Nosso segredo sujo

Capítulo 15

A fofoca

Kim Namjoon

Estou andando de um lado para o outro em nosso quarto de cueca ainda, quando Júlia entra com o rosto congelado em um daqueles seus sorrisos, os que dá segurando para não surtar. Me seguro para não rir, porque por mais que ela seja, na minha opinião, a mulher mais linda do mundo. Essa careta é pavorosa. Parece uma louca.

- E então? -sussurro ansioso pela resposta.

- Vou pegar a minha bolsa e vamos sair. -puxo o ar e levanto os braços para comemorar, seja lá o que ela tenha feito, mas antes que eu possa me animar ela continua.- Eu e os seus pais. -afirma.- Você não está incluído no pacote.

- Como não estou? -protesto.- Eu sou o filho.

- Bom, considerando que, eles não sabem de nós. -balança o dedo entre nós, demonstrando do que está falando.- É como se estivessem indo almoçar com a ex-nora.

- Eu vou ficar de fora dos seus planos mais uma vez é isso? -cruzo os braços indignado. Ah, mas eu não iria mesmo!

- É só um jantar...

- É a porra dos meus pais! -esbravejo relatando o óbvio enquanto ela respira fundo.

Antes que mais alguma coisa seja dita me enfio em nosso closet passando a mão nas primeiras roupas que vejo. Sendo elas um jeans largo e uma camisa branca, penso que deve ser o suficiente, já que meu pai não está muito diferente, pelo pouco que me lembro de ver na câmera. Nessas horas minha mãe não é parâmetro, tudo para é desculpa para se arrumar. Vejo Júlia juntando suas coisas e colocando na bolsa de sair e faço o mesmo. Ignoro seus olhares curiosos quando minha mão entra em sua bolsa, deixando ali minha carteira e celular.

- O que...? -sua pergunta vai morrendo ao me ver andar em direção a porta.

- Anda. -a chamo balançando a cabeça.- Estão esperando.

- Você não vai... -afirma abismada com a minha decisão de fingir que nada aconteceu e nunca terminamos.- Joonie. -suspira.- Eles... Eles não... Ai meu deus garoto! Não pode simplesmente jogar uma bomba dessas no colo deles assim. -tenta segurar minha mão que já está na maçaneta.- A sua mãe ainda não superou o casamento.

- Baby. -digo apertando suas bochechas com a mão livre.- Me observe.

Abro a porta e saio do quarto com a minha melhor cara de cínico. Meu pai não é burro, pela cara dele ontem, no mínimo imagina que alguma coisa rolou. Para não falar outra coisa. Julgando pelas vozes, estão aqui dentro e devem ter visto uns de meus sapatos na entrada.

Acredito que, se prestaram o mínimo de atenção em volta, perceberam que tem duas pessoas vivendo nessa casa. Já que, além dos sapatos, temos dois copos sempre à mão na bancada da cozinha ao lado do filtro. Meu casaco pendurado bem em frente a porta de entrada. Alguns livros estão espalhados na sala, onde esperam por Júlia, por nós. Todos os sinais estão na cara de quem entra aqui, só não vê quem não quer.

- Estamos prontos. -anuncio a minha chegada na sala ao ver os dois sentados no sofá de costas para mim. Minha mãe se treme toda com minha voz grossa ecoando pela casa e meu pai solta uma risadinha esperta antes mesmo de me olhar.

- Joon? -vejo minha mãe franzir a sobrancelha ao me ver e se levantar às pressas.- O que está fazendo aqui? -sua bolsa chega a cair do colo com a rapidez que se move.

- Saindo para jantar com minha família? -debocho e logo sinto um tapa em meu ombro, não preciso nem olhar para saber bem quem é. Júlia para ao meu lado.