○ CONTO REESCRITO ○
Vocês já conheceram alguém que só com pequenos comprimentos você já o detestava? Alguém que o mero respirar perto lhe irritava? Alguém que você teria o prazer de bater até avistar o vermelho? Alguém que mesmo longe te afetava? Alguém que não saia da sua cabeça, comprometendo seu cotidiano?
Chega.
Vocês já entenderam.
Pois bem, esse é o Pedro, meu colega da escola.
Um gostos… digo, um filho da puta esnobe que consegue me irritar mais do que qualquer coisa. Um bosta que anda pela escola como se fosse um rei, um soberano orgulhoso que acha todos inferiores a ele.
Porém, infelizmente, não é só de ódio que vive nossa relação. Já fazem uns meses que seu rosto aparece para mim em momentos indesejados, como quando eu me masturbo de madrugada, quando eu tive uma ereção no meio da escola apenas por observá-lo ou quando meu vizinho estava me fudendo e eu acidentalmente gemi o nome dele.
Esse último eu tive que me fingir de louco e dizer que ele estava com problemas de audição.
O que só me deixou mais irritado, ele nunca ia embora da minha cabeça. Eu estava obcecado. Passava 80% do meu tempo falando sobre o Pedro e nos 20% restantes eu torcia para que alguém falasse dele, só para poder falar mais um pouco.
Não aguentando mais tê-lo constantemente invadindo a minha mente eu resolvi acabar com tudo essa noite.
Através de fontes confiáveis, vulgo story do Instagram, descobri que o mesmo estava em uma boate, aproveitando uma festa qualquer.
E mesmo não sendo meu local favorito para passar minhas noites de sábado, me arrumei em um furacão de emoções e, cá estou eu, sentado próximo ao bar da festa olhando Pedro conversar com umas garotas.
Saindo do meu banco eu vou até sua direção, me sentindo uma onça observando sua presa, e mesmo longe dele já consigo enxergar aquele seu sorriso arrogante e aquela frieza dominante de seu olhar. Me concentrando e incorporando o desastrado meio bêbado eu finjo esbarrar no seu braço direito e acidentalmente seu copo de gin tônica acaba caindo e quebrando-se.
As pessoas à volta se afastam dos cacos de vidro e Pedro me olha enraivecido.
– Olha por onde anda imbecil! – o mesmo grita e me puxa pela a gola da camiseta. – Nicolas?
Faço uma cara de espanto.
– Pedro? Você por aqui? – Olho para baixo e curvo meus ombros. – Me desculpe pelo o seu copo, mas deixa que eu pago outro por compensação.
Minha voz era um pouco trêmula e a falta de contato visual dava um ar de constrangimento.
Não preciso nem olhar para ele para saber que a sua postura agressiva foi substituída por uma egocêntrica.
Idiota.
Pedro solta um resmungo de confirmação e me segue até o bar.
Com tantas pessoas ao nosso redor, nos empurrando, a distância de nossos corpos diminui, me fazendo arrepiar com o pequeno toque acalorado de seu corpo contra o meu.
Essa pequena aproximação dele já embrulhou-me o estômago.
Por que tão perto senhor?
Seu perfume refrescante invadia minhas narinas como um bálsamo, cessando os múltiplos pensamentos que não paravam de rodar por minha cabeça.
Um perfume que nada combinava com seu dono, pois toda a tranquilidade que ele me trazia era queimada pela sensação de sua pele próxima a minha.
Saindo da minha própria mente eu foco no barman.
Ainda encolhido e trêmulo eu chamo sua atenção.
– Um copo de gin tônica, por favor, e poderia chamar alguém para limpar os cacos de vidro da pista?
Ele confirma e começa os preparativos.
Algo que eu esqueci de comentar é que o barman é meu amigo e com um pequeno suborno eu consegui que ele adicionasse algo na bebida do Pedro.
As regalias que um boquete consegue é de se impressionar.
A primeira parte do meu plano já foi comprida, batizar a bebida dele.
A segunda era levá-lo para minha casa, o que será mais difícil pois terei que esperar a droga fazer efeito e torcer para ninguém chegar antes de mim para ajudá-lo.
Pego o copo no balcão e alcanço para o de cabelos pretos.
-Me desculpe novamente, mas espero que a bebida possa compensar. - olho para ele ainda com os ombros encolhidos.
Mas como já esperado ele apenas revira os olhos, experimenta a bebida, o que tive que me controlar para não sorrir, e volta para o seu grupinho de antes.
Dou uma última olhada para o barman e me sento à espera do prato principal.
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Contos gays (+18)
RomanceMinha alma sempre foi uma vagabunda então pq não escrever oq se passa na minha cabeça? Capa não é minha. É do pinterest, só achei ela bonita.