Capítulo 06

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"In the night the stormy night she'll close her eyes
In the night the stormy night away she'd fly
Dream of para-para-paradise" Paradise, Coldplay"

"Na noite, a noite tempestuosa ela fecharia seus olhos
Na noite, a noite tempestuosa ela voaria
E sonharia com o para-para-paraíso"

OLÍVIA

Se eu dissesse que o cheiro dele não estava mexendo com a minha cabeça e me fez revirar no travesseiro a noite toda, seria uma mentira.

Queria poder voltar no tempo e nunca tê-lo conhecido, talvez a vida seria mais fácil. Possivelmente nesse momento nem estaria viva.

O jeito é fazer o que eu faço de melhor: fingir que tudo está sob controle, me jogar no trabalho e talvez a exaustão ajude a dormir melhor no fim do dia, em vez de ficar pensando num par de olhos amarelos com manchinhas pretas.

Depois de limpar todo o salão, começo a recolher o lixo para levar para os fundos, mas assim que abro a porta sinto o cheiro de almíscar e pecado maculado com sangue.

Alejandro está caído tentando se rastejar em mim direção e levo alguns segundos, por conta do choque para alcançar seu corpo e me ajoelhar a seu lado. Viro ele de bruços enquanto ele geme e sinto sua camiseta encharcada de sangue, tem uma ferida com prata escorrendo.

Inalo o ambiente e não sinto ninguém o seguindo.

- Precisamos tirar você daqui imediatamente. - Tento erguê-lo mas ele é pesado e está sem forças - Chegou até aqui, precisa me ajudar e reagir um pouco mais. - Seus olhos estão fechados, mas ele acena concordando.

Impulsiono ele e juntos conseguimos levantar. Ele se apoia completamente em mim e com pequenos passos, nos direciono ao meu quarto, onde tranco a porta e ele cai em cima da cama.

Levanto sua blusa e a ferida está ainda pior do que eu imaginava por baixo, o que me assusta.

- O oponente está pior... - Ele brinca e mordo meus lábios.

- Vou precisar limpar isso, tirar a prata - ele concorda -, isso irá doer...

- Pode fazer.

Pego todo material necessário no meu banheiro e encaro o homem jogado na minha cama. Alejandro está sujo, além da ferida da bala tem escoriações por todo corpo e parte de um braço está com queimaduras.

Me aproximo e começo esfregando a ferida da bala de prata, ele trinca os dentes, mas não emite nenhum som, se mantendo firme sob meus dedos. Esfrego a prata até que escorra sangue.

Tento conversar para distrai-lo:

- Por que veio até aqui? - Eles está concentrado demais e não me responde. - Está tudo bem, acabou. - Sua respiração entrecortada dispara meu coração.

Termino de fechar seu curativo e sinto seu corpo relaxar. Ele precisa dormir para que a regeneração de lobo o cure mais rápido.

Fico hipnotizada, mesmo com seu estado, não consigo deixar de estudar seu corpo musculoso e pensar na loucura que é ter ele deitado na minha cama.

Resolvo tirar toda a sua roupa e lidar com as feridas menores, sinto que seu corpo está ardendo em febre, possivelmente pelo contato com a prata e com ele inconsciente não consigo lhe oferecer nenhuma medicação, então coloco um pano limpo e úmido em sua testa.

Quando pego suas roupas para dobrar, seu celular cai do bolso da sua calça e assim que o pego no chão ele vibra recebendo uma notificação. Ela acende e aprece uma mensagem na tela.

Entre Estrelas e PromessasOnde histórias criam vida. Descubra agora