Capítulo 1: O Italiano.

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Auguste Bellucci

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Auguste Bellucci


No ano de 2012 acabei me mudando para o Brasil, no intuito de terminar minha faculdade aqui mesmo, assim assumindo a empresa de café dos meus pais que fica na região do nordeste na Bahia. No ano de 2016 eu tinha finalmente assumido a empresa, e me via em uma vida monótona e tediosa. Meus pais, e toda a minha família eram italianos, por esse motivo não tenho nenhum parente ou conhecido nesse país, além de dois amigos que vieram me ajudar com os negócios da empresa.
   
Assim que meus pais fundaram essa pequena empresa, deixou nas mãos do meu tio, porém, com o tempo a empresa acabou rendendo muito dinheiro, e meu pai tomou a decisão de me tirar do meu país só para que eu herdasse essa empresa, que hoje em dia está tendo lucros maravilhosos. Nosso café começou a ficar bastante famoso, começamos a iniciar as exportações para o exterior, e como eu tinha dito antes, alguns dos meus colegas vieram para o Brasil, no propósito de ajudar nas finanças e economias da empresa que se chama Coffee.
   
Nesse meio tempo, minha última secretária tinha se demitido, percebeu que trabalhar comigo não era muito fácil, sempre fui muito exigente no trabalho e odiava pessoas incompetentes, isso atrasou demais os afazeres e me deixou bastante irritado. Com esse problema, eu precisava urgentemente de uma nova secretária, então no site da empresa coloquei que estamos com vaga nesse setor, e agora era só esperar, e encontrar alguém que queira esse emprego, o que eu não acho muito difícil de não querer.
   
Essa semana encontrava-se muito corrida, mas nada que saísse do controle, e de qualquer forma, não é como se eu tivesse outra coisa para fazer além de cuidar da empresa.
   
As cidades da Bahia eram incríveis, tinha lugares encantadores por toda essa região em que eu morava, entretanto, não era algo que me chamasse tanta atenção para ter que sair de casa, afinal sempre fui bem reservado, sem muitos amigos, e vivia minha vida tranquila dessa forma, gostava que as coisas fossem como estão sendo, mesmo que minha vida fosse tão cansativa.
  
Quando eu morava na Itália as coisas não eram tão diferentes de como são hoje para mim, sempre tive uma vida fixa por conta dos meus pais, não tínhamos muito tempo para passarmos juntos, já que eles só viviam viajando, então eu fazia várias atividades extracurriculares, o que era bastante cansativo, porém, não era nada que eu fosse discutir com meus pais sobre o assunto, com o tempo eu tive que me acostumar em não ter a atenção ou o cuidado da minha família, o que hoje em dia não me faz muita falta. Acabei me tornando uma pessoa diferente do que eu era antes, entretanto, não é nada que eu venha a me orgulhar hoje em dia.

À manhã começou com um lindo sol radiante, que invadiu o meu quarto pelas frestas da cortina, suspirei levemente e então me levantei sem muita pressa, mesmo sabendo que hoje o dia no trabalho seria difícil, já que ainda não consegui encontrar uma nova secretária. Coloquei-me de pé e fui direto para o banheiro fazer minha higiene pessoal, tomei um banho rápido e vesti um dos meus melhores ternos, ajeitei o meu cabelo, e passei um perfume agradável. Assim que terminei de me arrumar, não demorei muito para descer as escadas e caminhei em direção à cozinha. Chegando no local, encontrei a minha governanta terminando de pôr a mesa para o café da manhã. Eu não tinha muitos funcionários em minha casa, apesar do imóvel ser muito grande, apenas contratava algumas pessoas para organizar e limpar tudo no final de semana, já que eu mal passava o meu tempo dentro de casa.
   
— Bom dia, senhor. — Disse Carmélia animada com o dia que estava lindo lá fora, era uma pena que eu não poderia aproveitar.
   
— Bom dia, Carmélia. Onde está o Felino? — Era o nome do meu gato, e sim, eu sei, não sou muito criativo com nomes, mas olhando para o lado bom, eu adoro animais, era a única e boa companhia que eu tinha.
   
— Não se preocupe senhor, ele está na sala, e já coloquei a comida dele em seu recipiente.
   
— Já disse que não precisa me chamar de senhor, Carmélia. — Falei e vi ela sorri. — A propósito, tem certeza que não precisa de ajuda para cuidar da casa? Você sabe que posso contratar alguém em tempo integral.
Carmélia era italiana, ela era governanta dos meus pais, sempre me deu toda a atenção e cuidado, e quando soube que eu iria a vir para o Brasil, fez de tudo para poder vir comigo, e até hoje essa mulher cuidou de mim. Ela é como uma mãe que nunca tive.
   
