A viagem de trem

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    Os irmãos Pevensie se despediram da mãe, na estação de trem, com pesar, afinal não tinham escolha senão ir para o interior, para fugir da guerra.
     Mesmo contrariado, Pedro, o mais velho dos irmãos, pegou a mão de sua irmã mais nova, Lúcia, indo para a fila de embarque, sendo seguido por Susana e Edmundo.
     O loiro olhou para o lado e se distraiu ao notar uma garota, não muito mais velha que ele o observando, ela tinha longos cabelos ruivos e a pele pálida, sorriu para ele ao notar ser observada e desviou o olhar. Pedro continuou encarando quase que em transe, sendo despertado por Susana, que arrancou as passagens de sua mão, para dar ao maquinista.
-O que você tanto olhava? - questionou a segunda irmã com
impaciência, enquanto eles procuravam por uma cabine vazia.
-Ele estava olhando para a garota bonita!! - Lúcia disse rindo
fazendo Susana e Edmundo encararem Pedro.
-Não inventa Lú. - o loiro repreendeu a irmã, não prestando
atenção ao abrir a porta de uma cabine aparentemente vazia.
     Ficando envergonhado ao ter a atenção dos olhos negros, da mesma garota que vira na estação.
     -Desculpe, não vi que já tinha gente aqui!! - ele apressou-se a dizer, fazendo a ruiva sorrir.
     -Tudo bem, imagino que o resto do trem esteja cheio, então se quiserem ficar eu não me importo. - ela falou, a voz doce e gentil passava um estranho conforto.
     - Obrigada!! - fora Lúcia quem agradecerá primeiro sentando-se ao lado da garota e lhe estendo a mão. - Sou Lúcia Pevensie e esses são meus irmãos, Pedro, Susana e Edmundo.
     -É um prazer Lúcia, sou Clarissa… Kirke. - a ruiva se apresentou.
     Não demorou muito para que descobrissem que iriam para o mesmo lugar, a casa do professor Digory Kirke, avô de Clarissa, deixando Lúcia extremamente animada, já que a pequena garota gostará muito da ruiva. Clarissa era gentil e conversava de modo animado com Lúcia e Pedro, ainda que por vezes mantivesse o olhar apenas no loiro.
     Edmundo parecia indiferente a tudo, mas Susana parecia desgostar da garota mais velha, algo em Clarissa e na forma que ela olhava Pedro incomodava a Pevensie mais velha.
-Como é o professor? - Lúcia perguntou curiosa e Clarissa
demorou para responder.
-Ele é uma pessoa excelente para se conversar… - a ruiva
respondeu de forma vaga. - …Faz alguns anos que não vejo meu avô.
-Você deve sentir falta dele. - Susana se intrometer na
conversa, estranhando as respostas vagas e demoradas da garota, toda vez que era questionada sobre a família ou sobre onde morava.
-Um pouco… - a ruiva respondeu e desviou o olhar para a
janela. - Já estávamos quase chegando!!
     E de fato não demorou muito para o trem começar a diminuir a velocidade e parar. Os cinco se levantaram e tiraram suas malas do compartimento, para logo depois se dirigirem à saída do veículo.
     A velha estação era pintada de branco, embora a tinta já estivesse descascando, e os degraus que levavam a estrada de chão eram sujos e cobertos por ervas daninhas.
     Os cinco desceram os degraus ao ouvirem o barulho de um carro, este que apenas passou por eles de maneira rápida.
     -O professor sabia que iríamos vir hoje? - perguntou Lúcia e Pedro a olhou.
     -Será que fomos etiquetados errados? foi a vez de Edmundo de perguntar.
     - Logo ele estará aqui, eu presumo! - Clarissa respondeu aos mais novos e logo o barulho de uma carroça foi ouvido.
     Uma mulher parou o veículo em frente à estação e chamou por eles, segundo a mesma, ela era governanta do professor Kirke, dona Marta. A senhora mandou que subissem na carroça e logo deu partida em direção à casa onde ficariam.
Uma mansão enorme e bonita, com um grande terreno ao redor,
rodeado de árvores, um bom lugar para se morar e viver em paz.
     Eles mal tinham entrado dentro da casa, quando a governanta começou a ditar inúmeras regras para os cinco, principalmente sobre não tocar nos objetos históricos que haviam na casa. Por fim a mulher pediu a Clarissa para que a acompanhasse, pois o professor desejava vê-la.
     Mais tarde naquela noite os quatro irmãos já se encontravam no quarto das duas garotas, conversando sobre o dia e as impressões que tiveram do lugar.
     -Ela é estranha!! - Susana disse e Lúcia e Pedro a olharam sem entender.
     - Dona Marta? - o mais velho dos quatro perguntou em dúvida.
     - Clarissa! - a Pevensie respondeu rapidamente, como se fosse algo óbvio. - Ela olha pra ti de um jeito estranho e o jeito que ela fala quando perguntado sobre a família dela, sem contar o fato que ela estava observando você desde quando embarcamos pelo que Lúcia disse.
     - Talvez ela goste dele!! - Lúcia sugeriu com animação e inocência.
     - Isso só faria ela mais estranha. - Edmundo debochou e o loiro o olhou feio.
     O assunto foi dado por encerrado e todos foram para suas próprias camas, esperando que no próximo dia pudessem fazer algo para se divertir.
     Enquanto isso Clarissa se mantinha sentada em frente a grande lareira do escritório de Digory Kirke, conversando com o homem mais velho.
     -Acha que eles chegaram a tempo? - o professor perguntou a garota.
      - Se meu pai pediu que eu viesse creio que sim. - ela respondeu, desviando o olhar do fogo. - Acredito que eles serão capazes de grandes coisas…

Á princesa de Nárnia - O leão a feiticeira e o guarda roupaOnde histórias criam vida. Descubra agora