.

Eu esfregava meus pequenos olhos, pois ainda estava sonolento, ela sorriu acariciando minhas bochechas, tomei meu café enquanto ela estava lavando as louças, eu a olhava toda hora, sem querer derramei café sobre a mesa, me assustei e comecei a chorar.

— Mamãe, mamãe, me desculpe, eu derramei! — Falei com a voz embaçada, por causa do choro.

-— Não tem problema, meu anjinho, a mamãe vai limpar, está bem!

Balancei minha cabeça e ela limpou as lágrimas que se formaram rapidamente em meu rosto, deixando minhas bochechas vermelhas, ela apertou a pontinha do meu nariz e sorriu então ela foi até a pia pegar o pano para limpar o café derramado, desci da cadeira e corri até ela e a abracei tão apertado, mas assim que minhas mãos tocaram suas costas ela sentiu dor, eu me assustei, pensei que eu a tinha machucado.

— Não se preocupe, meu amor, a mamãe só está cansada, tá bom! Agora vá tomar seu banho.

— Min-ji, abre a porra dessa porta! — Assim que minha mãe ouviu a voz do meu padrasto ecoar, deixou o prato cair de sua mão e quebrar, seus olhos só transmitiam medo, pavor, meu coração acelerou pois pela voz dele com certeza estava bêbado novamente.

— Jimin meu amor, vamos brincar de esconde-esconde!

Acenei com minha cabeça dizendo que sim, mas eu sabia que ela só estava querendo me proteger.

— Eu irei contar e você irá se esconder, está bem? Me prometa que você só vai sair de lá quando eu te achar, vou começar a contar.

UM.....DOIS....TR .....

Antes que ela completasse três eu saí correndo para me esconder.

— Min-ji, eu vou derrubar essa porta se você não vir abrir!

Eu me escondi dentro do armário e deixei a porta entreaberta, minha mãe foi abrir a porta e, ao fazer isso, meu padrasto entrou com tanta raiva segurando ela pelos cabelos, eu assistia tudo.

Minhas lágrimas rolavam pelas minhas bochechas gordinhas, tapei minha boca para que ele não escutasse meu choro, ele queria dinheiro para jogar e quando minha mãe não dava ele a espancava, a machucava. Às vezes ele descontava sua fúria em mim, quando me encontrava pela frente, queimava minhas costas com bagana de cigarro, puxava meus cabelos, isso quando não tentava me vender para os velhos ricos.

Isso virou rotina, todos os dias ele saia para encher a cara, e voltava bêbado e agressivo, então batia na minha mãe. Começou a espancá- la e a torturava todos os dias, e eu não podia fazer nada, infelizmente eu não tinha forças para enfrentá-lo era apenas uma criança.

Em uma madrugada eu acordei com barulhos vindo da sala, me levantei, tentei abrir a porta mas estava trancada. Caminhei até a minha janela, olhei, e vi que a janela do quarto dela estava aberta, sem medo eu me pendurei na sacada e fui me esfregando na parede até chegar o outro lado, entrei em seu quarto, ela conversava com um homem mas eu não via o seu rosto, ele entregou um envelope para ela e foi embora antes que meu padrasto chegasse, me pendurei novamente e voltei para meu quarto.

Ela chorava sem parar, eu escutava seu choro do meu quarto e chorava junto era como se eu sentisse sua dor, eu não entendia nada, queria muito perguntar, mas eu só era uma criança, escutei quando meu padrasto chegou, os gritos, os palavrões que ele falava para ela, doía demais, cada tapa que ele dava nela eu sentia em mim, eu nunca entendi o porquê ela nunca o denunciou. Foi a noite mais longa que tivemos.

Já na manhã seguinte minha mãe demorou para abrir a porta do meu quarto, eu gritava a chamando, e nada dela aparecer comecei a chorar comendo do pior ter acontecido, depois de alguns minutos a porta foi aberta, seu rosto estava todo machucado, ela se abaixou ficando de joelhos em minha frente e eu levei minha mãozinha até seu rosto fazendo carinho enquanto suas lágrimas escorriam,

— Não chore mamãe. — Beijei um olho cada vez e sorri.

— Isso vai acabar meu amor, nunca duvide do amor que a mamãe sente por você! Mas isso vai acabar, você vai crescer, se formar, vai se casar, vai ter um bom trabalho, e uma família que o ame muito.

Sinceramente eu não entendia nada das coisas que ela falava.

— Agora vamos, você precisa se arrumar, tomar seu café e ir para a escola.

Acenei com minha cabeça e sorri, corri em direção ao banheiro. Ela me arrumou e passou uma maquiagem em seu rosto, pegou seus óculos escuros para esconder seus olhos roxos, nesse dia ela fez questão de me levar à escola, assim que ela me deixou, olhei para trás e ela acenou e sorriu para mim.

Depois que vi nosso carro sumir no final da esquina resolvi voltar para casa, algo dizia para mim voltar, eu corria o mais rápido que eu conseguia sei que não sou rápido pois minhas pernas eram pequenas, já muito cansado parei e respirei um pouco.

O carro da minha mãe já estava na garagem, eu entrei, coloquei minha mochila no sofá, pensei que a encontraria na cozinha, mas nem sinal dela, então comecei a subir as escadas, degrau por degrau, a porta do seu quarto estava entreaberta, assim que abri a porta, gritei.

— Mamãe......

Corri, ela estava pendurada com uma corda envolta de seu pescoço, ela se esperneava, estava roxa, tentei levantá-la mas eu não conseguia, seu corpo era pesado demais para mim.

Eu não sabia o que fazer, nem o que pensar, a única coisa que veio em minha cabeça foi chamar a vizinha Ducy, então eu corri descendo a escada e fui até a vizinha, bati em sua porta e ela abriu, eu fui logo dizendo que minha mãe estava roxa, amarrada no alto, assim que ela me escutou correu junto comigo até minha casa, mas já era tarde, minha mãe estava sem vida.

Meu padastro não deu nem sinal de vida, ele sumiu, no velório da minha mãe só estava presente eu, a vizinha Ducy e as meninas da lanchonete onde ela trabalhava, depois do velório eu fui levado para o orfanato pois iria ficar aqui até eu atingir a maioridade.

Eu chorava todas as noite com saudade dela, comecei a ser atormentado pelos pesadelos daquele dia triste da minha vida, eu passava as noite mas acordado pois tinha medo de dormir. Eu nunca soube o motivo dela tira sua vida, toda as noite tenho pesadelos com essa cena, eu me culpo por não conseguir salvá-la, nunca mais soube o que é deitar e dormir direito sem ter pesadelos com o infeliz do meu padrasto.

Nem bem completei meus quinze anos comecei a trabalhar mesmo sendo ainda uma criança, a freira Maria me ajudava pois se as outras irmãs soubesse que eu saia todos os dias eu era castigado, aos dezessete anos eu fugi do orfanato e voltei para minha antiga casa, foi muito difícil voltar depois de anos, mas eu não tinha para onde ir, nem parente eu tenho, e também não me importo com isso.

Terminei meus estudos, me formei, consegui um trabalho, conheci pessoas maravilhosas que me ajudaram e outras que me criticaram, tudo estava indo bem, porém, mas algo iria mudar minha vida para sempre e será que eu estou preparado para isso?

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Amor Por Acidente • Jikook🐇🐥Onde histórias criam vida. Descubra agora