Capítulo 17

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— Eis aqui a Mead Hall — anunciou Brianna, caminhando em direção ao edifício com passos firmes e decididos.

Conforme me aproximo, a grande estrutura se revela com uma magnificência que atravessa o véu da noite, desdobrando-se diante de mim como uma visão de encanto puro. Majestosa, a construção se ergue, iluminada por tochas metálicas que brilham intensamente, delineando seu portal de entrada. Esta luz, quase tocável, projeta sombras enigmáticas sobre figuras heróicas e divindades ferais esculpidas nas robustas paredes de madeira escura. As cenas talhadas narram epopeias: onde um imponente Dente-de-Sabre em perseguição a uma criatura blindada com um longo escudo e lança, asas desdobradas ao vento, num embate que parece transcender tempo e espaço. Curiosamente, num entalhe mais detalhado, vejo o Dente de Sabre, triunfante, portando o corpo inerte da criatura, uma prova inequívoca de sua vitória.

Perplexa, me questiono sobre o desfecho da batalha, mas os entalhes não fornecem mais detalhes, apenas a certeza de sua conquista.

Levantei uma sobrancelha intrigada com os entalhes, mas logo decidi seguir o passo apressado de Brianna.

A entrada, uma pesada porta de ferro se abriu sem esforço ao meu toque, revelando um interior surpreendentemente amplo. O salão, vasto, está envolto em uma atmosfera quente, emanada pela lareira central. Esta, construída com pedras cinzentas arranjadas em um círculo perfeito, constitui o coração vibrante do lugar, onde o fogo estala suavemente, lançando faíscas douradas que flutuam no ar.

O ambiente se preenche com o aroma de madeira queimando, uma fragrância que se harmoniza aos cheiros de carnes sendo assadas sobre brasas, sopas fervilhando em caldeirões robustos, frutas arranjadas com cuidado em taças de madeira, e o doce perfume do mel, despertando um desejo quase instintivo. O mel, uma de minhas paixões, uma raridade no espaço, onde predominavam doces sintetizados. Apesar de alguns possuírem sabores agradáveis, nada se comparava à complexidade e pureza do mel. Agora, neste lugar, o aroma doce traz à memória sabores e sensações há muito esquecidos, fazendo-me salivar.

"Foco, Sunny..." murmurei para mim mesma.

Levanto o olhar para as vigas que suportam o teto, adornadas com troféus de caça e armas de uma era passada, um contraste surpreendente que desafia minhas expectativas sobre os habitantes deste lugar, que imaginava preferirem suas formas bestiais às armas de guerra. A visão de lanças de três gumes, espadas, machados, flechas e escudos, entrelaçados com os troféus, intriga minha mente - eles sabiam lutar também em forma humana. Com um leve morder de lábio, questiono-me sobre as habilidades de ver Vargrik manejando um machado...

— Saiam todos! — A voz autoritária de Brianna ecoa pelo salão, interrompendo a cacofonia de meus pensamentos. Sua postura é a pura expressão de determinação enquanto avança, impondo uma ordem que leva todos a se retirarem rapidamente, quase com reverência. Entretanto, dentre eles, uma figura se destacava pela resistência em se mover: um homem de cabelos escuros presos de forma descuidada, possuía uma tatuagem de runas em sua face que lhe conferia um aspecto um tanto quanto perigoso. Seu olhar era repleto de hostilidade e severidade que pouco disfarçava a ameaça de suas garras à mostra.

—Deveríamos exterminá-los agora por suas ações de hoje, Brianna,— disse com uma voz arrastada, cuspindo no chão e limpando a boca com o dorso da mão num gesto de desprezo. —Exibir suas cabeças em nossas muralhas como um aviso seria justo, um recado claro para quem quer que seja audacioso ou estúpido o suficiente para nos enfrentar.

—Está me dizendo o que fazer, Randall? Aqui quem manda sou eu, eu decido, e VOCÊ obedece,— retrucou Brianna. Mas ele se mantém firme, encarando-a desafiadoramente com olhos vermelhos e marejados, até que ela dá um passo à frente, claramente provocando um confronto. — Você está questionando minha liderança?

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