Capítulo 6

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Sinto a sua aproximação antes mesmo de vê-lo, o cheiro pútrido de sua respiração impregnando o ar frio e estéril da sala. Ele se inclina sobre mim, os olhos pretos como a noite fixos nos meus com um brilho retorcido e malévolo. Um som gutural, semelhante a um ronco, escapa de sua garganta volumosa, ressoando de maneira ameaçadora no silêncio da sala.

Ele ergue o braço, segurando um objeto pontiagudo entre os dedos longos e ásperos. A luz fria da sala brinca sinistramente no metal, o brilho cegante por um momento. Aterrorizada, sinto uma onda fria de medo atravessar meu corpo. Mas estou aprisionada dentro da minha própria carne, inerte, incapaz de oferecer qualquer resistência.

E, então, sem mais delongas, ele começa.

A ponta do objeto pressiona minha pele, mandando uma onda de dor aguda que se espalha pelo meu corpo. Tento me contorcer, lutar, gritar, mas tudo que posso fazer é olhar. Ele parece se deliciar com o meu medo, a expressão em seu rosto deformado se expandindo em um sorriso grotesco, mostrando uma fileira de dentes ameaçadoramente pontiagudos.

Em um movimento rápido e brutal, ele perfura minha pele. A dor é quase insuportável, uma sensação ardente que se irradia pelo meu corpo a partir do ponto de contato. Desejo fechar os olhos, evitar a visão do instrumento penetrando minha carne, mas estou neutralizada. Ele deve ter me injetado com algum tipo de paralisante, mas infelizmente, eu ainda posso sentir tudo.

Ele manuseia o objeto com calma, girando-o, e cada pequeno movimento rasga um novo grito silencioso de agonia de minha garganta. Ele começa a separar minhas costelas, lágrimas silenciosas descem pelo meu rosto, ele insere suas mãos grotescas na ferida aberta, implantando algo que não consigo identificar. Cada ação parece calculada para causar o máximo de dor possível, um tormento lento e implacável.

A risada grotesca do gigante verde enche o ambiente, um som que ecoa acima do som constante do meu sangue pingando.

O tempo estica e distorce aqui, cada segundo torna-se um minuto, cada minuto uma hora. Eu não tenho noção de quanto tempo passa, mas cada momento é uma eternidade, cada instante marcado por uma dor indescritível.

Finalmente, ele recua, o instrumento manchado de vermelho reluzindo sob a luz fria da sala. Ele joga o objeto na mesa com um som metálico, cada eco me causando um arrepio. Seus passos ecoam enquanto ele se afasta, me deixando sozinha com a dor e o medo.

Tack... tack... tack...

O som do meu sangue pingando no chão de aço propaga no silêncio, uma sinfonia silenciosa de agonia que marca o fim da minha tortura. Mas o alívio é temporário, porque eu sei que ele voltará. O gigante verde sempre volta. E eu estarei aqui, esperando, presa na minha própria mente, incapaz de fazer qualquer coisa além de assistir e sofrer. Porque no final, é tudo que posso fazer.

Tack... tack... tack...


***


Acordo com um sobressalto, o fôlego rasgando meu peito enquanto o pesadelo se desintegra em um emaranhado de terror e agonia. Meu corpo está coberto de um suor frio e pegajoso, meu coração martela contra a gaiola do peito como se estivesse tentando escapar de mim mesma. Parece que cada célula do meu ser está em pânico, tentando se libertar das garras do sonho horrível que ainda se apega à borda da minha consciência.

Por um momento, tudo o que consigo ouvir é a minha própria respiração ofegante, os sons roucos rasgando o silêncio do quarto escuro. Levanto a mão, o movimento vacilante e trêmulo, e toco meu peito. Não sinto dor, não há vestígios de sangue ali, apenas a pulsação constante do meu coração sob a pele. Um coração humano, ligado a Drakramir.

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