Capítulo 1

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Com um leve bocejo ao abrir os olhos, João piscou algumas vezes e espreguiçou os braços antes de colocar os pés no chão gélido. Depressa se vestiu e, ao olhar para sua cama, percebeu que ela estava vazia. Não surpreso, já imaginou que Jordan se levantou cedo para dar conta de suas responsabilidades como rei.

Seu marido praticamente andava afundado em trabalho, resolvendo uma quantidade de problemas, entre eles, conflitos familiares, questões territoriais e um sem-fim de pedidos vindos da população.

Ele ficaria ocupado por um tempo, e João já o havia atrapalhado outras vezes, não queria cometer o mesmo erro. Por isso saiu do seu quarto para caminhar pelo jardim, a fim de ficar um pouco sozinho. Normalmente eram acompanhados por guardas quando saia de dentro da construção do castelo. No entanto, ao fechar a porta deparou-se com Ruvik parado ao quarto do lado.

O jovem olhou para João e sorriu.

João apenas franziu o cenho discretamente e começou a andar. E além de ouvir os seus próprios passos, escutava os de Ruvik. Talvez fosse apenas coincidência que tomariam o mesmo caminho. Contudo, João percebeu que ao descer as escadas, dobrar alguns corredores do castelo e finalmente entrar no jardim, que talvez, Ruvik o estivesse seguindo.

Curioso, virou-se subitamente e viu Ruvik parado a poucos passos de distância, com um sorriso simpático nos lábios e as mãos para trás.

— Conheço você — afirmou João, tentando se lembrar de onde já tinha visto o jovem. — Jordan pedia favores a você. Qual era mesmo o seu nome... hum...

— Ruvik, senhor — respondeu prontamente o serviçal.

— Isso mesmo. Ruvik. — João aproximou-se dele. — Diga-me, Ruvik. Está me seguindo?

— Mas é claro.

João arregalou os olhos, não esperava que a resposta fosse tão direta.

— C-c-como assim?

— Sou seu pajém. Como já saiu da sua lua de mel, creio eu. O acompanharei sempre que estiver disponível e quando o senhor não estiver com Jordan. Estou aqui para atender qualquer pedido, o que precisar tentarei providenciar — disse, deixando claro o seu papel como serviçal de João.

João suspirou, imaginando como seria andar sempre acompanhado e questionou quem havia ordenado aquilo. Lembrou-se rapidamente de que Ruvik, sendo servo de Jordan, também recebia ordens dele.

— Foi Jordan?

— Isso, nosso soberano quer que eu fique com o senhor. Informou que poderia ser bom para que o senhor não precisasse andar a todo tempo com soldados.

João suspirou.

— Não precisaria andar com os soldados se alguém da alcateia falasse comigo.

Aguardando uma pergunta de Ruvik, como "por qual motivo eles não falam com o senhor". Ele cruzou os braços, sabia pela expressão do outro jovem que este tinha perguntas, mas o pajém não abriu a boca para soltar as palavras.

— Já sei. Só pode perguntar se eu permitir. Não é isso?

— Sim, senhor.

João meneou a cabeça positivamente, e Ruvik agradeceu o gesto.

— Existe algum motivo para que eles não falem com o senhor?

— Tiveram de fazer muitas coisas por mim... — João engoliu em seco, meio desconfortável em reviver alguns acontecimentos. — O que importa é que tenho de resolver essa questão. Os dois lados não podem ficar sem se falar para sempre.

João voltou a caminhar pelo grande espaço retangular, cheio de plantas. Havia lindas trepadeiras vermelhas envolta e em cima de pequenas cercas de madeiras que estavam enfeitando o local. Entretanto, João sorriu ao ver um espaço cheio de rosas damascenas.

O Cavaleiro Do Lobo - Filhos Da Lua - Livro 2 (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora