Amigos de infância

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CONTO REESCRITO

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– Alô? – pergunto desnorteado pelo sono. 
Afinal, quem que liga 2:56 da manhã de um domingo? 
Um louco desocupado.
– Sei que é estranho eu ligar assim do nada, mas… eu preciso de sua ajuda. – sua voz saiu arrastada e mais rouca que o normal. 
– É tão grave assim para me ligar agora? Não podia, pelo menos, esperar o sol nascer? Eu gosto de dormir, sabe. 
Escuto um suspiro frustrado no outro lado da linha. 
– Nicolas, só venha até aqui, por favor. – A chamada é desligada. 
Grosso.
A sorte dele é que eu sou um grande e incrível e humilde amigo. 
Um amigo tão incrível que irei sair da minha confortável e quentinha cama para ajudá-lo. 
Pego as roupas espalhadas pelo quarto e me visto, olhando para janela antes de descer a escada. 
Eu e Bruno podemos não conversar a meses, porém ele ainda morava na frente da minha casa. 
A moto estacionada na frente indicava que ele estava em casa, porém não tem nenhuma luz ligada ou sinal de vida. 
Atravesso a rua já me imaginando em uma série de suspense adolescente, onde encontrarei um corpo ensanguentado na sua sala. Que com sangue nas mãos, ele se viu obrigado a ligar para seu melhor amigo de infância, o convidando para passarem uma longa madrugada acompanhados de duas pás, um grande buraco em seu quintal e um defunto.
Acho que estou vendo séries demais. 
Mas não foi esse o motivo da nossa distância?
Eu preferir ver séries do que sair de casa, enquanto ele adorava sair para várias festas. Pois na cabeça de Bruno, assistir séries servia apenas como um desfecho para transar com alguma garota. 
O que no começo eu julgava bastante, mas depois de tantos meses sem contato com ele, apenas segui minha vida, finalizando uma amizade que nasceu na pré-escola e que se pendurou por tantos anos. 
Saio da minha pequena crise existencial e foco na porta à minha frente. 
Eu normalmente bateria na porta antes de abri-la, porém a tensão que sua voz exalava na ligação era como um pedido para ignorar os comprimentos habituais. 
Com receio entro na casa, mas não foi um corpo que avistei, foi apenas Bruno sentado no sofá, olhando para o nada com sua expressão apreensiva.
Fecho a porta atrás de mim. 
– Tudo bem? – pergunto ainda afastado dele. 
O mesmo parece recém acordado de um transe, pois seus ombros se contraem com o susto. 
Com seus olhos fixos em mim, meu estômago se revira em angústia, o vazio de seus olhos pretos mudou para fome e como um animal ele avança para cima de mim, me prensando contra a parede. 
– Enfim você veio, já não aguentava mais esperar. – nossa distância era tão curta que sinto o toque morno de seu hálito batendo na minha bochecha, ele estava bêbado. 
– Você enlouqueceu? – Tento escapar de suas mãos, porém Bruno aperta ainda mais.  – Me solte de uma vez. 
– Você não entende caralho. Eu não posso te soltar. 
– Conta outra, não é difícil, apenas solte minhas mãos.
Como o animal que ele já parecia, ele rosna para mim e com raiva nos olhos ele me vira. Apertando seu peitoral nas minhas costas e apoiando seu queixo no meu ombro. 
Ele cheira a lateral do meu pescoço. 
– Só me escuta, – sua voz rouca, tão próxima da minha orelha, deixou os pelos da minha nuca eriçados  – eu preciso de uma ajuda sua. Sei que não conversamos a tempos, porém você ainda é a pessoa que eu mais confio e é a única que eu poderia pedir algo assim. 
Ele solta minhas mãos, mas não para me libertar. 
Descendo seus dedos de uma forma muito provocativa ele chega a minha cintura, rodeando-a com suas mãos e a apertando com mais força do antes, como se quisesse deixar alguma marca.  
Mesmo com o cheiro do álcool o rondando eu ainda sentia a fragrância cítrica de seu perfume. O que não me ajudou em nada, pois eu deveria estar lutando e xingando por liberdade, não apreciando seu cheiro. 
