CAPITULO 3- Percepção indesejada

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Quando voltei a mim, estava deitada em minha cama .Algo parecia fora do normal, não sabia o que era, mas uma dor forte em minha testa, me fez lembrar de quase tudo. Levanto-me num pulo com tamanha rapidez, nem me reconhecia. Para alguém que acordava sempre com fortes dores e câimbras, aquilo era totalmente novo, sentia-me renovada, uma nova pessoa, me sentia, enfim,  normal. Fui até o banheiro, escovei meus dentes e depois me vesti e sai para a faculdade radiante, por mais que eu tivesse feito um pacto com um demônio, o qual eu não conhecia, aquilo nem sequer me dava medo, na verdade, me dava esperanças.

Fui até o ponto a fim de pagar a condução para a faculdade, o que não demorou a acontecer. Sentia-me diferente, minha visão não era a mesma, via coisas estranhas, pareciam sombras, alguma ofuscadas, outras pretas como o asfalto por onde o ônibus seguia viagem. Elas pareciam não me notar e mesmo assustada e engolindo seco, andei até um assento vazio e me sentei, a viagem seguiu sem problemas. Desembarquei em frente à faculdade, mesmo com aquelas coisas assustadoras consegui chegar inteira, passei pela entrada e ainda via os vultos trevosos por todo canto. Enquanto caminhava para me sentar em um dos bancos do pátio antes de ir para a sala de aula, senti uma presença e alguém me abraçando por trás, por um instante meu coração se acelerou e meu corpo estremeceu, ia gritar, mas reconheci a voz que me perguntou:

— Sentiu saudades?

Era Cedric, um amigo de longa data, com um sorriso nos lábios. Como sempre, seu cabelo castanho escuro estava impecável, cheio de cachinhos fofos e seus óculos redondos realçavam seus olhos azuis oceano. Olhei em seus olhos com um sorriso torto fingindo estar irritada.

— Não... Nenhuma. Respondi com um rosto de paisagem.

— Que cruel... Achei que me adorasse.Disse ele fazendo beicinho.

Fiquei ali o olhando ainda com cara de paisagem antes de falar sorrindo para ele

— Não seja chato vai... Vamos pra aula.

Ele apenas acenou com a cabeça enquanto ia com ela para a aula, ela podia ver as costas largas dele e sua pele parda enquanto ia caminhando um pouco atrás dele, e então ela chegou até a sala de aula e se sentou como sempre fazia e Cedric sentou do seu lado encarando-a de uma forma nada natural. Preciso avisá-los que esse tal amigo dela tem uma beleza incomum, mas mesmo as belezas mais raras se tornam comum depois de anos olhando pra ela. Assim, por algum motivo estranho ela se sentia à vontade com ele, tanto que nunca foi capaz de notar da parte dele nada que fosse suspeito, o que por si só, já é de se suspeitar

— Você tá diferente hoje Lea...Não está sentindo dores? Ele falou com a voz preocupada e ela olhou de volta de forma calma.

— Não...Os remédios finalmente estão fazendo efeito.— Falei sorrindo e tentando ser convincente enquanto prestava atenção na aula.

Ao termino das aulas, sai pelo corredor e fui até o saguão da entrada, quando passei pela porta, tomei um baita susto.

— AHHHHHH! Gritei enquanto via uma pessoa já conhecida, porém, na forma humana. Seus olhos eram cinza escuro e seu cabelo continuava preto, mas sem asas e chifres e todas aquelas coisas bizarras.

— Você tá maluco? Quer me matar do coração? Não sabe ser mais discreto?

Falei num tom irritado e ele abaixou os olhos até mim com um riso debochado.

— Oh é você? Juro que não te vi aí embaixo —ria enquanto se afastava—Tome cuidado da próxima vez... foi difícil te achar — falou num tom mais sério agora.

— O quê? Porque você quer me ver?— perguntei de uma forma curiosa enquanto começava a perceber o que ele queria me dizer, sem notar várias sombras estavam próximas, principalmente de Laca .Coloquei uma das mãos na boca para conter um grito enquanto o via absorver aquelas sombras. Tentei me acalmar.

—Porque está fazendo isso com eles? Questionei com uma voz serena e encarando-o.

— Oras não sabia? Eles são minha segunda fonte de alimento... Por mais que eu odeie comer almas perdidas e sem gosto... Mas e uma boa opção depois que você salva alguém, não acha?— Ele falou direcionando o olhar para o rosto dela.

—Você não vai fazer isso comigo né?—Perguntei com um rosto assustado.

— Seria contraditório matar alguém que salvei, você não acha? Às vezes você me surpreende humana—bocejou.

— Meu nome e Leandra se quer saber— frisei enquanto andava sem olhar para trás.

— Irei me lembrar disso da próxima vez, Leandra— respondeu o demônio desaparecendo e reaparecendo na minha frente, cambaleei — Ainda não acabamos, me escute— a voz dele tinha um tom de urgência.

— O que é agora?— pergunto irritada.

— Senti uma presença estranha aqui, seria bom você tomar cuidado, afinal eu não posso sempre estar aqui pra te salvar— sorria enquanto me dava um peteleco na testa, reclamei da dor.

— Eu sei-me cuidar— caminhava para fora da faculdade enquanto via ele desaparecer novamente, porém, desta vez, ele realmente tinha ido embora. Quando saí, senti um calafrio percorrer meu corpo. Ignorei isso e fui até o ponto de ônibus onde encontrei Cedric em pé, mas o que vi não era nada normal. Se bem que diante do que já havia passado, aquilo não era de se assustar. Cedric desfazia uma sombra com apenas um toque de sua mão. Espantada me escondi atrás de uma arvore próxima dali enquanto pensava ''não creio nisso... logo ele'', quando dei por mim, senti Cedric às minhas costas, imobilizando-me com uma voz fria e olhos sem vida.

— Não era pra você ver isso Lea—fez com que eu perdesse a consciência, tentei lutar, mas ele obviamente era mais forte, minha vista escureceu completamente.

A Descoberta FatalOnde histórias criam vida. Descubra agora