Um aviso nada gentil

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Resolvi trazer um pov do nosso mini querido que cura depressão, um amor ele

Então bora porque agora teremos

<POV Atsushi Nakajima>
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Ele passou o dia todo na cafeteria. Desde a manhã até o entardecer.

Recebemos cerca de trinta clientes ao longo daquelas dez horas de trabalho, com apenas uma pausa curta para uma xícara de café. Eu estava na cozinha, terminando de limpar o resto da bagunça sobre a bancada e a pia, satisfeito por não precisar ter preparado muitas coisas naquele dia. Sabe, eu gosto de cozinhar mas às vezes eu agradeço se não for necessário. Observando Akutagawa trabalhar, vi que ele é bastante profissional e até bem organizado, seguiu todas as minhas instruções corretamente, mas é tão... quieto. Mal falou com os clientes. Passou o tempo todo sozinho, falando apenas algumas frases do tipo "aquele livro está na prateleira três, estante nove.", ou "aqui está" ou o básico do tipo "sim", "não", "tudo bem".

Isso me incomodou um pouco, confesso.

Saí da cozinha e fui direto até a porta da cafeteria, virando a plaquinha para o recado "estamos fechados". Me dei conta de que fazia mais ou menos uma hora que eu não fazia ideia do que o Ryūnosuke estava fazendo. O procurei, indo em direção à seção de estantes e quando o avistei, sorri, na tentativa de tentar animá-lo. Quase pareceu que ele nem havia me visto. Colocou um último livro na prateleira quatro e só então olhou para mim, o rosto sem esboçar nenhuma emoção.

-Todos em seus perfeitos lugares. -Murmurou, colocando as mãos nos bolsos. Não entendi o que ele queria dizer com "lugares perfeitos", até observar com atenção prateleira por prateleira. Meus olhos se arregalaram com a espetacular visão de todos os livros, com exceção das coleções, arrumados em um lindo gradiente que começava no vermelho-vivo nas prateleiras superiores das estantes e finalizava-se no preto das lombadas dos exemplares bem de baixo.

-'Tá de brincadeira- exclamei- você arrumou todos por cor?!

Ele apenas acenou com a cabeça, em confirmação. Fale comigo, por favor...

Me aproximei dele, me apoiando na prateleira do lado oposto onde Akutagawa estava, ficando de frente para ele.

-Você fez um ótimo trabalho hoje.

-Hm.

-Sabia que eu nunca tinha pensado em organizar desse jeito?

-Hm.

-Você... você é... bem criativo...

-Hm.

Não consegui sustentar uma conversa maior que essa o dia todo. Quando eu chegava perto ele só desviava o olhar, encarava os próprios pés ou fingia que estava conferindo algum livro. Queria que olhasse pra mim. Que falasse comigo.

-Quer saber de uma coisa? -Suspirei- eu gostei de você. -Ryuu me encarou- digo, você trabalha bem. Vou te contratar.

Por um instante pensei ter visto um certo brilho em seus olhos.

-Mas -completei- tenho uma condição. -Ele usou uma expressão zangada como se dissesse "você não está em posição de colocar condições nesse momento"- todos os dias de trabalho, no caso, de segunda até sexta, você precisa trocar no mínimo três frases comigo.

Akutagawa me encarou ainda mais, como se estranhasse o que falei.

-O que está querendo? -Suas feições irritadas me fitaram.

-Que converse comigo. Se não, nada feito. Sem emprego. Na casa do Dazai você contou tudo tão bem pra nós... por que não quer falar nada agora?

Recebi um silêncio vazio em resposta. O vento de outono soprava, uivando do lado de fora da cafeteria, o céu levemente escurecido como a premonição da curta chuva que se sucederia. Como se tivesse lido meus pensamentos, ele comentou, vagamente:

The Armed Street ~ {Shin Soukoku Fanfic}Onde histórias criam vida. Descubra agora