Com um longo suspiro ele volta a falar: 
– Já fazem uns meses que eu não acho ninguém para transar, já conheci várias garotas, pedi para amigas e até liguei para Clara, minha ex, e nenhuma aceitou. Eu estou cansado de bater punheta e acho brinquedos sem graça, não tem nenhum calor os envolvendo. – Seus dedos descem mais uma vez, agora sua mão esquerda apalpava minha bunda. – E como as fofocas correm soltas, escutei que você se assumiu gay e ali vi minha última esperança. Nicolas, fode comigo? 
Caralho…
Aquela voz, maldita voz.  
Como dizer não a isso? 
Um pedido proferido tão perto da minha alma que até os pelos que eu não tinha se arrepiaram. 
Uma luxúria tão quente que me fez começar a suar em uma madrugada fria. 
Nicolas não, só não. 
Foque no importante. 
Ele está bêbado, não está no seus melhores dias e pelo volume que prensava minha bunda, seu pau não deve tocar alguém a no mínimo onze meses, para não falar um ano. 
Mas que volume…
Não.
Lembre-se Nicolas, foco. 
Bruno começa a soltar pequenos beijos por minha nuca, atravessando com uma trilha de selinhos e mudando a orelha da qual ele sussurrava. 
Parece que ele previu o “não” que escutaria. 
O moreno depositou seu último beijo atrás da minha orelha. 
– Antes de tirar conclusões, pense o que eu fui para você e lembre todas as vezes que eu te ajudei. – Novamente aquela voz banhada em luxúria, me arrepiando e seduzindo. - Lembra quando você subiu naquela árvore e não conseguiu mais descer? Começou a chorar lá no alto e só se acalmou quando eu fui até você. Foque nisso e repense.
Ele nunca me deixou esquecer esse dia. 
Lembro da vergonha que senti quando voltei para o chão, nossos pais nos chamavam de recém casados pois fiz birra para alguém me carregar daquela árvore e ele desceu me segurando igual uma noiva. 
Minhas bochechas se avermelharam em vergonha.
– Eu tinha oito anos na época, mas esse não é o foco. – Respiro para organizar os pensamentos, essa sua manipulação barata não vai me afetar. – Bruno, você está bêbado, carente e eu não quero que você se arrependa depois. 
– Não bêbado o bastante para recusá-lo. Você está dentro da minha cabeça faz dias, a bebida só me empurrou mais perto de sua direção. 
Um gemido indesejado escapa da minha boca quando sinto seu pau pressionando minha bunda, me estocando mesmo com todo o tecido que nos cercava. Ele endurece cada vez mais contra minha pele, me fazendo rebolar involuntariamente na sua direção. 
Mesmo eu dizendo não, meu corpo se recusa a obedecer, querendo usufruir do prazer que me espera com tanto fervo.
Mesmo eu dizendo não, minha mente não aceita, pois como dizer não a um ser se curvando a você? Lhe servindo uma bandeja com tudo que você mais aprecia.  
Mesmo eu dizendo não, minha alma nunca recusou o frenesi da luxúria, o calor para qual ela nasceu para pertencer e se queimar. 
Posso me arrepender, mas este infeliz me deixou excitado também.
Reúno toda a força que meu corpo disponibiliza e me viro para a frente, ficando cara a cara com duas órbitas negras banhadas pelo desejo. 
Bruno arregala os olhos. 
Aproveitando a hesitação de instantes eu diminuo nossa distância, invadindo sua boca e navegando meus dedos por seu cabelo tão preto quanto os olhos. 
Sua paralisia acaba no momento que nossas línguas se encontram, instigando-o a voltar para minha cintura e a apertando com seus dedos. 
Seu sabor mesmo amargo pelo álcool era adocicado como um pêssego maduro, e sua língua morna me explorava como algo a ser lembrado, me seduzindo a prová-lo com mais intensidade. 
Esse beijo era um briga constante, que a cada segundo passado mais difícil era saber quem venceria, pois o calor de um era o alimento do outro. Porém, uma coisa era correto afirmar, um empate nos irritaria muito mais que uma derrota.
