Dúvidas do coração

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Atsushi percorria as ruas de Yokohama em alta velocidade, dirigindo habilmente o Cadillac sem saber exatamente para onde estava indo. A angústia apertava seu peito a cada segundo que se passava, temendo intensamente que fosse tarde demais.

Construía e derrubava mentalmente seu raciocínio, procurando chegar a um pensamento lógico, mas o choro e o desepero o venciam, impedindo qualquer tentativa de organizar a questão.

Afinal, onde estaria Ryuu?

O suor frio escorrendo por suas feições assustadas, Atsushi tentava firmar-se com as mãos no volante, tentando ao máximo focar no que precisava fazer.

Seu olhar analisava cada centímetro quadrado da avenida, os prédios intermináveis sufocando-o e dando-lhe pontadas de ansiedade.

Onde você está? Onde você está? Onde você...?

Seu cérebro repetia a mesma pergunta, diversas e diversas vezes. O Nakajima dirigiu até ruas por onde sabia que Ryūnosuke já havia passado; a principal do shopping, a afastada estrada que conduzia ao Mitsuike park, vielas que saíam do distrito do Porto, aonde seu coração mandava, Atsushi apenas acelerava e desesperadamente corria contra os minutos.

Porque Yokohama era uma cidade enorme, e ele não fazia ideia de onde deveria procurá-lo.

Foi até o restaurante italiano onde os dois haviam almoçado naquele dia.

-Sinto muito, senhor -o atendente lhe respondeu, ao ser questionado se havia visto Akutagawa- mas não vi sinal algum deste jovem. Se quiser, posso falar com alguns amigos meus para ajudá-lo a procurar por ele, eles conhecem a cidade toda. Não se preocupe, Yokohama é grande, mas não é infinita.

O atendente voltou a seu costumeiro trabalho, polindo talheres e servindo vinho nas taças dos clientes, a luz amarelada e acolhedora do ambiente iluminando seu serviço caprichado, enquanto Atsushi retornava para seu carro, largando-se no banco do motorista.

"Entrego-me então à única certeza que tenho na vida: a morte."

Aquelas palavras ainda o atormentavam, zunindo em sua cabeça.

Aquilo não podia ser o fim. Não, ainda havia uma salvação.

Atsushi acelerou outra vez o carro, ultrapassando os outros automóveis que transitavam por ali, quase atropelando uma senhora que atravessava a rua depois de sair de um táxi. O platinado seguiu pelos distritos até se afastar do centro principal da cidade, pegando uma estrada que levava àquela elevação sobre o mar onde ele e Akutagawa estiveram. As ondas estavam calmas, a água batendo com um prazeroso ressoar nas rochas, espalhando respingos de sua substância salgada para cima em delicadas gotículas.

A calmaria da natureza era a única existência ali. Ryūnosuke não estava lá.

Atsushi corria de um lado para o outro, com os pés castigando a terra e a neve do solo, chamando por Akutagawa, gritando seu nome como se aquilo fosse trazê-lo de volta para seus braços.

Voltando para a área urbana da cidade, Atsushi precisou parar no posto de gasolina para abastecer o carro. As luzes do estabelecimento brilhavam foscas contra a escuridão que se derramava pelo céu. O Nakajima sentia o frio penetrar-lhe até os ossos, mesmo por cima da blusa, enquanto deixava o pagamento sobre o balcão e retornava para seu carro. Antes de dar a partida no motor, sentiu seu celular vibrando em seu bolso. Ao adaptar seus olhos ao brilho da tela, viu que era Gin quem o chamava por ligação.

-Alô, Atsushi -a voz dela estava realmente abalada do outro lado da linha- eu não sei mais o que fazer. Revirei ponta a ponta da cidade e nada. Algum progresso?

The Armed Street ~ {Shin Soukoku Fanfic}Onde histórias criam vida. Descubra agora