Capítulo 7

69 14 147
                                    


A fera foi lançada para cima pela força da explosão, seu corpo violentamente sacudido por uma áurea cegante antes de ser impiedosamente arremessado de volta ao chão. Ainda não tinha a menor ideia de como essa arma funcionava, mas um suspiro de alívio escapou dos meus lábios ao ver que, contra todas as expectativas, ela havia realizado sua função.

Meus joelhos tremiam, ameaçando dobrar sob o peso do que acabara de acontecer.

Nunca me considerei uma guerreira, sempre preferi a sutileza à violência dos confrontos diretos. No entanto, naquele momento, ali estava eu, ofegante e tremendo, mas ainda de pé após ter derrubado a criatura que me caçara. A situação parecia irreal, como se eu estivesse vivendo uma experiência fora do corpo.

O estrondo ainda ecoava em meus ouvidos, e podia sentir o calor da energia residual emanando da arma em minha mão.

No solo, a figura de Norah se contorce em agonia. Transfigurada em sua forma humana, ela está marcada por uma queimadura horrenda que atravessa seu ombro direito. A ferida, brilhante como prata sob o luar.

Seus olhos verdes cintilam na escuridão, a luz fraca revelando uma fúria e determinação incandescentes, uma ameaça latente que promete vingança.

Com um grunhido de esforço, Norah tenta se erguer, suas mãos cavando na terra molhada para se apoiar. Cada movimento que faz lhe causa uma onda de dor visível. Posso ver seus músculos se retesando sob a pele, mas, apesar de sua determinação, ela não consegue se sustentar e cai de volta ao chão com um grito sufocado.

Uma sensação de frio intenso se infiltra na atmosfera, como se a noite tivesse inspirado, segurando a respiração em antecipação.

E então, eu percebo que não estamos sozinhos. Do escuro, mais dessas criaturas emergem - algumas ainda presas em suas formas bestiais, outras já transformadas em silhuetas humanas. Elas surgem das sombras como espectros, suas formas apenas parcialmente visíveis à luz difusa. E, ainda assim, o brilho inconfundível de seus olhos radiantes corta a escuridão, se fixando em mim com uma intensidade que faz meu coração bater mais forte no peito.

A fera que anteriormente travou uma luta feroz com Norah, agora se transforma diante dos meus olhos, assumindo a forma de um homem completamente despido.

Este homem, antes uma criatura ameaçadora, é uma visão de poder e força. Ele se destaca por sua estatura impressionante, com cabelos loiros arranjados em uma trança complexa que reúne a metade superior em um coque atrás da cabeça. Sua pele é de um bronzeado profundo, e seus olhos carregam uma tonalidade azul-turquesa que parece espelhar o céu noturno. Sua estrutura corporal é robustamente musculosa, uma beleza perturbadora que chega a ser quase hipnotizante em sua intensidade.

Ele se dirige até onde Norah está, ainda contorcida e dobrada pela dor no chão. Ele a encara, uma raiva tangível distorcendo suas feições e os punhos cerrados demonstrando sua fúria contida.

Observando-os mais atentamente, consigo perceber marcas de mordidas em ambos os corpos - sinais do combate colossal que eles acabaram de travar. No corpo dela, contudo, essas marcas parecem mais profundas e brutais, permitindo que o sangue escarlate fluísse livremente pela sua pele pálida.

— Você falhou no desafio, Norah. — A voz dele é profunda e forte, soa fácil na língua Primaeternum, a linguagem ancestral cuja modulação gutural ecoa estranhamente melodiosa. Ele se agacha perto dela, o contorno de seu corpo projetando uma sombra intimidadora sobre a forma encolhida daquela mulher. A proximidade dele parece causar um efeito nela, fazendo-a se retrair um pouco — Você se submete à derrota, ou ela deve finalizar o desafio que você ousou lançar? Deseja mesmo ser engolida pela verdadeira morte?

ENTRE AS ESTRELASOnde histórias criam vida. Descubra agora