Mergulhado nos pensamentos e nas sensações que aquele beijo me trouxe eu não vejo a minha derrota. 
Bruno, sendo o trapaceiro que é, morde minha boca. E de brinde ainda volta a apalpar minha bunda, arrancando um gemido e um palavrão dos meus lábios avermelhados. 
O moreno volta a explorar minha boca, entretanto desta vez com o sabor da vitória dançando em sua língua. 
Tudo certo então, se deleite nesta vitória igual os porcos na lama, pois será a última da noite. 
Não aguentando mais sentir tão pouco o toque de sua pele eu deslizo meu dedos de seu cabelo, passo por sua mandíbula, sentindo os ralos pelos de sua barba quase inexistente, e foco nos botões de sua camiseta azul escura. De botão a botão o seu abdômen bronzeado se revela, mostrando a definição de seu peitoral e o calor que seu corpo sentia, sua pele estava úmida de suor.  
Quando removo o último dos botões volto para seu peito, me acolhendo no calor confortável que exalava, e com desejo e pesar eu me distancio de sua boca, quebrando o beijo que tanto apreciamos.
Sem cortar o contato visual me ajoelho à sua frente, salivando com a imagem que vejo de baixo. 
Bruno com a camiseta entreaberta enquanto tentava regular sua respiração, seu peitoral subia e descia de maneira inconstante e o avermelhado natural de seus finos e delicados lábios  se intensificou. 
Só faltou a marca vermelha de um batom no pescoço, para ele parecer uma cena de filme de tão perfeito que ele estava. 
Quem diria que meu amigo franzino de infância viraria um homem capaz de participar dos meus mais depravados sonhos.
Esses últimos dois anos fizeram muito bem para ele. 
Seduzido pela imaginação que meu cérebro criou, passeio meus dedos pela a fivela de seu cinto, sentindo a textura do couro com o metal e o abrindo junto com a braguilha da calça. 
Ele solta um gemido de satisfação quando puxo sua calça jeans, libertando o volume necessitado da cueca branca que usava. 
A glande, mesmo por baixo do tecido, estava visivelmente úmida, com uma pequena mancha bem acima dela. O pré gozo já o incriminava, expondo o quão carente seu membro se encontrava. 
Segurando na barra da cueca e sentindo o calor de seu pau, volto a encará-lo.
– Sente-se no sofá. – Minhas palavras saíram muito mais provocativas e necessitadas do que queria. 
Confirmando com um olhar ele caminha até o sofá, removendo o restante da calça que se prendeu nos tornozelos. 
Quando Bruno se acomoda no sofá sua postura muda, se assemelhando a rei em seu trono. Com os olhos pretos tão enterrados no pecado do desejo e o meio de suas pernas tão quente e pulsante como um vulcão, ele me encara com ansiedade, batendo em sua coxa para eu começar. 
Uma serpente em forma de arrepio rasteja por minha coluna ao apreciar à vista. 
Esse homem será a causa da minha ruína, porém não serei apenas eu a cair esta noite. 
Engatinho até o meio de suas coxas e, como uma peça de lego, me encaixo ao redor de sua pele, atiçando nos dois com a curta distância e o calor da posição.
Com o olhar fixo no dele, eu seguro na barra da cueca, removendo-a logo em seguida e libertando seu pau que bateu em minha bochecha.
Sua glande estava a menos de cinco centímetros da minha boca, rosada e molhada de pré-gozo. O comprimento era grande e os pelos ao redor eram grandes e espessos. 
Pessoas normalmente fogem e abominam pelos, mas eu não poderia me importar menos. Eu gosto de homem, natural ou depilado para mim é o mesmo. Afinal, seus propósitos são sempre iguais. 
Gozar. 
Seguro na base de seu pau e, por pura provocação, começo um lenta masturbação que subia até sua cabeça e voltava de maneira tortuosamente devagar. 
O descontamento de Bruno era mais visível que o sol em dia de verão, o que me fez segurar os cantos da minha boca que insistiam em sorrir. 
A gota d'água para ele foi me ver chegar perto de seu pau, como se fosse engoli-lo, mas voltar para trás e continuar a masturba-lo.  
