Capítulo 5

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Jordan estava com as pernas cruzadas no assento acolchoado de sua carroça. Olhava fixamente para um João inerte em pensamentos, que se sentou no seu lugar e passara o caminho todo com os olhos na janela, observando a vista do lado de fora. Jordan achou que ele estava leve depois de ter assistido a um torneio e ter conhecido um pouco mais do seu reino. Mas Supôs que o jovem ainda estava um pouco incomodado por não ter lhe contado nada quando foi indagado sobre a missão de Fury.

— Só não respondi antes — Jordan conseguiu que João olhasse para seu rosto — por querer estar em casa antes. E longe de guardas, não gosto de sair tagarelando sobre situações importantes.

João suspirou.

— Entendo. Posso lhe assegurar que não estou chateado por causa disso. — João voltou a recostar sua cabeça perto da janela. — Mas sim por essa pequena festa. A alcateia inteira estará lá, não é?

Jordan ergueu as sobrancelhas, dando-se conta da real chateação do seu parceiro, como não percebeu antes? Ele mesmo já tinha falado. Preocupou-se tanto com a culpa que sentia que nem imaginou por um segundo sequer que João poderia estar chateado com qualquer outra coisa. Precisava fazer mais perguntas, conversar mais com ele. Mesmo que passassem quase todo tempo juntos, pareciam não estarem se conectando o bastante.

— Quer falar com eles, mas não sabe como. Estou certo?

João suspirou.

— Exatamente, parece que para eles virei um completo e total...estranho.

— Besteira — Jordan riu, tentando trazer um ar leve. — Tenho certeza de que eles falarão com você. Não há motivos para estranheza.

— Só precisaram quase dar suas vidas para me salvarem...

— Suponho que possa ter alguma razão. — Jordan empertigou-se. — Contudo você é o rei consorte, em algum momento ou outro vocês terão se socializar. — Jordan se inclinou e pôs seus dedos no queixo de João e virou seu rosto para que ambos se encarassem. — Não irei mandá-los falarem com você, e nem ao contrário. A dica que dou é: não force nada. Veja se o ambiente está propicio para iniciar uma conversa, se não, deixe isso para outro dia.

— Tem razão, não ficarei me martirizando caso tenha de deixar para uma outra ocasião — afirmou João.

A carroça passou pela floresta que cobria Coração da Lua e João pôde ver um pouco mais da cidade enquanto passavam. Vendo as pessoas ali, lembrou-se de como eles o olharam, quando apareceu junto de Jordan pela primeira vez. Nada de ódio, repreensão talvez? Ou Surpresa? Mas não ódio. Já tiveram outros casais no reino do mesmo sexo, mas nunca dois reis.

A população parecia ter aceitado bem, exceto é claro, por algumas famílias que ofereceram a mão de suas jovens e seus jovens em casamento como uma jogada política. Jordan jogou vários desses acordos no lixo de maneira abrupta ao se casar tão de repente. João supôs que o ódio dessas famílias aumentava ao imaginarem que Jordan nem chegou a considerar qualquer proposta.

— Além de minha relação conturbada com a alcateia, há outro incômodo em minha mente... — começou João.

— Partilhe o incômodo comigo, posso tentar eliminá-lo, se não, ao menos suavizá-lo — Jordan prontificou-se. Estava conseguindo deixar o jovem mais comunicativo.

— Nosso casamento talvez lhe arranje problemas, quero dizer...alguma família ou individuo poderoso pode ter ficado bravo...

Jordan franziu o cenho.

— Que fiquem! — Exasperou Jordan. — Minha escolha pode não ter sido de agrado dos reis dos outros reinos ou de famílias importantes de Coração da Lua. Mas reivindiquei as terras do Sul, e me casei com alguém de lá. Isso politicamente deixa a sua gente, João, mais tranquila. Vão poder dormir nas suas camas sem o medo de imaginar que feras horrendas atacarão os vilarejos de lá, pois um deles, está casado com o rei.

O Cavaleiro Do Lobo - Filhos Da Lua - Livro 2 (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora