✧ ─── capítulo 1

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Burrice com moderação

Percy's pov
5 de setembro, 08:27

      Acho que posso dizer que tudo começou porque me meti em encrenca. Não que isso fosse uma novidade. Sendo bem sincero, me meter em encrenca já tinha se tornado um ato rotineiro na minha vida. Eu tinha certeza que a direção da escola fazia apostas do tipo "Quanto tempo vai demorar para Percy Jackson levar uma advertência essa semana?". No entanto, a besteira da vez não me levaria a sala do Sr. D, o que já mudou totalmente o rumo das coisas.

      Posso falar a verdade? É tudo culpa da Estelle. É isso. Essa é a minha justificativa. Sempre é culpa dela e eu sempre levo a culpa. Se ela não tivesse me desafiado…

Flashback on - Uma semana antes

     — Caralho… — Estelle apareceu na cozinha, e olhei para ela com o cenho franzido.

      — Você pode me dizer onde bulhufas aprendeu isso, mocinha? — questionei, fazendo ela revirar os olhos e murmurar algo sobre ter quatorze anos e não oito. Não dei muita bola. Eu sempre ia tratá-la como uma criança por dois motivos:

1. Eu realmente a via assim;
2. Ela ficava irritada.

      — O que aconteceu? — perguntei, enfim, secando as minhas mãos úmidas após algum tempo lavando a louça.

      — Acabei de lembrar que falta pouco tempo para a volta às aulas — ela suspirou — Não quero nem saber de ensino médio, Jackson. Tô' avisando.

      — Não é tão ruim assim, Telle — falei, soltando um riso anasalado. Estelle estava muito preocupada com o fato de não estar mais no fundamental e, sinceramente, eu não a julgava muito. Eu me lembrava de quando eu tinha me formado no oitavo ano. Apesar de eu nunca ter sido o tipo de pessoa que se desespera por qualquer nota abaixo de oito, eu tinha ficado nervoso. O ensino médio sempre parece algo muito distante até você chegar nele. É tipo a vida adulta. Um dia você é adolescente e, no outro… boom. Acabou.

      Estelle abriu a geladeira e pegou um suco de maçã, se sentando em uma das cadeiras de madeira colocadas em volta da mesa.

      — Se você sujar um copo, já vou avisando que não vai ser eu quem vai lavar — falei, me sentando de frente para ela.

      — Insuportável — xingou ela, pegando um canudo de papel na gaveta e colocando na garrafinha.

      Ficamos algum tempo por ali conversando. Falamos de muitos tópicos, até que eu tomei uma decisão terrível. A personalidade de Estelle era, digamos, bastante diferente da minha, o que me fazia esquecer do fato dela ser extremamente sarcástica e ter um grande potencial para ser pior do que eu. Eu genuinamente me perguntava de que parte da família vinham aqueles genes abençoados. Porque minha mãe era um amor de pessoa.

      — Vai ser representante de sala de novo? — provoquei. Eu sabia o quão irritada Estelle ficava sempre que eu falava sobre o cargo que ela havia levado por três anos. Ela vivia reclamando e passando estresse com os colegas de classe por causa daquilo, mas todo ano se candidatava de novo (mesmo sempre falando "um dia eu renuncio o cargo, juro" incontáveis vezes).

      — Nem começa, Jackson — ela revirou os olhos. Você deve estar se perguntando porque Estelle me chama de Jackson se, bem, somos irmãos e, teoricamente, temos o mesmo sobrenome. O motivo é simples: meu pai biológico tinha ido embora, me abandonado. Dois anos depois, minha mãe conheceu meu padrasto e a minha verdadeira figura paterna e tivera a Estelle. Logo, eu uso o sobrenome de solteira da minha mãe e a minha irmã o sobrenome do pai dela — Eu não vou me candidatar para aquela merda esse ano.

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