– Não me torture dessa forma Nicolas – diz ele com a voz rouca de raiva e carência. – Apenas comece de uma vez, antes que eu pense em força-lo goela abaixo. 
Sua linha de pensamento é bastante provocativa, porém como já estou ajudando os necessitados hoje, por que não continuar os atos de boa fé? 
– Como quiser. 
Rodeio sua cintura com meus braços, o puxando para mais perto eu começo uma trilha de selinhos e lambidas que sobe de sua coxa esquerda, passa por seus testículos e para na glande. 
O pré-gozo sujava meus lábios, marcando-me com seu sabor intenso.
Acabo com sua ansiedade engolindo-o de uma vez. 
Seu pau entra na minha garganta tão rápido que me faz engasgar e o salgado aveludado que passeia por minha língua é viciante como açúcar. Com consequências mínimas e longínquas, mas que nunca faltará na sua dieta, pois a falta de seu consumo o deixará irritado e sedento por mais. 
Eu mesmo não vivo um dia sem um docinho. 
Ziguezagueio a língua quando volto para sua cabecinha e mergulho novamente com o mesmo vigor que a primeira vez, fazendo um estalo quente ressoar quando meus lábios batem em sua púbis. 
Repito as passadas ferozes de língua junto com o bater de lábios incontáveis vezes. Pois a cada subida um gemido rouco ou um palavrão sussurrado era direcionado a mim, manipulando-me com sua voz ardente em luxúria. Pois a cada descida uma nova corrente de arrepios dançava por ambos os corpos, com um prazer intoxicante percorrendo por nossas veias.
Bruno gemia meu nome como se eu fosse salvação, ou sua desgraça, revirando suas obsidianas banhadas em pecado para trás e, sempre, suplicando por mais. 
O sentimento que tanto sufocou o moreno, invade meu corpo como uma infecção, me deixando tão carente por ele como o mesmo está por mim. 
Senti minha cueca me sufocar com as faíscas de meu âmago, me queimando e marcando. Meu pau lateja para sair do aperto do tecido e anseia para gozar. 
Tentando ao máximo não diminuir meu ritmo eu direciono sutilmente minha mão direita até minha ereção e abaixo minha bermuda e cueca apenas o suficiente para tirar meu pau. 
Um gemido sufocado é escutado pelo cômodo quando consigo me libertar e um mais desesperado é solto quando uma rápida masturbação, sincronizada com o boquete, começa. 
O azul intenso dos meus olhos é quase inteiramente consumido pelo o mar negro que virou minhas pupilas, o que denunciava meu âmago enterrado no frenesi de nossos corpos. 
Um sabor amargo, como chocolate setenta por cento cacau, inunda minha boca e escorre por minha garganta.
Ele gozou. 
Ele gozou! 
O infeliz gozou. 
Eu nunca pensei que diria isso, mas ele gozar foi a coisa mais anticlímax que poderia acontecer. 
Mas o objetivo não era esse? 
Sim e não. 
Sim porque ele me chamou para isso. 
Não porque eu estava necessitado agora, tão sedento pelas suas reações e extasiado pela a masturbação que ele não tinha o direito de gozar tão rápido. 
Decepção. 
Era isso que rondava por minha cabeça, que até instantes atrás estava mergulhada no chocolate, inadequadamente quente, da luxúria como um morango, um delicioso e vermelho morango que esperava para ser encontrado e comido. 
Com raiva disfarçada eu diminuo nosso contato, arrepiando-me ao sentir o ar gélido da madrugada e desejando o calor de seu corpo rodeado ao meu novamente. 
Os olhos preto petróleo de Bruno me fitava com ferocidade. Porém, dessa vez, não banhados em cobiça como outrora, mas ferventes de raiva e frustração. 
Toda a decepção e desgosto que senti era compartilhado por nós dois. Se enraizando e crescendo igual a uma erva daninha. 
Antes que eu conseguisse libertar as palavras “Qual posição você prefere?” fui mais uma vez atacado por ele igual um animal. 
O mesmo me aperta contra o chão branco de mármore, enrolando suas mãos em meu pescoço e sentando em cima de mim.
