Dezenove

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Carol teve o primeiro contato com a manhã quando tragou todo o ar para seus pulmões apertando seus olhos dando-se conta de todos os comandos do sistema do seu corpo. Antes de abrir os olhos de volta, liberou o ar esticando-se na cama sentindo o lençol ceder um pouco deixando quase a amostra seus seios sem nenhum tipo de peça os cobrindo. Abriu os olhos pouco depois e inclinou o tronco para frente se sentando na cama segurando o cobertor ainda tampando seus seios. 

Olhou para a beira da cama onde tinha uma Dayane sentada com as pernas para fora da cama, a morena estava meio envergada como se tivesse processando alguma coisa, sua respiração estava lenta, sua cabeça baixa, mas isso foi uma das últimas coisas que Carol percebera. As costas da Dayane estavam com marcas de arranhões vivos.

Se Dayane não transou a três dias atrás com um animal selvagem, as marcas em suas costas só comprovava uma coisa. Carol tinha sido a causadora daquele estrago e logo sentiu que estava sem calcinha e sua entrada parecia dolorida.

-Ah não. – Choramingou caindo deitada na cama de novo tampando todo seu corpo com o cobertor.

Dayane se virou para encara-la e não conseguiu ter nenhuma marca de expressão, mesmo que tivesse achado graça. Era como um déjà vu, mas ao invés de ter sentido que o momento já aconteceu, tinha certeza de que ele estava se repetindo.

-Bom dia. – Dayane murmurou com a voz grave e rouca por ser a primeira coisa que proferiu desde que acordou.

Carol tirou a coberta da cabeça bagunçando seu cabelo. Se as costas da Dayane estava daquela forma, não queria nem saber como seu próprio corpo estava.

A ruiva prolongou o silêncio ao tentar se lembrar da noite anterior. Vagamente conseguiu se recordar de algumas coisas, como ela carregando Dayane para o quarto ou Dayane carregando ela. Lembrou de ter ouvido a voz da Luísa, mas precisaria confirmar a ligação olhando o celular, e com clareza veio cenas da Dayane encima do seu corpo, e em seguida com a cabeça entre suas pernas, e depois ela por cima e depois lá embaixo também e seu corpo imediatamente aqueceu tendo que rapidamente mudar as lembranças.

-Eu vou me matar. – Declarou ainda choramingando.

Não foi difícil reparar na latejante dor de cabeça com uma sensação amarga em sua boca, o corpo parecia incapaz de fazer qualquer coisa. Por um momento Carol achou que ainda poderia estar bêbada, mas essa era apenas a sensação da ressaca.

-Para com isso. _ Reclamou Dayane. –Você gostou. Foi bom é isso que importa. – murmurou fazendo pouca coisa do que aconteceu.

-Eu não sou de beber tanto assim, não sou. E não estava nos meus planos transar. Não com você. Não de novo com você. – O desespero de sua voz não atingiu Dayane que ainda parecia alheia de tudo.

Carol bebeu cerca de sete cervejas e virou incontáveis numerações de cachaça pura. Influenciou Dayane a beber também e deu no que deu.

-Engraçado. Quando você disse que iria vir, não pra me ajudar, mas para se aproveitar de algo, pensei que fosse algo nesse nível que você tivesse se referindo. –

Carol abriu a boca, mas fechou sem resposta.

Ela não tinha aceitado aquela ideia para transar com Dayane, nunca que faria aquilo.

-Não era sobre isso. – murmurou baixinho com os dentes cerrados sabendo que não tinha argumento para segurar o motivo de estar ali.

–Será que podemos esquecer dessa noite? – Perguntou.

-Também? – Perguntou Dayane incrédula.

-Que também, Dayane? Que também? Você nem se lembra da nossa primeira vez. – Carol resmungou se levantando da cama puxando consigo o lençol enrolado em seu corpo para omitir sua nudez.

Um amor tão obvioOnde histórias criam vida. Descubra agora