— Não se preocupe comigo, Auguste. —Ditou ela gentilmente. — Eu estou dando conta de tudo aqui.
   
— Certo, obrigado pelo café. — Agradeci saindo da cozinha, e indo em direção a porta da sala, e vi meu gato todo aconchegado no sofá, sorri por aquilo e sai de casa.
   
Eu já me encontrava um pouco atrasado para o trabalho, e hoje eu precisava resolver algumas coisas com os acionistas, então eu não poderia me atrasar. Segui até a garagem onde estava o meu carro, e assim que cheguei perto do automóvel, abri a porta e entrei com certa pressa, e segui direto para a empresa.
   
No caminho para a empresa, pude notar como o céu estava quase limpo, apenas com pequenas nuvens brancas, as ruas pareciam lotadas de pessoas com bastante pressa, e eu, aparentemente, era uma delas. Chegando em frente a empresa, coloquei meu carro no estacionamento e assim que eu desci do automóvel, segui para a recepção do local, e quando entrei, já fui recebido por "bom dias" de algumas pessoas que estavam na recepção, ignorei e segui meu caminho até ser parado na porta do elevador por Vincent que trabalhava com os investimentos da empresa, porém ele fazia um pouco de tudo, e apesar de ser uma pessoa extrovertida, diferente de mim, e ele era bem responsável no que fazia.
   
— Bom dia, meu querido amigo! — Proferiu ele empolgado, e eu já imaginava que ele fosse querer algo, é sempre assim.
   
— O que você quer Vincent? — Perguntei sem a mínima importância na resposta dele.
   
— Nada, só queria te avisar que subiu uma linda moça para o seu andar, imagino que seja para entrevista. — Falou ele sorrindo descontraidamente, e imagino eu, que ele já estava interessado na moça.
   
— Hoje? Não tenho tempo para entrevistar ninguém hoje, tenho uma reunião de negócios daqui a alguns minutos. — Ditei olhando para o meu relógio que estava em meu pulso. — Avise para ela vir amanhã. — Falei e então entrei no elevador esperando meio impaciente que chegasse logo em meu andar. Alguns minutos depois, assim que o elevador parou, segui para a sala de reuniões, para organizar alguns papéis, e começar de uma vez com aquela reunião com os acionistas, que provavelmente demoraria um pouco, creio eu.
   
Apesar de realmente necessitar de uma secretária, não poderia perder essa reunião importantíssima, tenho certeza que ela poderia esperar.
   
Horas tinham se passado, e aquela reunião parecia não ter fim, já estava começando a me estressar com tudo aquilo, não imaginava que meu dia fosse começar dessa forma tão cansativa e entediante.
   
Estávamos falando sobre a última exportação de café que fizemos neste mês, e essa exportação tinha dado um lucro bem maior que do mês passado, o que era bom, então as coisas estavam indo como o conforme. Assim que a reunião já tinha finalmente finalizado, olhei para o meu relógio que marcava às 12 horas, essa reunião demorou mais que o habitual. Peguei alguns papéis em cima da mesa e segui para minha sala, e depois eu iria sair para almoçar em algum restaurante perto daqui.
  
Segui em direção ao elevador, entrei no local, e apertei no botão que iria me levar ao andar onde ficava a minha sala. Assim que o elevador parou, caminhei por um corredor até chegar em minha sala.
   
Após entrar em meu escritório, encontrei uma mulher sentada em uma cadeira em frente à minha mesa, assim que ela percebeu ter alguém ali, se levantou rapidamente de onde estava sentada e então olhou para mim.
  
Era uma mulher morena, seus olhos eram castanho claro, parecia olhos cor de mel, seus cabelos eram bem curtos e cacheados, usava uma blusa preta de gola alta e um casaco xadrez, calça jeans e um tênis que eu não conhecia a marca, e o que chamou-me mais a atenção era as sua sardas. Ela percebeu que eu a avaliava, então não proferiu uma só palavra assim desviando o olhar da minha direção.
   
— Quem é você? — Perguntei sem cerimônia.
   
— Celeste Cooper, vim para a entrevista de secretária. — Disse ela e fiquei surpreso, essa moça ficou todo esse tempo esperando aqui? Deve querer muito essa vaga, imagino eu.
  
— Eu avisei que iria fazer a entrevista amanhã. — Falei levemente irritado, eu não estava com muita paciência em ter que fazer essa entrevista, já era meio-dia e eu queria estar almoçando a essa hora. — Por que ainda está aqui?

— Não queria esperar até amanhã, senhor. — Proferiu ela me encarando seriamente.

— Tudo bem, vamos acabar logo com isso, a propósito diretor-executivo Auguste Bellucci. — A cumprimentei.



(REVISADO.)

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