Seu pau estava a centímetros da minha boca mais uma vez, porém, agora meus lábios estavam mais ocupados xingando e puxando ar para meus pulmões do que salivando por ele. 
Uma ruga se forma entre as sobrancelhas pretas de Bruno. 
– Escuta aqui sua vadiazinha, se você falar ou sequer pensar sobre o que aconteceu nesta noite eu te procuro até nos confins da terra e, quando eu te achar, prometo te foder tão fundo que farei essa seu cuzinho sangrar e deixá-lo manco por alguns dias – ele sussurrou perto do meu ouvido, usando-o de lixeira para suas mágoas e rosnados. 
Meu cérebro com certeza não entendeu o perigo da situação, pois eu fui ameaçado, de uma forma muito sexy e nem tão ruim assim, enquanto estava sendo sufocado por um amigo maníaco e carente, e mesmo assim a única coisa que dançava por meus pensamentos era “gozar, gozar, gozar, gozar, gozar…” 
A sensação de ter um homem em cima de você, te proibindo de respirar e sussurrando obscenidades era algo indescritível e inexplorado. Acho que nunca senti meu pau tão duro como agora e nunca gozei sem encostá-lo. 
Sim, eu sei que é vergonhoso gozar enquanto é sufocado, mas foi algo deveras surpreendente, errado e excitante. Algo que já ouvi falar mas que nunca entendi o fascínio que tantas pessoas sentem em relação ao fetiche. 
Me arrependo de ter julgado. 
Com a parada brusca que fiz eu voltei a cobrir meu pau e agora sujo o tecido da cueca com o meu esperma. Sinto ele escorrer, quente e inapropriado, por minha pele depilada. 
– Entendeu? – Bruno volta a falar, me tirando da névoa de devaneios e emoções que passava por minha mente. 
Com o pau duro e a visão já sendo prejudicada pela falta de oxigênio eu confirmo. 
Ele solta meu pescoço. 
– Muito bem.
Essa merda toda com certeza vai deixar marcas, vou ter que roubar uma base da minha irmã pra disfarçar os hematomas de seus dedos fortemente pressionados na minha pele.
Mil e um pensamentos invadem minha cabeça com minha recém descoberta, um mundo novo de estrangulamentos se abriu e uma dezena de formas para se usufruir deste prazer aparece para mim. 
Prazeres que provarei em outro momento. 
Ele rapidamente remove suas últimas duas peças de roupa, um par de meias cinzas e uma camiseta social azul escura e, com uma delicadeza quase inexistente, o mesmo remove minhas roupas também. 
Seus dedos tocavam minha delicada pele de forma agressiva, afoitos pelo o calor sedoso e vorazes com o toque arrepiante, enquanto ignoravam meus resmungos de “Eu sei me despir sozinho”.
Espero que ele não tenha percebido o estado da minha cueca, seria embaraçoso de explicar. 
Agora, com ambos completamente expostos, olhares nada decentes dançam pelos os corpos um do outro. 
Para a sua primeira vez com um homem ele estava excitado até demais. 
O mesmo me ajuda a levantar, sendo pego de surpresa quando seus braços bronzeados puxam meu corpo e me colocam em cima do balcão que dividia a cozinha da sala, deitando-me. 
O mármore gélido fez meus pelos eriçarem.
Envolvi seu quadril com as pernas e juntei nossas ereções, necessitado pelo toque quente de seu corpo e pelo orgasmo que logo sentiria. 
Bruno passeia sua mão da minha cintura até perto da minha boca. 
– Chupe-os. – Ele sinaliza para os dois dedos dispostos acima dos meus lábios. 
Aquela voz… 
Abro a boca. 
… será a minha perdição. 
O salgado áspero de seus dedos me faz salivar e babar pelos cantos dos lábios. O calor que passeia por minha língua me lembra beijar uma língua bifurcada,  só que dura e salgada. 
Um gemido enjoado é solto quando ele enfia seus dedos mais fundo, quase chegando na garganta. 
Só querendo senti-lo dentro de mim eu aumento a pressão em volta de seu quadril e delicadamente rebolo. 
Seus lábios fazem uma curva sutil e o preto de seu olhar brilha em luxúria. 
