Capitulo 6- Verdades ocultas

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Acordei na minha cama ainda sonolenta, parecia que não tinha dormido quase nada, ainda com a coberta em cima de mim, fiquei encarando o teto pelo que parecem ser horas e mais horas, pensava sem parar em como me sentia pelo Laca, e como eu vinha sendo salva por ele, isso me irritava, queria mostrar que eu era mais do que uma humana, como ele mesmo dizia.

Por mais que estivesse com esse pensamento por incríveis três dias, isso não me impedia de ir a faculdade e de fazer minhas tarefas, pelo lado bom, era sábado e eu tinha o dia livre. Aproveitei para tentar aperfeiçoar minhas habilidades, que obviamente precisavam de grandes melhorias, não queria mais ser salva pelo Laca, por mais que isso fosse sexy.

Levantei-me da cama com humor e energia renovada, fiz novamente toda minha rotina matinal e fui para minha mesa de estudos, que permanecia arrumada, porém não tão sombria quanto antes. Abri o mesmo livro de antes, porém continuei lendo página por página de onde havia parado, que não era nada mais nada menos, na qual eu invocara Laca. Talvez, pelo meu desespero no momento, eu não tenha lido tudo ou deixei algo passar despercebido, e bem, após longas duas horas de leitura, eu tinha razão, finalmente cheguei numa página da qual não havia notado nada anteriormente, página está que continha informações tão úteis quanto um livro de receitas. Eu não tenho a expertise em seres sobrenaturais, por mais que eu quisesse, quando pensei nisso, soltei uma risadinha, mas bem, era verdade, eu não era especialista. Consegui entender as informações que ali continham e, no segundo parágrafo da tal pagina, uma breve citação me chamou a atenção: ''Quem fizer um pacto com um demônio, seja ele inferior ou superior, terá somente dois anos de vida, e também nesse meio tempo, poderá conseguir habilidades similares ou até mesmo iguais aos de seus demônios''.

Naquele momento eu fiquei perplexa, apenas dois anos de vida? Eu deveria ficar magoada, mas a única coisa que senti foi raiva, procurei no livro como chamar o demônio, ou melhor avisá-lo de que eu queria contatá-lo. Achei a forma e era bem simples, bastava falar o nome dele três vezes em minha mente, e assim o fiz.

Eu falei três vezes o nome dele ''Laca'' ''Laca'' ''Laca'', e então o vi aparecer em minha frente bocejando e com aquela cara estoica de sempre, porém sem joguinhos desta vez.

— Eu estava lendo o livro de invocações que usei para lhe invocar, Laca, e vejo que você não me contou muitos detalhes — Minha voz era calma, ainda assim, até mesmo Laca sentiu minha raiva interior emergir

— E eu precisava? Achei que tinha lido tudo? — Disse ainda com um rosto estoico

 — Pode me culpar se quiser, mas eu não sou obrigado a explicar tim-tim por tim-tim — Ele me encarou com um rosto um pouco mais sério e se aproximo do meu rosto, eu podia sentir a respiração dele de tão próximo que estava.

—Mas então, o que quer saber? Devo te contar como corto minhas unhas e corto o cabelo? — sorriu com deboche esperando pacientemente que eu respondesse.

— Não me interessa o que você faz no seu dia a dia, Laca, e sim como vou estar daqui dois anos... — O quarto ficou com um silencio ensurdecedor e Laca logo se afastou dela a respondendo.

— Achei que sua pergunta seria mais feliz... Então você descobriu? — Falou num tom ainda sério me olhando diretamente nos olhos.

— O que você achou que seria, Laca? Sentiu-se bem me enganando? Estamos nessa há dois meses e meio bem dizer, e você nunca me explica nada, eu sempre fico no escuro, não sou um ioiô que você pode carregar dum lado para o outro — Nesse momento minha raiva havia sumido, e o sentimento de traição e tristeza vieram a tona, comecei a chorar sem me controlar, porém para minha surpresa, Laca acariciou meu rosto com um rosto igualmente triste.

— Eu sinto muito... Admito que sou culpado nesse aspecto, mas me escute com atenção, não deveria acreditar em tudo que você lê em livros, ainda mais um livro velho e.... — O interrompi antes que continuasse, com a voz manhosa e fungando disse:

— Vai continuar se desviando do assunto em questão, Laca? — Eu queria gritar, mas somente, conseguia o encarar com um rosto de choro.

—Não... Não vou... Você vai sim, morrer daqui a dois anos, mas isso só vai acontecer se você não escolher em qual mundo quer viver — Laca deu uma pausa olhando para mim.

— O que quer dizer com isso? — perguntei olhando fixamente, sem mais forças para discutir em vão, apenas queria deixa-lo explicar da forma que ele achasse melhor

— O que quero dizer é, você tem até dois anos para escolher se quer ser uma humana normal ou um demônio, assim como eu, caso escolha ser humana, você viverá normalmente, e quando morrer sua alma ficará comigo... caso escolha ser como eu, bem, terá de trabalhar para mim recolhendo almas de mortais... e ainda há a terceira opção, não escolher e aí sim, sumir de ambos os planos. Não é bem morrer, porque quando alguém morre, sua alma reside ainda, você simplesmente seria apagada de ambos os mundos — E gesticulou olhando-me e vendo minha reação a cada explicação. Eu estava completamente surpresa com a fala dele e o encarava com a boca aberta.

— Eu entendi... desculpe por, bem... você sabe, ser rude com você - Disse Ainda tentando absorver as informações, me surpreendi com Laca tocando novamente meu rosto, porém, desta vez, ele se ajoelhou para ficar na mesma altura que eu e alisava meu rosto com carinho.

—Não precisa se desculpar— Falou sorrindo para mim 

— você teve direito a esse questionamento, e até mesmo ao modo como me tratou— Proferiu as palavras com calma me olhava com um olhar apaixonado, talvez ele tivesse perdido o medo de demonstrar como se sentia, mas sendo isso ou não, ele queria naquele momento, dar-lhe tudo que tinha, inclusive, seu afeto.

— Você é sempre um mistério, Laca — disse sorrindo, e sem perceber, já o beijava, era um beijo rápido, porém significativo, mas quando me dei por conta do que havia feito, me afastei dele rapidamente e com o rosto corado.

—E-Eu sinto muito...eu não queria... — parei de falar quando vi o rosto dele ficar tão rosado quanto o meu. A vontade de beijá-lo novamente era grande, mas desta vez, Laca foi quem tomou-me de assalto e não era rápido nem gentil, era intenso e demorado. Não reclamei e retribuiu o beijo. Alguns minutos depois ambos nos afastamos, buscando por ar.

— Ah... um... eu queria também melhorar minhas habilidades... — Disse ainda ofegante, na simples tentativa de mudar o contexto e consequentemente o assunto que nos envolvia. Eu não queria ter que comentar porque o beijei.

— Sobre isso... — Ele falou se recuperando mais rápido que eu 

— Podemos começar amanhã, não? — Ele sorriu e me agarrou pela cintura, pouco se importando com a minha reação que, surpreendentemente, foi a de me entregar ao momento sem me importar com mais nada.

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