Revirar de olhos e suspiros acompanham a entrada de seu indicador molhado, que entraste como um ímã em minha próstata, a estimulando no mesmo instante que chegou. 
Gemidos e arrepios aparecem junto com o dedo do meio que eu mesmo lubrifiquei, participando da festa que seu par começou e usufruindo de cada contração que suas danças luxuriantes me causavam. 
Eu queria gozar apenas com estes dedos que, em tão pouco tempo, me dilataram e enfraqueceram - transformando em seu servo. 
Bruno nunca nasceu para as mulheres. Agora sinto isso de forma bem explícita, o corpo dele foi moldado e forjado para o prazer masculino. 
Depois de várias vai-e-vem e tesouras dentro de mim eu dei um basta, se ele quer me fazer gozar então que seja com o seu pau. 
– Isso que você tem é de enfeite? – pergunto olhando para o seu pau. – Coloque ele logo dentro e, por favor, tente não gozar tão rápido desta vez. 
Nunca cutuquei onça com vara curta, mas a sensação deve ser a mesma que senti agora. O ódio gélido que apareceu no seu olhar apagou e trancafiou todo o calor faminto que, tão recentemente, iluminava suas obsidianas. 
Ele remove seus dedos e encaixa seu pau. 
– Você que pediu. 
Gritei. 
Não gemi ou suspirei, gritei. 
Sua longa extensão entrou de uma vez - bruta, seca e direta. Apagando o fogo que incendiava minha carne. 
– Seu filho da puta! – Berro sentindo meus olhos encherem de lágrimas.
– Não queria meu pau dentro? Agora aguente – ele fala da mesma maneira sussurrada de antes e logo começa a se movimentar dentro de mim, não esperando meu interior se dilatar. 
Iremos brincar assim então? 
Um sorriso breve surge em meu rosto com a ideia que minha mente criou. 
Ainda com gemidos sôfregos e dores na minha entrada eu levanto do balcão, circulando meus braços em seu peitoral e subindo minhas mãos para seu cabelo tão escuro como o céu do lado de fora, puxando-os.
O primeiro indício do prazer veio quando me sentei, pois seu pau alcançou uma parte minha ainda não explorada esta noite. O gemido que solto perto de sua orelha o fez suspirar e exitar por alguns instantes, porém, infelizmente (ou nem tanto assim), o mesmo volta aos movimentos de vai-e-vem que tanto me doem. 
Inocentemente eu apoio minha testa úmida em seu ombro e, como um opressor virando submisso, começo a beijar a lateral de seu pescoço – fingindo-me render ao seu controle. 
Lembro-me das marcas do enforcamento que me servirão futuramente de colar e do ardor agonizante que, ainda, sinto toda vez que ele me penetra de maneira selvagem. Mergulhado no rancor das memórias e no prazer da ação eu o mordo, mas não como um homem e sim como o animal que milênios de evolução não conseguiram apagar.
Meus dentes invadem sua pele bronzeada e se enterram o mais fundo que minha consciência deixa, quero que ele tenha dor e marcas, mas não quero que ele associe minha imagem com um vampiro, ou pior, uma sanguessuga. 
Sou lindo demais pra ser comparado com aquelas minhocas feias e verdes. 
O grito que as paredes ouvem agora são mais roucos e breves que o anterior, seguidos de uma sequência muito maior de palavrões e ameaças de “Vou te deixar aleijado pelos próximos dias.” 
O desenho perfeito dos meus dentes carimbou a curva do ombro ao pescoço, preenchendo-me de um orgulho e prazer doentio. Aquele grito tão indiscutivelmente dolorido acompanhado das mais devassas ofensas foi o motivo da minha estrela, já esgotada pela “delicadeza” de seu pau, colapsar e, então, nascer um vácuo esfomeado para substituir sua posição. 
A combustão luxuriante que sempre preencheu minha alma fora trocada pelo vazio gélido da cobiça, que, não apenas sumiu com o autocontrole, como o engoliu, mastigou e cuspiu, sobrando apenas farelos. 
Aquela dor ardida se foi no momento que Bruno gritou, pois o sadismo que sempre tento esconder e falho jogou a dor no buraco negro recém formado e se deleitou com as marcas, gritos e estocadas. 
O moreno rodeia minha cintura com seus dedos e, instigado pela dor, começa a me foder mais avidamente. 
Seu pau estimulava minha próstata com tanta velocidade que a coitada nem respirava direito, tão incessantemente e desejosamente que não consegui manter nenhuma pose, gemi e arqueei para trás a cada nova pressão exercida. 
Tudo era um estímulo para mim. Sua voz rouca, seu pau, sua mão bronzeada, seu tremelicar de pernas, sua estocada assustadoramente certeira e seus olhos pretos como o vazio. Meu mundo virou ele por vários segundos, meu foco era exclusivo e todo a ele, pois os arredores eram apenas lembranças enevoadas.
Deixo minha testa apoiada em cima da mordida e aproveito o calor da região enquanto observo seu peitoral se contraindo a cada novo gemido que solto. Percebo também, os músculos abdominais ficando mais visíveis com o passar das estocadas, ele estava a beira do limite que separava o conforto prazeroso da explosão cobiçiosa que meu interior sentirá. Porém, meu corpo não estava muito longe. 
Seus rosados mamilos endurecidos foram a última coisa que vislumbrei antes da primeira onda do orgasmo chegar, obrigando-me a revirar os olhos azuis e fechá-los. 
Os vai-e-vem sempre constantes de Bruno degringolaram quando senti seu pré-gozo quente lubrificar minha próstata. 
Toda esta cena, mesmo sendo muito melhor que qualquer outra que já experimentei, não será o suficiente para preencher o vazio que esse desgraçado criou em meu âmago. 
Me sinto a Eva no paraíso após comer a maçã que a serpente ofereceu. Agora troque o paraíso por uma sala escura, maçã por prazer e serpente por…  bom, esse não mudou muito. 
O desespero pelo seu corpo me fez até esquecer do porque aceitei estar aqui, para ajudá-lo, não lidar com a minha luxúria desenfreada.
A estrela esgotada, agora um buraco negro, sugou todo o prazer que senti ao ouvi-lo gritar e ameaçar, comeu toda a atração que sinto pelo seu corpo bronzeado e estupidamente gostoso, chupou todo o desejo que seu olhar de obisidina e seu pau me oferecem e por fim, mas não menos importante, lambeu e gozou junto com toda luxúria que nos rodeia.
Agora, adivinha qual a porcentagem da minha saciedade, após absorver as massivas e poderosas emoções guardadas dentro de mim? 
Não o suficiente.
Nem perto do suficiente. 
Meu deleite final chegou igual uma chuva de meteoros que se jogará no vácuo.
Gozei por todo o seu abdômen, o esperma quente e perolado rastejava pela a definição de cada “gominho” abdominal. O gemido mais enlouquecente que já soltei trouxe uma acompanhante, uma lambida acima da definição dos meus dentes. Acho que meu cérebro desequilibrado pela dopamina só queria sentir o calor dolorido da região. 
Bruno parecia tão mergulhado no desejo quanto eu, se não até mais. Cada objeto deste cômodo deve ter gravado meu nome como uma maldição após tanto escutá-lo na forma de longos gemidos roucos. Pelo menos eu o gravei na memória, mas não por seu o meu nome sendo pronunciado de tal maneira pecaminosa, porém pelo fato de ser ele, o homem que já foi meu colega do primário, que me ajudou quando chorei no primeiro dia de aula e futuramente se tornou meu melhor amigo de infância. Podemos ter nos divergidos bastante na adolescência, mas nunca senti que foi um adeus de fato. 
Como eu, ele gozou da maneira mais primitiva e deliciosa que já vi, escutei e senti na minha vida. Me apertando com seus dedos bronzeados e gritando “Nicolas” como um Deus na terra.  

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Agora é terça-feira de manhã e eu ainda não voltei pra casa, transamos igual dois coelhos até quase 9 horas da segunda, dormimos até o café da tarde e voltamos a transar depois 20 horas. 
Me encontro dolorido e necessitado de roupas limpas, enfim… bom dia. 

Contos gays (+18)Onde histórias criam vida. Descubra agora